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Vaticano apresenta nova edição de documentos do processo de Galileo

Cidade do Vaticano (Quinta, 02-07-2009, Gaudium Press) O prefeito do Arquivo Secreto do Vaticano, responsável pela cura dos documentos mais importantes da história da Igreja, apresentou hoje na Sala de Imprensa da Santa Sé uma nova edição do material do processo inquisitorial de Galileo Galilei, cientista condenado por heresia pelo Santo Ofício no século XVII.

O Vaticano está tornando público e reestudando os documentos do processo do astrônomo especialmente neste ano, definido pela ONU como Ano Internacional da Astronomia por conta dos 400 anos das primeiras observações astronômicas feitas pelo cientista.

“O caso Galileo ensina a ciência a evitar procurar contrapor-se à Igreja em matéria de fé e Sagradas Escrituras e também a Igreja a aproximar-se das questões científicas, com muita humildade e prudência”, afirmou monsenhor Pagano.

O volume organizado peplo prefeito dos Arquivos Secretos, sob o título “Os documentos vaticanos do processo de Galileo Galilei (1611-1741)” é uma edição aumentada, revista e registrada, publicada na “Coedição Coletênea Arquivos Vaticanos”, número 89. A primeira edição, obra de Henri de L’Épinois, foi publicada em 1877 em Paris sob o então chamado “código vaticano”. Em 1984, o Papa João Paulo II pediu um reestudo do processo que estava publicado no volume.

A nova edição contém a compilação completa dos velhos atos e de escritos reencontrados após 1984, cerca de 20 documentos. Todos os documentos do processo foram relidos sobre os originais do Arquivo Vaticano, da Congregação para a Doutrina da Fé e da Biblioteca Vaticana. Foram acrescentadas também anotações históricas e biográficas aos vários personagens do processo, nunca antes publicadas em nenhuma das edições desde 1877.

O processo de Galileo Galilei é uma “página dolorosa da Igreja”, afirmou padre Ciro Benedettini, vice-diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé. Em 1616, o Santo Ofício e o índex (lista do Tribunal Inquisitorial das obras consideradas ‘heréticas’) proibiram a cosmologia copérnica. Galileo se dirigiu a Roma para defender suas opiniões, mas não obteve sucesso e foi proibido de continuar professando as teorias copérnicas.

Em 1632 publicou o “Diálogo sobre os dois máximos sistemas do mundo”, um texto fundamental para ciência moderna no qual Galileo, sob uma aparente neutralidade exigida pela Igreja, ressaltava a astronomia copérnica em relação àquela tolemaica (geocêntrica). Galileo é então convocado a Roma, processado e condenado à prisão perpétua pelo Santo Ofício.

Após sua renúncia às teorias copérnicas, a pena de Galileo foi transformada em prisão domiciliar, a qual o astrônomo cumpriu primeiramente na residência do embaixador de Toscana, depois no arcebispado de Siena e, por fim, na sua mansão em Arcetri.

Galileo morreu em Florença no dia 8 de janeiro de 1642, acompanhado por poucos aprendizes e na quase total cegueira. Galileo foi reabilitado pela Igreja, pelo Papa João Paulo II, em 1992, 350 anos após a sua morte. Mas sem a revogação de sua sentença.

 

 

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