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Para Bento XVI, nazismo foi “inferno que se abriu sobre a terra”

Castel Gandolfo (Segunda, 10-08-2009, Gaudium Press) Alemão, o Papa Bento XVI voltou neste domingo algumas décadas no tempo, à Segunda Guerra Mundial, para falar sobre o terror do nazismo e exortar a vida de dois santos católicos, mártires do período ao morrerem no campo de Auschwitz pelas mãos do regime totalitário. Para o pontífice, Edith Stein (Teresa Benedetta della Croce), freira carmelita, e Massimiliano Kolbe, padre franciscano, são exemplos para os padres modernos de um testemunho da “caridade que ama até o fim”.

Edith era filha de pais judeus alemãos e desde criança frequentava com a mãe a sinagoga. A menina, no entanto, não sentia vontade de professar o judaísmo, acompanhando os cultos mais por obrigação. Considerava-se ateia, o que deixava seus pais fortemente desgostosos. Por volta dos 30 anos, após ler um livro sobre a vida de Santa Teresa d’Ávila, decidiu abraçar o catolicismo e, mais especificamente, a Ordem Carmelita Descalça. Aos 31 anos, foi batizada e, apenas dois anos depois, ingressava no Carmelo com o nome de Teresa Benedita da Cruz. Durante muito tempo ficou sem obter resposta das cartas que endereçava à família.

Em 1940, com 49 anos, fugiu da perseguição dos nazistas na Alemanha refugiando-se na Holanda. Com a queda daquele país, no entanto, foi capturada no convento em que estava e mandada para o campo de concentração de Auschwitz, ainda com o hábito carmelita. Lá, não deixou de professar sua fé e morreu convertendo judeus ao catolicismo.

Em 11 de outubro de 1998, o Papa João Paulo II canonizou Edith Stein como Santa Teresa Benedita da Cruz.

São Massimiliano Maria Kolbe, por sua vez, nasceu em uma família pobre polonesa, em uma zona de domínio russo. Frequentou durante a infância a escola média dos franciscanos, o que acabou conduzindo naturalmente para que abraçasse a profissão de fé dos frades. Em 1914 professou seus votos perpétuos e no ano seguinte se formou em teologia junto à Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

Em 1941, foi preso pelos nazistas e levado ao campo de concentração de Auschwitz. No mesmo ano, um dos prisioneiros da ala do frade conseguiu fugir do campo, o que provocou a ira dos guardas nazistas. Como represália, foram selecionados dez pessoas da mesma ala para serem levadas ao chamado “campo da fome”, para morrer por inanição.

Em um gesto nobre, frade Massimiliano se ofereceu para ir no lugar de um dos companheiros, que ao tomar conhecimento da indicação desatara a chorar dizendo que tinha uma família o esperando em casa.

Como quatro dos dez prisioneiros – entre eles, o frade – ainda permaneciam vivos após duas semanas no “campo da fome”, sem água ou comida, os nazistas decidiram por aplicar-lhes uma injeção de ácido fênico. O corpo de todos foi cremado em seguida.

Em sua fala que precedeu o Ângelus, o Papa condenou o nazismo: “Os lager nazistas, como todo campo de extermínio, devem ser considerados símbolos extremos do mal, do inferno que se abre sobre a terra”.

Bento XVI observou que o inferno começa no mundo “quando o homem se esquece de Deus” e, como consequência, usurpa “o direito de decidir o que é o bem e o que é o mal, de dar a vida e a morte”. Segundo o pontífice, trata-se de “uma antítese que atravessa toda a história” e é percebida também no “niilismo contemporâneo”.

Ele explica que, nas figuras de Stein e Kolbe, se revela “o heroísmo evangélico que nos impele, sem nada temer, a dar a vida pela salvação das almas”, e proclama que ambos são exemplos que mostram “o amor que vence a morte!”

Após a oração mariana, Bento XVI saudou os fiéis presentes no pátio interno do Palácio Apostólico de Castel Gandolfo em várias línguas, como de hábito. Em espanhol, declarou: “Saludo cordialmente a los peregrinos de lengua española que se unen a esta oración del Ángelus. En particular el grupo de la Pastoral Juvenil de Toledo, acompañado por su Arzobispo. Especialmente en el Día del Señor, invito a todos a buscar en la Eucaristía el pan bajado del cielo, el alimento que perdura y da la vida eterna. Que la Santísima Virgen María interceda para que nunca falte este sustento de nuestra esperanza y nuestros esfuerzos por la paz. Feliz domingo.”

Centenas de fiéis estiveram presentes no local, onde o Papa passa seus últimos dias de férias, para acompanhar o discurso, a oração do Ângelus e receber e benção apostólica. Entre eles, grupos vindos da diocese espanhola de Toledo e integrantes do Movimento Luz-Vida, fundado pelo padre polonês Franciszek Blachnicki.

 

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