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Artigo: Finados, rezar pelos que se foram, para que contemplem a eternidade

São Paulo (Terça-feira, 02-11-2010, Gaudium Press)

 

Para nós crianças era um dia de alegria. A casa ficava cheia de parentes, que vinham visitar o cemitério vizinho a nós. Moravam longe e nossa residência era o ponto de encontro dessas peregrinações. Logo cedo íamos decorar os túmulos de nossos antepassados e levar flores e velas. O perfume do lírio, flor tão abundante no mês de novembro em nossa região, não nos fala de morte, mas sim de vida…

A morte: enigma, mistério, despedida, separação, dor, tristeza. Qual o seu significado o seu alcance? O próprio filho de Deus, Jesus Cristo, quis se submeter a esse pesado jugo. Fez-se obediente e obediente até a morte e morte de cruz: “Christus factus est pro nobis oboediens usque ad amortem, mortem autem crucis”. 1

Ela entrou no mundo por meio da culpa original, encontramos em São Paulo: Por um homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte.2 Mas Jesus Cristo ressurreto e glorioso a venceu. Afirma o Apostolo das Gentes, aos Coríntios3: A morte foi tragada pela vitória.4 Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?5

A morte de Cristo trouxe-nos a vida. Tem um sentido universal, pois Seu amor abrange todos os homens e mulheres do mundo. A verdadeira morte, como alude São Paulo é o pecado.

A Santa Igreja como mãe solicita quer ajudar aqueles que morreram no amor de Cristo, na graça de Deus, mas que precisam de um tempo para expiar suas culpas no que se refere à “pena temporal”. Instituiu assim à devoção às Santas almas do Purgatório comemorada no dia 2 de novembro de cada ano. Essa prática aparece pela primeira vez na história com o bispo de Sevilha, Santo Isidoro – Cartagena, 560 – Sevilha, 636 -, que mandou a seus monges oferecerem o sacrifício da Santa Missa pelos falecidos.

Também o abade de Cluny Santo Odilon (994-1048) estabeleceu que todos os mosteiros sob sua jurisdição festejassem essa comemoração. Assim as casas beneditinas passaram a celebrar no segundo dia do mês de novembro, a solenidade das almas. Em 1311, Roma incluiu, definitivamente, a data no calendário litúrgico da Igreja: a festa de “Todos os Finados”.

O século XX iniciou-se com a Grande Guerra. Milhares de pessoas morreram nos campos de combates. A sombra da morte pairava sobre toda a humanidade. O papa Bento XV oficiou o decreto para que os sacerdotes do mundo todo rezassem três missas no dia 2 de novembro, por Todos os Fiéis Defuntos.

O Purgatório é um lugar onde estão as almas que morreram em estado de graça, quer dizer, sem pecado mortal. Mas que precisam ser purificadas no que diz respeito “a penal temporal” sendo dessa maneira impedidas de entra no céu. Pois encontramos no Apocalipse: “nada de impuro pode entrar”.6

É São Paulo que nos ensina: Aquele, cuja obra (de ouro, prata, pedras preciosas) sobre o alicerce resistir, esse receberá a sua paga, aquele, pelo contrário, cuja obra, (de madeira, feno, ou palha), for queimada, esse há de sofrer prejuízo; ele próprio, porém, poderá salvar-se, mas como que através do fogo”.7

Portanto rezemos, especialmente, por todos nossos queridos falecidos, para que saiam desse lugar de expiação e contemplem a Deus por toda a eternidade.

1 Por nós, Cristo se fez obediente até
a morte. E morte de cruz

2 Rm 5,12

3 I Coríntios 15,55

4 Is 25,8

5 Os 13,14

6 (Ap. 21, 27).

7 I
Cor 3, 12-15

 

 

Lucas Miguel Lihue

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