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Cardeal Amato conta detalhes sobre o futuro beato brasileiro

Brasília (Quinta-feira, 12-11-2015, Gaudium Press) Francisco de Paula Victor, presbítero que nasceu em Campanha, Minas Gerais, e que viveu entre os anos de 1827 e 1905, será beatificado neste próximo sábado, 14 de novembro, na cidade mineira de Três Pontas.

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A respeito deste mais novo marco para a Igreja no Brasil, o Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato, comentou sobre o futuro beato em entrevista concedida à Rádio Vaticano.

De acordo com o Cardeal Amato, “trata-se de um pároco que viveu no século IXX. O Papa Francisco o chama de ‘bom pastor segundo o coração de Cristo, humilde arauto do Evangelho e zeloso educador dos jovens'”.

O purpurado afirmou que “a comunidade cristã de Campanha se apresenta aos olhos da Igreja e do mundo como uma terra de santos, testemunhas críveis da misericórdia de Deus em nosso meio”.

“Deve ser ainda conhecida a bonita história do novo beato. Desde pequeno, com a ajuda concreta da senhora Mariana Barbara Ferreira, ao invés de ser endereçado aos trabalhos agrícolas, foi direcionado ao estudo para se tornar alfaiate. Mas a sua vocação era outra: queria se tornar sacerdote. Superando obstáculos de todo tipo, perseverou neste seu propósito entrando para o seminário. Esta foi uma decisão extraordinária e incomum por causa da discriminação social da época. Mas Francisco, que então tinha vinte e dois anos, merecia o privilégio. Um seu colega de seminário o descreve como um jovem do coração de ouro”, contou.

Quando abordou as características da santidade de Padre Victor, o Cardeal Amato lembrou que o sacerdote, que havia sofrido até com perseguições raciais, foi acima de tudo “um pároco generoso e dinâmico”. “Garantia sempre a santa missa, celebrada no domingo com grande solenidade e com a participação de pregadores conhecidos. Era muito ativo na catequese e na administração dos sacramentos”.

Além disso, prosseguiu, ele chegou a introduzir “o mês em homenagem a Nossa Senhora e percorria a cavalo as áreas rurais para levar conforto espiritual aos mais distantes”.

“De 1852 a 1905, ano de sua morte, batizou 8.790 recém-nascidos filhos de brancos e 383 filhos de escravos. Incentivou a educação dos jovens, especialmente os pobres. Por isso, fundou em sua paróquia uma escola gratuita. Dava aos pobres as ofertas que recebia. Beneficiava também aqueles que no início o desprezaram. Os seus paroquianos, cerca de vinte anos depois de sua morte, colocaram uma placa em sua homenagem com a inscrição: ‘A sua vida foi um Evangelho'”.

No final da entrevista, o Prefeito da Congregação das Causas dos Santos descreveu como tinha sido o funeral do Padre Victor. Naquela época, toda a região, assim como amigos e pessoas próximas ao religioso vieram deixar suas homenagens a ele. E ao longo dos três dias de velório, o corpo do presbítero exalava um cheiro de rosas, um perfume o qual não se explicava de onde viria. Depois deste momento, o corpo fez um cortejo na cidade, sendo posteriormente sepultado na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Ajuda, que inclusive, auxiliou a construir.

“O seu funeral foi um triunfo. Mais de três mil pessoas o acompanharam ao cemitério entre lágrimas e homenagens de gratidão. Morreu pobre. Nasceu para o Evangelho e viveu para o povo. Os seus objetos pessoais foram logo considerados relíquias preciosas e conservados com zelo. É um modelo extraordinário de sacerdote e pároco”, explicou. (LMI)

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