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“Aqui, o Papa trabalha tanto quanto em Roma”, afirma pároco de Castel Gandolfo

Castel Gandolfo (Quinta, 13-08-2009, Gaudium Press) “As férias, o Papa passa, como o fez, nas montanhas do Vale d’Aosta. Aqui em Castel Gandolfo vem para trabalhar igualmente como em Roma”. Palavras de quem sabe do que está falando. Esta semana, Gaudium Press conversou com exclusividade com o pároco responsável pela paróquia pontifícia de Castel Gandolfo, padre Waldemar Niedziolka. O local é frequentemente usado pelo Papa durante sua estadia na residência papal de verão de Castel Gandolfo, e padre Niedziolka é alguém com livre trânsito no palácio.

Na entrevista, padre Waldemar Niedziolka fala, entre outras coisas, sobre a celebração da Festa da Assunção de Maria na paróquia e sobre o dia-a-dia de Bento XVI durante seus dias em férias na residência pontifícia.

Gaudium Press – Como é celebrada a Assunção da Virgem Maria em Castel Gadolfo na paróquia pontifícia?

A Solenidade da Assunção em Castel Gandolfo é celebrada de maneira particular, concentrada na celebração da Santa Missa pelo Papa na nossa igreja paroquial, às 8 horas. É uma tradição aqui em Castel Gandolfo que os papas anteriores vinham para celebrar esta missa e para estar com a comunidade.

Esta é uma missa com um clima particular, preparada com cânticos, com orações por parte da comunidade paroquial. Nós esperamos estes dias com grande alegria, por ter o próprio Papa na nossa Igreja. Antes de iniciar a missa, o pároco, com todo o serviço litúrgico, vai à sua residência, recebe o Papa e, em procissão, vêm à Igreja. Em seguida tem início a missa. O Papa, na ocasião, fala sem textos preparados.

A igreja é pequena, entram poucos paroquianos, poucas pessoas. Porém todos os outros se reúnem na praça por onde o Papa, saindo após a missa, passa e os abençoa.

Após a celebração, Bento XVI costuma convidar o pároco para o café-da-manhã, que é um outro gesto por parte do Papa que verdadeiramente alegra e satisfaz o pároco. Na eucaristia, participam diversas famílias, também no serviço litúrgico, com as leituras e as procissões do ofertório.

Para as pessoas, o que significa ter o Papa por perto com tanta frequência?

As pessoas, os paroquianos e a comunidade de Castel Gandolfo esperam sempre este dia da chegada do Papa com grande alegria. Já no primeiro dia as pessoas aguardam o Santo Padre para saudá-lo, acolhê-lo, desejando que o Papa tenha uma boa estadia em Castel Gandolfo.

Há muitas ocasiões para as pessoas encontrarem o Papa? Ele permanece somente dentro de sua residência de veraneio?

Não, há também outras ocasiões. No primeiro dia, como já dito, há a recepção ao Papa, ao qual Bento XVI, fora do protocolo, se aproxima para saudar os habitantes e dar-lhes a primeira benção. Nessa ocasião, vem também a delegação oficial de Castel Gandolfo para dar boas-vindas ao pontífice, com o pároco, o prefeito de Castel Gandolfo e também os administradores da Vila pontifícia.

Poucos dias após sua chegada, há a Festa dos Pêssegos em Castel Gandolfo, quando delegações das paróquias e de diversas áreas de Castel Gandofo oferecem ao Santo Padre os dons da colheita, uma tradição na cidade e um momento muito familiar com o Santo Padre.

Há ainda a festa de São Sebastião, patrono de Castel Gandolfo. Acontece no primeiro domingo de setembro, quando o Papa novamente recebe delegações das paróquias da região. E depois há outras ocasiões talvez em âmbito mais privado em que se pode encontrar Bento XVI.

Mas o mais importante é temo-lo aqui perto. Neste ano, todas as audiências gerais e Ângelus desse período acontecem aqui em Castel Gandolfo. É, portanto, uma possibilidade de orar, de receber a benção do Santo Padre.

O Santo Padre vem aqui em Castel Gandolfo também em outras ocasiões que não em suas férias de verão. Quando?

Uma outra ocasião na qual podemos encontrar o Santo Padre é após a Páscoa. Ele vem por poucos dias, mas é sempre uma alegria tê-lo aqui perto de nós. Ele também vem outras vezes de forma particular, uma tarde, um domingo para dar um passeio por Castel Gandolfo. São os momentos que confirmam o prazer do pontífice em vir para cá.

Como o Papa passa suas férias em Castel Gandolfo? O que costuma fazer?

Não diria tanto “férias”, mas mais troca de lugar de trabalho. Porque as férias o Santo Padre passa, como o fez neste verão, nas montanhas do Vale d’Aosta. Aqui ele volta para trabalhar, como em Roma. A única vantagem de estar aqui é o clima, diferente daquele de Roma, o ar que se respira é melhor no verão, tem uma brisa noturna que vem do lago. Mas ele trabalha igualmente como em Roma.

