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Após 30 anos, termina tradução da Bíblia para dialeto pokot

Nairóbi (Quinta, 20-08-2009, Gaudium Press) Após mais de 30 anos de trabalho intenso, finalmente a população Pokot, do Quênia, poderá ler a Bíblia em sua própria língua mãe. A nova Bíblia, cuja tradução e supervisão foram coordenadas e dirigidas pela Sociedade Bíblica do Quênia, será oficialmente apresentada na capital Nairóbi no próximo sábado, durante uma cerimônia da qual estará presente o ministro das Comunicações e Informações do país, Samuel Poghisio.

Os pokot são uma comunidade pastoral que vive nas áridas planícies do nordeste do Quênia e que se estende até a vizinha Uganda. A principal dificuldade do trabalho, segundo os estudiosos, não foi tanto a tradução da Bíblia, mas as diferenças nas apresentações e na introdução das notas no pé das páginas e nas indicações doutrinais.

“Finalmente, uma viagem iniciada há 30 anos acabou de se concluir e agora chegou o momento de colher os frutos do trabalho duro e do sacrifício da população pokot”, declarou o presidente da sociedade bíblica do Quênia, Isacco Litali. “No passado, tivemos a clareza de detectar o quanto era importante a presença da Bíblia na população indígena. As traduções na própria língua têm um profundo efeito sobre as pessoas, as induz a receber a Palavra de Deus de forma mais eficaz no que diz respeito à primeira. Diz-se que é o Senhor a endereçar-se a eles na sua língua principal”.

Entre os objetivos da Conferência Episcopal do Quênia está o de promover a tradução da Bíblia nas diversas línguas dos povos indígenas. Isso deve ser feito de forma que esteja mais presente nas reuniões e durante as celebrações. Deve-se ainda oferecer plena confiança aos indígenas operadores de pastoral, sacerdotes, religiosos, animadores das comunidades e catequistas, de forma que se sintam apoiados e tenham o lugar que corresponde a eles como protagonistas do processo de assimilação do Evangelho. O ministro Poghisio ressaltou que a Bíblia será também uma fonte fundamental para enfrentar o problema do conflito perene entre os pokot e os povos vizinhos.

Para a população pokot, a publicação significa ainda “um melhorar-se do ponto de vista da alfabetização, pois muitas pessoas se esforçarão em aprender a ler e escrever”, acredita Poghisio. Para a Igreja do Quênia, é fundamental fortalecer a encarnação da fé cristã na vida dos povos que têm uma tradição de fé espiritualidade. Além disso,deve-se enfatizar a importância do aprendizado das línguas próprias dos povos originários, fazer a Bíblia presente nos momentos significativos da vida e organizar trabalhadores para tradutores da Bíblia e da liturgia nas línguas indígenas.

“A promoção da tradução católica da Bíblia nos diferentes idiomas dos povos originários é um direito dos próprios para experimentar o amor do Pai que nos manifesta a sua Palavra”, afirma Elisabetta Muriuki, secretária geral da Bible Society of Kenya. “O processo de assimilação do Evangelho é uma experiência comunitária”.

Segundo a Sociedade Bíblica queniana e o jornal Osservatore Romano, a Bíblia estava disponível em dezesseis línguas do país – borana, dholuo, ekegusii, gikuyu, kalenjin, kidawida, kikamba, kimiiru, logooli, lunyore, masai, nandi, luhya, swahili, turkana, somo. Agora é acrescentada também a versão pokot. Atualmente há outros 15 grupo linguísticos que têm a sua disposição apenas o Novo Testamento e três grupos linguísticos que dispõem somente de uma pequena parte das Sagradas Escrituras.

A língua pokot pertence ao grupo das línguas Nilóticas Meridionais. Conforme o último censo do Quênia, de 1999, os habitantes do distrito de West Pokot eram 308 mil, quase todos pokot. A estes se somam outros 70 mil pokots que vivem em Baringo e ao menos 50 mil na Uganda.

 

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