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Os cristãos são chamados a superarem a síndrome do embaraço em proclamar a fé, diz o Cardeal Wuerl

Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 08-10-2012, Gaudium Press) “A separação intelectual e ideológica de Cristo de sua Igreja é uma das primeiras realidades que temos que enfrentar ao propor uma Nova Evangelização da cultura e da sociedade moderna”, assim como também “superar a síndrome do embaraço” dos cristãos ao professarem a fé, disse o relator geral do Sínodo, o Cardeal William Wuerl na primeira sessão do Sínodo sobre a Nova Evangelização. Os 262 Padres sinodais se reuniram hoje para refletir sobre o tema da XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, “A nova evangelização para a transmissão da fé cristã”.

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Cardeal Donald Wuerl
Arcebispo Washington

O Arcebispo de Washington, que como relator geral, estudou as respostas e sugestões que chegaram das dioceses do mundo, se concentrou em sete pontos fundamentais da reflexão para o Sínodo que iniciou hoje. Na longa e rica “relatio”, iniciou com a afirmação que o centro da proclamação da Igreja é a figura de Cristo. Por isso, todo fiel é discípulo e evangelizador. Uma das realidades que a Igreja de hoje deve enfrentar é, como observou o cardeal relator, “a separação intelectual e ideológica de Cristo de sua Igreja”.

Um outro desafio é o individualismo. “A nossa cultura – continuou o purpurado – e a ênfase em grande parte da sociedade moderna exaltam o indivíduo e minimizam a necessária relação de cada um com os outros. Na nossa sociedade, que exalta a liberdade individual e a autonomia, a realização e a supremacia da pessoa, é fácil perder de vista a nossa dependência dos outros, junto às responsabilidades que temos em relação a eles”.

É justamente a “sociedade que está mudando em modo dramática” à qual é dirigido o chamado a “repropor a fé Católica, a repropor a mensagem Evangélica, a repropor o ensinamento de Cristo. O processo da secularização da fé foi notado nos acontecimentos dos anos 70 e 80, e também dentro da Igreja, através da hermenêutica da descontinuidade que se expressa também “em aberrações na prática da liturgia”.

As consequências são dramáticas. A primeira é a sub-catequização de duas gerações. “A secularização modelou duas gerações de católicos que não conhecem as orações fundamentais da Igreja. Muitos não percebem o valor da participação na Missa, não recebem o sacramento da penitência e muitas vezes perderam o sentido do mistério ou do transcendente como se tivesse um significado real e verificável”, observou o cardeal.

Como resposta são vários os programas pastorais universitários. Como lugar-modelo para a nova evangelização, o cardeal Wuerl propôs a família e a paróquia. Na conferência para a imprensa depois da “relatio”, o arcebispo disse também que há mais cuidado agora em todos os livros pastorais nos Estados Unidos para evitar situações precedentes nas quais as publicações não eram coerentes com o Magistério da Igreja.

“Na cultura educativa e teológica que reflete a hermenêutica da descontinuidade, muitas vezes a visão do Evangelho foi ofuscada e uma voz segura e confidente abriu desculpas por tudo aquilo no qual cremos”, observou na “relatio”.

O Cardeal Wuerl ressaltou também a importância da dimensão teológica da nova evangelização. Na declaração “Dominus Iesus” foram apresentadas novas carências teológicas do nosso tempo. O secularismo, o racionalismo e o individualismo reduziram também a compreensão da doutrina. Portanto, a nova evangelização é chamada a “falar com convicção” sobre o matrimônio, sobre a família, sobre a ordem moral e sobre a distinção entre o bem e o mal. Além disso, a nova evangelização “deve fornecer uma clara explicação teológica da necessidade da Igreja para a salvação”.

No relatório foi salientada também a necessidade do testemunho institucional da Palavra de Deus nas realidades que administra a Igreja católica: as escolas, universidades, hospitais, serviços de assistência sanitária, etc. A Igreja tem a dizer para a sociedade sobre a justiça. “Enquanto seria inexato dizer que Jesus promoveu um particular programa político, social ou econômico, estabeleceu porém princípios de base que deveriam caracterizar qualquer sistema justo, humano, econômico ou político. Somente a fé pode fornecer a convicção que as nossas obras de justiça servem como parte do plano de Deus para realizar o reino de Deus”, observou.

No fim do relatório, o cardeal Wuerl salientou a importância da contribuição das novas  comunidades e dos movimentos eclesiais no processo da nova evangelização. (JSG)

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