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Artigo: As delícias do Divino Médico

Se é verdade que a Eucarístia é a presença real do Senhor e, por isso, a mais excelente e acabada forma de

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Padre Rafael Ibarguren E.P.

presença, não é menos certo que Cristo se faz também presente, porém de outras maneiras, em outros lugares: na Sagrada Escritura, na ordem harmoniosa do universo, no meio de dois ou três que se reúnem em seu nome, no rosto dos pobres, etc. A presença de Deus é praticamente abrangente, Ele o abraça e o compreende por completo.

Somente os ateus, amigos da ciência e da crítica, negam a existência e a presença de Deus. Ateus, não precisamente por uma carência de fé, mas de…. inteligência; modestamente, estão substituindo a Deus. Os crentes, em mudança, cantam convencidos: “Como não crer em Deus se o sinto no meu peito a cada instante, no sorriso de uma criança, numa rua, na tenra carícia de uma mãe! Como não crer em Deus?”

Deus existe e temos que ir ao seu encontro. Para isso, por exemplo, é bom tirarmos um tempo para ler a Bíblia. Na Palavra de Deus encontramos coisas maravilhosas. E não é para menos: a letra é escrita pelas mãos de homens, mas foram inspiradas pelo Espírito Santo.

Há nas Escrituras referências explícias à Eucarístia: no Antigo Testamento aparecem como prefigura; no Novo Testamento, ao tratar da instituição e da celebração. Há também outras menções, imagens e sinais que se podem aplicar a Eucarístia o que, à luz desta, tomam sentido.

Um exemplo: Consideremos esta frase do Livro dos Provérbios que a Igreja coloca nos lábios de Nosso Senhor: “Minhas delícias consistem em estar com os filhos dos homens” (Pr 8,31). Três versículos adiante, no mesmo Livro dos Provérbios, afirma: “Ditoso o homem que me escuta velando minhas portas dia após dia”.

Como não ver nestes trechos uma alusão ao amor de Cristo que quis ficar conosco e nos espera sempre nos sacrários e na Santa Missa para dar-se em alimento? E, ao mesmo tempo, como não aplicar aos fiéis adoradores aquilo de que ditosamente estão “velando minhas portas dia após dia”?

As tais “delícias” Jesus as encontra não somente entrando no peito do fiel que está comungando. Também tocando o coração de um pecador que, embora não o receba sacramentalmente, faz reverência dizendo como o centurião romano: “não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei apenas uma palavra….” (Mt 8,8).

Jesus é tão misericordioso que se estremece de alegria quando um pecador entra na Igreja e chega aos seus pés. Embora estivesse impossibilitado de comungar, o Senhor recebe satisfeito a sua visita, evidentemente não por condescendencia pelo pecado, mas porque quer atrair o pecador e levá-lo ao arrependimento para ganhar a sua amizade. Jesus permanece nas sagradas espécies prisioneiro, atado, abandonado e na solidão, a espera de uma visita de um pecador. Isso faz suas delícias!

Que uma pobre pessoa, às vezes, se aproxime da Eucaristia e alegre ao Senhor, parece um contasenso, mas é maravilhosamente verdadeiro. Sim, vejamos o que aconteceu na Última Ceia, no próprio momento da instituição do Sacramento do amor, depois de ansiar ardentemente a celebração desta Páscoa: se dá a alguns homens um estado de amor e calor que poucas horas depois, o abandonariam…

Santo Ignácio de Antioquia chamava a Eucaristia de “remédio da imortalidade”. A Eucaristia é um remédio que cura e que dá a vida eterna. Vejamos: Jesus para os saudáveis e para os doentes? Pelos justos e pelos pecadores? Ele nos respondeu de forma explícita no Evangelho, não somente com palavras, mas com fatos!

Então, vamos comungar enquanto não estamos preparados? Claro que não. Com Deus há um itinerário a fazer, parecido com o que se faz com qualquer pessoa. Tem de conhece-lo, agrada-lo, entrar em relação para chegar a amizade e a unidade.

Ele sempre me espera tanto no banquete pascal, como no tribunal do perdão. Comecemos sabendo que a adoração eucarística é a melhor preparação tanto para o tribunal quanto para o banquete. Porque adorar é buscar sua companhia e fazer suas delícias. Os demais, são consequências.

Padre Rafael Ibarguren E.P.
São José, Costa Rica, 1º de fevereiro de 2012.

 

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