Outra vantagem é poder sair quando quer, mesmo durante o dia, para passear na Vila, pelos jardins, de tarde e à noite. O Papa sai sempre com grande prazer.

Naturalmente, à noite, como sabemos, Bento XVI toca. Frequentemente aqui em Castel Gandolfo ele dedica um pouco de seu tempo ao piano. E depois, tem uma bela vista para o lago, o mar, para Roma, que se é possível apreciar dos seus aposentos. É possível se ver até mesmo a Cúpula de São Pedro.

As pessoas conhecem somente o Pátio interno do Palácio Apostólico. O que mais tem dentro dos muros da residência papal de Castel Gandolfo? Há os jardins…

Sim, há os jardins, muito bonitos por sinal. Há muito espaço para passear. As pessoas talvez não o saibam, mas como território, hectares livres, há mais em Castel Gandolfo que no Vaticano e em Roma. Aqui a propriedade do Vaticano é maior. Então, caminhando por exemplo pelos jardins, pode-se chegar ao comprimento de quase dois quilômetros. Iniciamos aqui no centro de Castel Gandolfo e terminamos em Albano, uma cidade próxima.

Há ainda a fazenda de Castel Gandolfo, onde se produz leite fresco e são cultivadas galinhas que botam ovos diariamente. Aqui se produz também azeite e hortaliças.

A residência papal parece ser grande. E é. Mas a maioria dos cômodos são salas onde o Santo Padre recebe as pessoas. Ressalto que ele trabalha igualmente aqui como em Roma. Então, é necessário haver espaço para que receba seus convidados e também pessoas importantes, como chefes de estado, delegações, embaixadores.

Acredito que aconteçam também encontros particulares. O senhor tem oportunidade de encontrar o Santo Padre? O senhor falou sobre o café da manhã…

Sim, é uma bela ocasião para estar junto à mesa com o Papa. Muito próximo, para falar de forma familiar, tranquila, livre depois da missa celebrada aqui na nossa paróquia. De forma particular, o Papa pede notícias da paróquia, dos grupos presentes, dos jovens que frequentam o oratório. Ele se interessa sobre como está o caminho pastoral da paróquia. São também, podemos dizer, encontros não-oficiais. É ótimo que o pároco possa falar ao Santo Padre da paróquia, que é a única paróquia pontifícia no mundo. Espero com muito prazer esse encontro a cada ano por conta deste momento particular para conversar com o Santo Padre.

O que se come? É uma refeição mais italiana ou mais alemã?

Mais italiana. Aqui ele toma café, cappuccino, iogurte, geléia e um doce preparado pelos funcionários que servem o pontífice. Ele brinca, sorri, se diverte. É uma ótima ocasião.

Pessoalmente, como é Bento XVI?

É uma pessoa muito simples, muito delicada nos tratos. Não cria um clima no qual alguém possa se sentir de alguma maneira “temeroso” com o encontro. Pessoalmente, é sempre um grande prazer encontrá-lo porque o Santo Padre torna o ambiente familiar, simples, que toca o coração. É como um pai e um filho quando nos encontramos. Há sempre emoção. Não posso dizer que falta emoção mesmo após tantos encontros com ele. È emocionante.

 

História – A paróquia pontifícia São Tomas de Villanova em Castel Galdolfo localiza-se no centro da cidadela de Castel Gandolfo, na província de Roma, sede suburbicária de Albano.

Começou a ser construída em 1658 a pedido do Papa Alessandro VII, com projeto do arquiteto Gian Lorezno Bernini – o mesmo das colunatas da Praça de São Pedro, entre tantas outras obras. Foi inaugurada em 1661, depois que Antonio Raggi completou a decoração em lenha. O Papa Pio XI confiou em 1926 aos salesianos a responsabilidade pela paróquia, que era então dos Agostinianos.

No território paroquial há três igrejas: a de São Tomás de Villanova, na praça central, a de San Paolo e a de Madonna del Lago. Na paróquia funcionam diversos grupos: Ação Católica, Conselho Pastoral paroquial, Jovens-pós-crisma. Há ainda um oratório com diversas atividades esportivas e um coro.

 

Biografia – Dom Waldemar Niedziolka nasceu em 16 de agosto de 1964 em Chodel, na Polônia. Em 1983, entrou para o seminário dos salesianos em Czerwinsk nad Wisla, também na Polônia. Em 1995 foi ordenado padre em Lad na Wisla. Seu primeiro encargo desenvolveu em Minsk Mazowiecki, como professor de religião no Liceu de Augusto Czartoryski. De 1996 até 1998 foi secretário da Inspetoria Salesiana em Varsóvia. omeçou a trabalhar na paróquia pontifícia em Castel Gandolfo em 1998.

 

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