Mensagem de Bento XVI pela Quaresma de 2012
Cidade do Vaticano (Sexta-feira, 17-02-2012, Gaudium Press) A Quaresma é um período de reflexão e conversão, é com base neste pensamento que Bento XVI deixou sua mensagem para esse período litúrgico de 2012.
Santo Padre Bento XVI durante cerimônia no Vaticano |
Correção fraterna
“Fixemos-nos uns nos outros para estímulo da caridade e das boas obras”, com este título o Santo Padre iniciou sua mensagem, na qual convidou aos católicos a recuperar a correção fraterna, pois “diante do mal não devemos nos calar”.
Segundo o pontífice, a correção fraterna com vistas a salvação eterna, caiu no esquecimento dos fiéis. “Somos geralmente muito sensíveis ao aspecto do cuidado e da caridade em relação ao bem físico e material dos demais, mas nos calamos quase por completo quanto à responsabilidade espiritual para com os irmãos”.
“Cristo mesmo nos manda repreender ao irmão que está cometendo um pecado”, ressaltou o Santo Padre, que continua: “Diante do mal não podemos nos calar. Penso aqui na atitude daqueles cristãos que, por respeito humano ou por simples comodidade, se adequam a mentalidade comum, no lugar de por em guarda a seus irmãos acerca dos modos de pensar e de atuar que contradizem a verdade e não seguem o caminho do bem”.
“Sem embargo, o que anima a repreensão cristã nunca é um espírito de condenação ou recriminação; o que a move é sempre o amor e a misericórdia, e brota da verdadeira solicitude pelo bem do irmão”.
O pontífice ressaltou que “em nosso mundo impregnado de individualismo, é necessário que se redescubra a importância da correção fraterna, para caminhar juntos até a santidade”.
Papa durante cerimônia de Quarta-feira de Cinzas |
Espera da alegria pascal
Para Bento XVI, a Quaresma é um tempo para refletir sobre a caridade, “é um tempo propício para que, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, renovemos nosso caminho de fé, tanto pessoal como comunitário. Se trata de um itinerário marcado pela oração e a ação, pelo silêncio e o jejum, à espera de viver a alegria pascal”.
“Diante de um mundo que exige dos cristãos um testemunho renovado de amor e fidelidade ao Senhor, todos sentem a urgência de colocar-se a agir na caridade, no serviço e nas boas obras. Esta chamada é especialmente intensa no tempo santo de preparação à Páscoa”, sublinhou.
Guardiões dos irmãos
Em meio a um mundo egoísta, é necessário “fixar o olhar no outro, antes de tudo em Jesus, e estarmos atentos uns aos outros, não nos mostrarmos indiferentes a sorte dos irmãos”.
“Também hoje ressoa com força a voz do Senhor (…) pedindo que sejamos ‘guardiões’ de nossos irmãos”.
O Santo Padre recordou que o grande mandamento do amor ao próximo exige que tomemos consciência de que “temos uma responsabilidade sobre quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o fato de ser irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé, deve levar-nos a ver no outro a um verdadeiro alter ego, a quem o Senhor ama infinitamente”.
“Diante do mal não devemos nos calar”, afirmou Bento XVI em sua mensagem de Quaresma de 2012 |
Humildade, misericordia, santidade
Bento XVI afirmou ainda que as pessoas devem superar os interesses e preocupações, para poder olhar ao outro: “nunca devemos ser incapazes de ‘ter misericórdia’ para com quem sofre; nossos problemas nunca devem absorver nosso coração até o ponto de nos fazermos surdos ao grito do pobre”. O papa apresenta em troca “a humildade de coração e a experiência pessoal do sofrimento” podendo ser a fonte “de um despertar interior à compaixão e à empatia”.
Ser guardião dos demais “contrasta com uma mentalidade que, ao reduzir a vida só a dimensão terrena, não a considera em perspectiva escatológica e aceita qualquer decisão moral em nome da liberdade individual”.
“Uma sociedade como a atual pode chegar a ser surda, tanto diante dos sofrimentos físicos, como diante das exigências espirituais e morais da vida. Nas comunidades cristãs não deve ser assim”.
O Pontífice se referiu também ao chamado pessoal à santidade que tem todo cristão, através da vivência do amor unido às boas obras para que a Igreja cresça e se desenvolva “para chegar a plenitude de Cristo”.
Advertindo sobre o perigo da tibieza, que seve ser superada Bento XVI conclui sua mensagem. (EPC)
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