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"O sentido do pecado diminuiu", afirmou o Prefeito do Arquivo Secreto Vaticano

Cidade do Vaticano (Terça-feira, 08-05-2012, Gaudium Press) O lançamento dos livros sobre a história da Penitenciaría Apostólica e o Arquivo Secreto Vaticano foi ocasião para aprofundar na história e importância do Sacramento da Penitência, no serviço do qual se criaram estas duas instituições pontifícias. Promover a confissão sacramental é um dever urgente para a Igreja do século XXI, segundo explicou o Prefeito do Arquivo Secreto Vaticano, Dom Sérgio Pagano, em entrevista concedida a Zenit.
“Sendo nós sacerdotes ou bispos, temos este grave problema ao ver que muitos fiéis se aproximam da comunhão sem a confissão”, afirmou o prelado. “Agora, este sentido do pecado e das faltas diminuiu e isto é um grave problema pastoral”.

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Dom Sérgio Pagano

Sobre o preocupante abandono da Confissão por parte dos fiéis, que atraiu a atenção durante seu documento, o prefeito do Arquivo Secreto Vaticano convidou a um melhor conhecimento e prática dos aspectos básicos da fé católica: “Talvez seja necessário retomar desde a catequese de base: desde o Credo aos sacramentos da Igreja, por que foram instituídos, o que comportam, qual é a vantagem de recebê-los”. Este trabalho de catequese para que os católicos se aproximem e vivam os sacramentos é necessário para “que nossos fiéis não vejam muitas vezes grandes símbolos incompreenssiveis”.

Dom Sérgio Pagano também alertou sobre a preparação dos sacerdotes para celebrar o sacramento da Penitência: “faltam confessores, uns são muito severos, outros muitoamplos, outros querem realizar uma tarefa de inquisidores, psicólogos, ou de diretores, que não é a tarefa do confessor”.

A Confissão sacramental, tal como se pratica hoje em dia, foi o fruto da experiência da Igreja ao longo dos séculos, e é uma graça muito mais fácil de obter na atualidade, segundo expôs o prelado. “A Igreja antiga convidava – como Jesus – à conversão única e decisiva e dava, a quem se arrependia, o perdão dos pecados em um ato único e irrepetível: o batismo”.

Mas esta única oportunidade demonstrou não ser expressão suficiente da misericórdia divina: “Jesus, de fato, havia ensinado a seus discípulos que haviam recebido o perdão de Deus, que era não para si mesmo ou para negá-lo aos outros, mas para perdoar como Deus perdoa, sem limites nem condições, a não ser o arrependimento e a conversão”, comentou Dom Pagano.

A forma de administrar o perdão de Deus foi objeto de muito estudo e discussão: “Foi um caso longo, discutido e aceso”, explicou. “Também sobre quem teria o poder penitencial. E como, por exemplo, a praxis penitencial do século II, em uma pequena Igreja à margem da vida pública era inadequada para o século IV”.
Dom Pagano descreveu formas iniciais do sacramento, realizadas de forma pública e com penas severas, que inclusive eram desaconselhadas aos jovens por sua dureza. Estas formas, explicou, praticaram-se “até o nascimento da penitência privada que originou-se no Século VII e rapidamente foi acolhida e se enrraizou”.

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O evento em torno do qual se geraram estas declarações foi presidido pelo Cardeal Manuel Monteiro de Castro, Penitenciário Maior, e contou com a participação de Dom Gianfranco Girotti, regente da Penitenciaría Apostólica, Dom Pagano, prefeito do Arquivo Secreto Vaticano, e o diretor da Librería Editrice Vaticana, Padre Giuseppe Costa, entre outras personalidades especialistas no tema.

Os textos apresentados, “A Penitenciaría Apostólica e seu Arquivo”, de Alessandro Saraco e “A Penitência entre o 1º e 2º milênio. Para compreender as origens da Penitenciaría Apostólica”, de Manlio Sodi e Renata Salvarani, permitem conhecer mais profundamente a história do Sacramento da Penitência. “A leitura destes ensaios corrige por um certo lado algumas visões diversas, que é a ótica da penintenciaría, que olha o sacramento e a sua teologia, a sua praxis, e não tanto ao aspecto cultural, eclesial ou pastoral”.

Com informações da Agência Zenit.

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