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Artigo: Os verdes prados ingleses não se fizeram “sozinhos”

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Suaves, macios, intensamente verdes, os prados das ilhas da Grã Bretanha descansam a vista”/Foto: John Picken

São Paulo (Terça-feira, 13-03-2010, Gaudium Press) Nosso colaborador Antonio Borda entrega uma reflexão sobre a cultura de cuidados em torno das verdes gramas e prados britânicos, “grande esmeralda vegetal”.

 

Os verdes prados ingleses não se fizeram sozinhos, naturalmente. Era grama que lutava para sair ao sol, sob a frondosa folhagem dos bosques que os romanos admiraram, quando iniciaram a conquista dessa ilha fria, tão distante do centro do mundo de então.

Mas os romanos não precisavam ser experientes conhecedores de grama e compreender que havia ali beleza em estado bruto, para ser polida e impressionar o mundo com uma grande esmeralda vegetal. No entanto, passaram guerras e outras disputas, e os prados foram atropelados pelos cascos de cavalos de combate, tingidos com sangue guerreiro, mas também primorosamente sistematizados pelas mãos inglesas de séculos posteriores já cristianizadas e à procura do prado arquetípico do paraíso, que se perdeu na terra por causa do pecado.

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Grama britânica tem personalidade tão própria que desde a Idade Média se fez expressão política constitucional/ Foto: Catherine Joli

À grama britânica – manto verde que Deus pôs para que o homem daquela ilha se recriasse a vontade com críquete, golfe e pólo – faltava apenas esse toque civilizador que somente um povo redimido poderia lhe dar para deixá-la convertida em tapete de um verde com personalidade própria. Tão própria, que desde a Idade Média se fez expressão política institucional na sede da Câmara dos Comuns, a qual se conserva no couro verde dos largos bancos do salão de deliberações, a lembrança da primeira reunião de gente do comum em campo aberto, em um verde prado por falta de recinto para deliberar e exigir direitos frente ao rei e frente aos lordes.

Não consta nos anais da história das civilizações que, descendentes de terríveis bárbaros, como se diz que foram os ingleses, não somente construíram belas catedrais e castelos, como também erigiram ao redor um tapete vegetal com a verdade que a Divina Providência lhes incluiu na repartição de paisagens que a eles lhes corresponderam. E foram eles que ensinaram ao mundo a tecer prados, inclusive os de futebol.

Suaves, macios, intensamente verdes, os prados das ilhas da Grã Bretanha descansam a vista, tranquilizam a mente, ajudam a atenção, inspiram a arte e facilitam a prática de muitos esportes, simplesmente porque um povo tomado da graça se dedicou a mimá-los por amo ao belo…. e ao funcional, visto que são tapetes que não se deterioram em refeições ao ar livre e um manto felpudo adequadamente podado é o que precisamente torna mais agradável o tradicional piquenique.

Antonio Borda

 

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