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“Ele perdeu um momento histórico”, diz presidente do Museu do Holocausto sobre visita de Bento XVI

Jerusalém (Terça, 12-05-2009, Gaudium Press) Desapontado. Pelo menos foi assim que o rabino Meir Lau, presidente do conselho do Museu do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, e sobrevivente do Holocausto diz ter se sentido com o discurso de Bento XVI, proferido na instituição israelense nesta segunda-feira.

“Ele perdeu um momento histórico”, disse o ex-Grão rabino de Israel. A participação no museu faz parte da agenda oficial do Papa nos cinco dias em que permanece em Israel e nos territórios palestinos.

O maior site de notícias de Israel, o Ynet, resumiu a visita do pontífice ao Museu do Holocausto com as palavras “acabou mal”.

“Houve algumas coisas que não foram mencionadas no discurso do Papa”, declarou Lau. “Ele não mencionou o número exato das vítimas do Holocausto e, diferentemente de seu antecessor – João Paulo II, que visitou Jerusalém em 2000 -, que disse a palavra ‘assassinados’, o Papa atual disse que as vítimas ‘foram mortas'”.

O rabino ainda lembrou que “o Papa anterior mencionou que os assassinos foram os nazistas, e, no caso de hoje (segunda-feira), não foi dito quem foram os assassinos, não se mencionou nem os nazistas e nem os alemães”.
Bento XVI condenou, em seu discurso, a negação do Holocausto e pediu que “os nomes destas vítimas nunca pereçam, que seu sofrimento nunca seja negado, depreciado ou esquecido”.

O Yad Vashem, ou Autoridade de Recordação dos Mártires e Heróis do Holocausto, foi criado a partir de lei homônima promulgada em 1953. O complexo, cuja estrutura atual é de 2005, conta com diversas salas, arquivos e obras referentes ao extermínio dos judeus pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. E foi justamente uma das instalações mais emblemáticas do complexo, a Sala das Memórias – onde se encontram os nomes dos seis milhões de mortos no Holocausto -, o local escolhido para a visita papal.

Vaticano

O Vaticano rejeitou as críticas do Museu do Holocausto ao discurso de Bento XVI.

“O discurso de Sua Santidade foi abrangente e muito emocionante. Eu, que não sou judeu, fiquei emocionado”, disse à BBC Brasil o porta-voz do Vaticano em Israel, Wadi Abu Nassar.

“Penso que as palavras matar e assassinar são semelhantes. Acho que o Papa deve ser respeitado, seu discurso foi muito claro, e não há necessidade de mais esclarecimentos”, concluiu Abu Nassar.

Israel

O governo de Israel também parece ter discordado da posição do Museu do Holocausto.

“Não costumamos criticar visitas tão importantes como a de Bento XVI”, disse à BBC Brasil o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Yossi Levy.

“(O museu) Yad Vashem fala em seu próprio nome, e não em nome do governo israelense”, acrescentou.

“Do nosso ponto de vista, a visita do Papa é um dos eventos mais importantes da história de Israel e das relações entre as religiões judaica e cristã”, disse o porta-voz.

“A própria visita do líder da Igreja Católica a Israel e ao Museu do Holocausto representa uma mensagem da maior importância, e temos todo o interesse em continuar o diálogo com o Vaticano”, afirmou o porta-voz da chancelaria israelense.

 

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