Gaudium news > “Hoje é necessário o testemunho comunitário da espiritualidade de comunhão” para o anuncio de Cristo, observa Cardeal Aviz

“Hoje é necessário o testemunho comunitário da espiritualidade de comunhão” para o anuncio de Cristo, observa Cardeal Aviz

Cidade do Vaticano (Sexta-feira, 27-04-2012, Gaudium Press) O prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Cardeal João Braz de Aviz, fez uma viagem a Malta, por ocasião do vigésimo aniversário da Conferência dos Superiores e das Superioras religiosas locais. Na ocasião da celebração da data comemorativa, o purpurado discursou aos presentes e afirmou a necessidade do testemunho da própria vida.

“Hoje não bastam mais um código moral, a herança espiritual recebida ou uma ideologia para tornar possível o anúncio de Cristo. É necessário o testemunho comunitário da espiritualidade de comunhão que João Paulo II indicou como a força da Igreja no Novo Milênio”, disse o cardeal que há um ano e meio tem a responsabilidade de guiar a vida consagrada no mundo por parte do Vaticano.

cardeal_Aviz_Roma.jpg
Cardeal Aviz reforçou a necessidade do testemunho da própria vida

O purpurado pôs-se então a citar a oração do Papa Paulo VI na abertura do Sínodo dos Bispos sobre a “Evangelização no mundo contemporâneo” de 1974. “Ó Senhor, nós teremos que remontar até o mistério da Santíssima Trindade para buscar a origem primeira do mandato que nos é urgente, e para descobrir, nas investigáveis profundidades da vida divina, o desígnio de amor, que investe, qualifica e sustenta a mossa missão apostólica”, recordou.

Refletindo sobre a sentença do falecido pontífice, Dom Braz de Aviz ressaltou que “a cultura globalizada em ato tende a eliminar ou recusar os valores universais que, através da história humana, foram cada vez mais reconhecidos por todos, em modo especial a relação com Deus, para afirmar o individualismo, o relativismo e o secularismo. Assim, sem Deus, todos tornam-se a regra de si mesmo e do bem, e reconhecem como valor somente aquilo que dá prazer, que dá felicidade, mesmo que em maneira efêmera, vivido por um momento. Cada vez mais aquilo que para a religião é valor, para o homem e para a mulher da globalização mercantilista não o é”.

Consequentemente “no momento histórico no qual a técnica forneceu as maiores possibilidades de relações a eliminação dos valores, para afirmar o indivíduo absoluto, coloca em crise a capacidade humana de relações em todas as direções”e “sob influência desta mentalidade individualista e relativista que suprime a vida de comunhão, típica do Evangelho, não se entende mais no mundo eclesial dos consagrados a que serve a obediência e como exercitar a autoridade e, muitas vezes, não se entende mais nem mesmo o valor da vida em fraternidade”.

Segundo o cardeal, a necessidade de remontar até o mistério trinitário é fundamental também na resposta sobre a crise das vocações. “É preciso voltar à fonte cristológico-trinitária da vida consagrada como indicou Paulo VI e como foi retomado na Exortação apostólica ‘Vita consacrata’ de 1996”, afirmou. Sobre isso, ainda recordou palavras do beato João Paulo II, convidando a “promover a espiritualidade de comunhão como princípio educativo em todos os lugares onde se plasma o homem e a mulher e o cristão neste novo milênio que estamos iniciando”. “Esta espiritualidade de comunhão é proposta agora por Bento XVI para todos os povos”, destacou.

A experiência trinitária como uma relação pessoal com o Pai, o Filho e o Espírito Santo, de acordo com o cardeal brasileiro é a solução para encontrar uma fecundidade da vida consagrada. Para que “as relações humanas brilhem de amor é necessário retomar entre nós o sentimento e os comportamentos de igualdade: um igual dignidade, todos unicamente filhos de Deus-Amor”, declarou.

“Tudo o mais: ministérios, serviços, carismas, dons, bens, isto é, as nossas justas diversidades, servem unicamente à beleza e força desta fraternidade na Igreja. As ideologias, também no nosso tempo, não foram capazes de realizar os grandes valores humanos da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Estes porém, são os valores centrais da antropologia cristã. Se voltamos hoje, com simplicidade e decisão, à experiência da nossa identidade trinitária, a Igreja, com todas as suas realidades construídas durante estes vinte seculos, poderá crescer no oferecer esperança verdadeira à humanidade”, disse ainda o prefeito

Por fim, o purpurado concluiu que como “o amor que vai e vem na relação humana gera a presença de Jesus vivo e ressuscitado na comunidade”, esta presença de Cristo “entre os discípulos que vivem o amor recíproco, dá às relações humanas a dimensão mais perfeita. Quanto mais essa experiência se alarga, mais a Igreja, com toda a sua beleza humana, resplandece de divino”.

O Cardeal Braz de Aviz passou três dias no país acompanhado pelo padre Donato Cauzzo e visitou as várias realidades da vida religiosa representada por trinta e três congregações, masculinas e femininas, e falou, entre outras coisas, da relação entre consagrados e a nova evangelização. (AA)

 

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas