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"A ciência sozinha não basta para compreender o valor da dignidade humana", afirma Bento XVI

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Bento XVI e membros da Pontifícia Academia para a Vida

Cidade do Vaticano (Segunda, 15-02-2010, Gaudium Press) O Papa Bento XVI recebeu em audiência, na manhã do último sábado (13), os membros da Pontifícia Academia para a Vida reunidos em sua 16ª Assembleia Geral. No encontro, o Santo Padre abordou as relações entre a bioética e a lei moral natural.

Para Bento XVI, a ciência sozinha não é suficiente para “compreender” o valor da dignidade humana e nem para “garantir” o respeito pela sacralidade da vida. Isso somente é possível quando é “reconhecido que nela brilha o fundamento da lei natural inscrita não pelo homem, mas por Deus”.

Também a bioética, assinala Bento XVI, como qualquer outra disciplina, precisa de um “direcionamento capaz de garantir uma leitura coerente das questões éticas que, inevitavelmente, surgem diante dos eventuais conflitos de interpretação”.

“Neste espaço é que se abre o chamado à lei moral natural. O reconhecimento da dignidade humana, de fato, enquanto direito inalienável, encontra seu primeiro fundamento naquela lei que não é escrita por mãos humanas, mas escrita por Deus Criador no coração humano a que todo sistema jurídico é chamado a reconhecer como inviolável e a que toda a pessoa humana é obrigada a respeitar e promover”, ressaltou Bento XVI.

Sem esse princípio fundador da dignidade humana, continua o pontífice, seria difícil encontrar uma fonte para os direitos da pessoa e, dessa forma, seria impossível alcançar um juízo ético diante das conquistas da ciência que intervêm diretamente na vida humana.

Segundo o Santo Padre, quando se invoca o respeito pela dignidade da pessoa, é essencial que ele seja “pleno, total e irrestrito” com base no reconhecimento de que sempre se está diante de uma vida humana.

“É claro, a vida humana conhece um desenvolvimento próprio e o horizonte de investigações da ciência e da bioética está aberto, mas devemos reiterar que, quando se trata de questões relativas ao ser humano, os cientistas não podem mais pensar ter em suas mãos apenas uma matéria inanimada e manipulável”, afirmou o pontífice.

Bento XVI assinala que, desde o primeiro momento, a vida do homem é caracterizada por ser vida humana e, por isso, sempre traz consigo, em toda parte e apesar de tudo, sua dignidade própria. “Ao contrário, estamos sempre na presença do perigo de um uso instrumental da ciência, com a consequência inevitável de cair facilmente na arbitrariedade, na discriminação e no interesse econômico do mais forte”, afirmou.

Ainda no seu discurso aos participantes da Pontifícia Academia para a Vida, Bento XVI afirmou que “conjugar a bioética e a lei moral natural” nos permite verificar melhor o necessário e inevitável chamamento à dignidade que a vida humana possui, desde a concepção até o seu fim natural. No entanto, no contexto moderno, se percebe que nem sempre tais direitos “são reconhecidos” para a vida humana em seu desenvolvimento natural.

“Tal contradição torna claro o compromisso em assumir, nas diferentes esferas da sociedade e da cultura, a defesa de que a vida humana seja sempre reconhecida como direito inalienável e nunca como objeto sujeito à arbitrariedade do mais forte”, assinala o Papa.

Ao final de seu discurso, o Papa Bento XVI afirmou que a lei moral natural permite evitar tal perigo e, sobretudo, oferece ao “legislador a garantia para um autêntico respeito, seja da pessoa, seja de toda a ordem de coisas criadas” e que a lei moral natural pertence ao “grande patrimônio da sabedoria humana, que a Revelação, com sua luz, ajudou a purificar e desenvolver ulteriormente”.

Nomeações

Ainda no sábado, Bento XVI designou novos arcebispos para Fiesole (Florença, na Itália) e Praga, na República Tcheca e nomeou o novo Núncio Apostólico em Madagascar.

Dom Mario Meini vai substituir Dom Luciano Giovannetti no Arcebispado de Fiesole e Dom Dominik Duka foi nomeado para o posto que era ocupado por Dom Miloslav Vlk. Ambos renunciaram por limite de idade.

Já Dom Eugene Martin Nugent, que era conselheiro da Nunciatura, é agora o novo Núncio Apostólico em Madagascar e Delegado Apostólico nas Ilhas Comores.

 

 

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