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Sobre a Nova Evangelização: É preciso tentar ser discípulo e reencontrar a relação com os outros, diz Cardeal Braz de Aviz

Cidade do Vaticano (Terça-feira, 09-10-2012, Gaudium Press) A Assembleia Geral Ordinaria do Sínodo dos Bispos que ontem iniciou os próprios trabalhos na presença de 262 Padres Sinodais, quer reencontrar a nova força e estilo para anunciar o Evangelho. Dom João Braz de Aviz, o cardeal brasileiro, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, contou à nossa correspondente em Roma, Anna Artymiak, como foi o primeiro dia.

Gaudium Press – Eminência, sobre quais argumentos iniciaram os trabalhos do Sínodo?

Dom João Braz de Aviz – Acho que todos nós sentimos antes de tudo, que a nossa vida teve a sorte de encontrar Cristo Homem-Deus e assim encontrar assim o sentido profundo da nossa vida como pessoas. Estamos porém, em um momento no qual nos perguntamos se o Evangelho ainda tem esta força de poder dar hoje a sua contribuição profunda ao nosso momento histórico atual. Isto é mais ou menos a pergunta no coração de todo cristão, porque há tantas dimensões novas na nossa sociedade. Parece-me que o Sínodo encontrou o próprio argumento justo, isto é, como então o Evangelho seja ainda uma força que pode dar esperança ao homem, à cultura, à Igreja e fazer o homem feliz. Esta é a nova evangelização. O que falta para que tantos deixem e não encontrem mais esta resposta, principalmente na Europa, onde a cultura deixou de lado os valores cristãos. Para mim este dia foi como nos colocar dentro de binários para viver estes dias nesta direção.

Gaudium Press – Como foi a atmosfera do primeiro dia?

Dom João Braz de Aviz – A contribuição dos Padres sinodais é muito boa porque a representação dos quase 300 Padres de todo o mundo, de todos os continentes. Não é uma linguagem de parte, você vê e sente a humanidade que respira, que pulsa, que pede, que responde e escuta o Senhor. A presença do Santo Padre é uma presença paterna, respeitosa, mas também de orientação. Como fez esta manhã nos dando alguns aprofundamentos em volta da questão da nova evangelização, em volta desta realidade de comunicar o Evangelho. Para mim foi um dia estupendo.

Gaudium Press – Pela sua experiência pastoral no Brasil, um país com uma fé ainda forte e florescente, qual conselho o senhor daria para despertar a fé no Ocidente?

Dom João Braz de Aviz – Penso que antes entre nós é preciso continuar a cuidar a doutrina. Mas antes de tudo, começando por aqui da realidade em torno do Santo Padre, esta atitude de todos nós de querer nos tornarmos verdadeiramente discípulos de Jesus. Acho que este seja um ponto fundamental, porque se não partimos de nós há pouco a fazer. Depois, há as sensibilidades muito grandes de hoje. Por exemplo, se as relações humanas estão doentes, se são difíceis, nós temos que trabalhar sobre as relações humanas. Porém, qual luz temos para isto? Isto é preciso ver e a luz existe. Somente que não basta mais a doutrina. É preciso que seja vivida na relação, em reencontrar nos grandes mistérios da fé: na encarnação, na morte e na ressurreição de Jesus esta luz. Acho que temos que ir nesta direção, porque senão não respondemos ao apelo à cultura de hoje. Temos que ir para o testemunho que não é só individual, mas também comunitário. Tentar ser discípulo e reencontrar a relação com os outros, porque isto é um ponto importante. Dar ao fechamento do individualismo de hoje uma abertura. Se nós não nos abrirmos para o outro morremos em nós mesmos. O individualismo mata, não faz crescer.

Gaudium Press – Card. Wuerl na relatio recordou a dimensão fundamental da nova evangelização…

Dom João Braz de Aviz – Trata-se não de uma doutrina, mas de uma Pessoa. Não se trata de uma invenção, mas de um fato histórico. E se trata de compartilhar isto com tantas outras coisas que devem ser vividas seja no diálogo, sem que nós tomemos o nosso lugar. Por exemplo, nós cristãos não podemos ser somente mortos, ser somente denunciados, mas é preciso que as pessoas que fazem isto saibam viver estes valores que são do Evangelho.

Anna Artymiak – Correspondente da Gaudium Press em Roma

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