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A dimensão decisiva da vida consagrada é a fé, afirma Dom João de Aviz

Cidade do Vaticano (Quinta-feira, 02-02-2012, Gaudium Press) O Arcebispo brasileiro Dom João Braz de Aviz, que há um ano é Prefeito da Congregação para os Bispos e que no próximo dia 18 de fevereiro será criado cardeal, concedeu entrevista ao Jornal “L’Osservatore Romano”, por ocasião do Dia Mundial da Vida Consagrada.

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Segundo Dom Aviz, um dos problemas mais sérios que
a vida consagrada enfrenta hoje é a falta das vocações

O Prefeito Arcebispo definiu a Vida Consagrada como sendo uma das três estradas da vocação cristã. Ela é de “grande importância na igreja”, nela se encontra “uma resposta muito especial ao chamado do Senhor”, enquanto “anuncia valores que já estão presentes, mas que também são futuros, como o celibato e a virgindade”.

Um dos problemas mais sérios que a vida consagrada enfrenta hoje é a falta das vocações, salienta o prefeito. É de fato “um fenômeno tipicamente da Europa”, que começa a surgir também nos Estados Unidos, no Canadá e na Austrália e um pouco na América Latina. Na Índia, na Coréia e em outros países do Oriente, nota-se um aumento do número de vocacionados.

“Parece-me – é um constatação pessoal – que uma das questões basilares é que as relações interpessoais estão doentes”, afirma Dom João de Aviz.

O futuro cardeal vê, portanto, como um dos motivos deste fenômeno, a falta de relações interpessoais.

“Não sabemos nos relacionar – observa ele- nem como autoridade e obediência, nem como fraternidade. Tudo isto provoca um mal muito grande, porque esta solidão que no mundo é individualismo, na comunidade pode tornar-se angústia e não resolve o problema interior. Não é por acaso que muitos consagrados e consagradas saem dos institutos. Não é porque não sintam a vocação, mas porque não se sentem mais felizes na comunidade. É um fenômeno que chama a atenção, porque em um certo sentido é um pouco novo, sendo relacionado à globalização e à busca da felicidade humana”.

Na entrevista ao “OR”, Mons. Braz de Aviz observa também outros aspectos fundamentais que provocam a diminuição das vocações para a vida religiosa: a questão do dinheiro, falta do sentido profundo da Providência de Deus.

“Entramos um pouco – continua o arcebispo – em uma ótica consumista”. Vejo separações por causa dos bens materiais e isto indica que o espírito não é correto.

Um dos pontos mais importantes é a formação “conduzida sobre o modelo dos discípulos e das discípulas de Jesus” e não somente “disciplinar e intelectual”.

“Falta ainda nos formadores – continua o Prefeito – a capacidade de ser corpo”, de entender um outro elemento fundamental que é a “dimensão decisiva” da vida consagrada que é a fé.

A presença dos religiosos e das religiosas no mundo é dar Cristo aos outros.

“Estabeleço uma relação com Deus nos outros – explica o arcebispo – e isto é muito diferente: dá o sigilo àquilo que o homem e a mulher de fé podem doar aos outros”.
Ao falar sobre o envelhecimento de algumas Congregações e a necessidade de respeito pelos idosos que nelas estão, o Prefeito salienta que “algumas congregações vêem os idosos com muita dificuldade, como um peso, e os separam em uma outra estrutura onde eles esperam a morte”. Portanto, “o idoso não é visto como uma fonte de sabedoria e morre de solidão, porque vê diante de si a morte e Deus, mas não vê a comunidade. Este é um fenômeno muito ruim. Como é bonito ver pessoas idosas que vivem na comunidade”.

Dom João de Aviz finalizou suas palavras pedindo para que se respeite também as Congregações que estão em crise e para que se tenha mais “confiança na ação de Deus” no renascimento delas. (JSG)

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