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Artigo: A fé se não se traduz em obras, por si só está morta

Ao analisarmos a história do cristianismo, constatamos que, durante séculos, os cristãos sofreram perseguições atrozes por parte de imperadores, foram levados a tribunais aonde, com ufania, proclamavam a crença em um único Deus verdadeiro e, em Jesus Cristo, Homem-Deus, Redentor do gênero humano, sendo por isso torturados e condenados à morte.

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No início da Igreja muitos cristãos morreram vítimas
das crueldades dos imperadores romanos


O objetivo dessa ousadia era espalhar a semente do Evangelho por todo o mundo, fazendo de bárbaros homens de Fé, exemplos de santidade. Agora, essa enorme e difícil tarefa, humanamente impossível, se realizou através do oferecimento da vida de um grande número de mártires. “por mais que seja refinada -escrevia Tertuliano-, vossa crueldade não serve de nada: ainda mais, para nossa comunidade constitui um convite. Depois de cada um de vossos golpes de machado, nós nos tornamos mais numerosos: e os sangue dos cristãos é uma semente eficaz!”, “semen est sanguis christianorum” (Apologético 50, 13).

Entre as histórias destes heróis, as que causam mais admiração são as dos Santos Apóstolos.

Sabemos que entre os que Nosso Senhor havia escolhido para ser seus discípulos, Pedro se destacava por possuir uma alma muito manifestativa e impetuosa. E estas características peculiares suas o levarão, muitas vezes, a afirmar verdades que nenhum outro Apóstolo jamais se atreveria a dizer. Entretanto, cheio de fé, fervoroso e até imprudente, São Pedro passava facilmente do maior fervor ao temor mais declarado. Ao início da Paixão de seu Divino Mestre, por exemplo, ele o negou três vezes.

“Domine, quo vadis?”

Com tudo, após a Ressurreição, antes inclusive de subir aos céus, estando Jesus com seus discípulos às margens do mar de Tiberíades, perguntou a Pedro se este o amava. Quer dizer, Ele queria provar se Pedro era capaz de padecer tormentos, inclusive entregar sua vida, se fosse preciso, em função desse amor que ele acabava de declarar. E o Divino Mestre concluiu dizendo: “Em verdade te digo: quando eras jovem, amarravas teu cinto e andava por onde queria; sem embargo, quando já fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queiras ir” (Jo 21, 18). E São João comenta em seu Evangelho que estas palavras significavam a morte com que Pedro iria dar glória a Deus (Cf. Jo. 21, 19).

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São Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, pois
não se achava digno de morrrer da mesma
forma que seu Mestre

E assim se fez. Durante a perseguição do imperador Nero, Pedro foi preso e levado ao Cárcere Mamertino, em Roma. Um ano depois, o Príncipe dos Apóstolos, condenado à morte, foi conduzido a colina Vaticana e, segundo seu pedido, foi crucificado de cabeça para baixo, pois não se achava digno de morrer da mesma forma que seu amado Mestre.

Conta uma lenda que antes de ser crucificado, Pedro, não medindo as consequências de seus atos, fugiu. A certa altura do caminho, se deparou com Nosso Senhor que vinha em direção contrária. Expressivo e arrojado como era, Pedro perguntou: “Domine, quo vadis?” (Senhor aonde vais?); o Divino Mestre respondeu que estava voltando para ser crucificado no lugar dele. Estas palavras soaram de tal maneira na alma de Pedro que, uma vez mais arrependido e envergonhado, voltou e foi martirizado.

“A fé, se não se traduz em obras, por si só está morta”, afirma São Tiago (Tg 2, 17). Entretanto, a caridade também não se resume em meras palavras. O amor a Deus para ser perfeito, tem que traduzir-se em obras, acima de tudo, em uma inteira disposição de alma para enfrentar qualquer situação, padecer qualquer tormento e se for preciso entregar a própria vida.

Por Caroline Fugiyama Nunes.

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