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O touro e a águia

Redação (Quarta-feira, 08-11-2017, Gaudium Press) São Lucas nasceu em Antioquia e era pagão. Exercia a Medicina e também foi pintor. É célebre um quadro representando Nossa Senhora, atribuído a ele. Tornou-se o patrono dos médicos e dos pintores. Além do Evangelho, escreveu o Ato dos Apóstolos.

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Conversas com Nossa Senhora

Foi companheiro de São Paulo e estava com o Apóstolo quando, viajando de barco para Roma, houve um tremendo naufrágio, o qual ele narra com detalhes (cf. At 27, 1-44).

“Acredita-se que a Santíssima Virgem lhe tenha revelado várias coisas importantes. De fato, devemos a São Lucas o conhecimento de muitas preciosas notícias sobre a infância de Jesus e a mesma Bem-Aventurada Virgem.”
Pregou o Evangelho na Dalmácia, Itália, nas Gálias e finalmente na Macedônia e na Grécia, onde foi martirizado, tendo 84 anos de idade. Sua festa é comemorada em 18 de outubro.

Conforme Sedúlio – poeta católico do século V –, ele guardou, como São Paulo, a virgindade perpétua.
São Lucas é representado pelo touro porque inicia seu Evangelho, depois de um breve prólogo, falando das funções sacerdotais exercidas no Templo por Zacarias, pai de São João Batista. Antes de Cristo, no Templo de Jerusalém fazia-se a Deus sacrifícios em que eram oferecidos em holocausto animais, entre os quais o boi ou touro.

São João não era pobre, mas abastado

São João era pescador e vivia em certa abastança. Seu pai, Zebedeu, “possuía várias barcas e seu negócio era muito próspero para lhe permitir ocupar diversos trabalhadores”.

Sua mãe se chamava Salomé e era uma das santas mulheres que acompanhavam e serviam o Divino Mestre. Ela foi fiel a Nosso Senhor até à crucifixão (cf. Mt 27, 56). Seu irmão também foi Apóstolo: São Tiago Maior.
Diversos autores afirmam ter sido de família sacerdotal, pois tinha entrada livre no palácio do sumo sacerdote e era conhecido de Pilatos.

Foi discípulo de São João Batista e, juntamente com Santo André, tornou-se um dos primeiros Apóstolos a seguir o Salvador.
Juntamente com São Pedro e São Tiago Maior, ele presenciou a Transfiguração de Nosso Senhor no Monte Tabor, e a agonia no Horto das Oliveiras.

Na última ceia, quando Nosso Senhor instituiu a Sagrada Eucaristia, São João encostou sua cabeça junto ao peito sagrado do Redentor, para perguntar quem era o traidor (cf. Jo 13, 25).

Por humildade ele não cita seu nome no Evangelho, mas se refere “àquele que Jesus mais amava” (Jo 13, 23).

E seu amor a Nosso Senhor era tão grande que ele quis, com seu irmão Tiago o Maior, atrair o fogo do céu para destruir os samaritanos porque negaram hospedagem a Jesus (cf. Lc 9, 54). O Redentor denominou-os “filhos do trovão” (Mc 3, 17). Posteriormente, de tal maneira São João tornou seu temperamento conforme o Divino Mestre que, em sua primeira carta, dirige-se aos cristãos chamando-os “filhinhos” (cf. I Jo 2, 1)

Amava a desigualdade

É verdade que ele fugiu, como os outros Apóstolos, quando da prisão do Redentor. Mas logo depois acompanhou o Divino Mestre até o pátio do sumo sacerdote, onde ninguém podia ignorar seu título de discípulo (cf. Jo 18, 15).

No dia seguinte, São João corajosamente estava junto à Cruz, no meio dos carrascos. E recebeu a mais magnífica recompensa que uma pessoa poderia auferir: Jesus expirando lhe confiou o cuidado de sua Mãe (cf. Jo 19, 26-27).

E no domingo da Ressurreição, o próprio São João narra como ele correu mais do que São Pedro até o sepulcro vazio. Mas, pleno de espírito de hierarquia, ele aguardou a chegada do chefe dos Apóstolos, entrou no túmulo depois deste e acreditou na Ressurreição de Jesus (cf. Jo 20, 2-8).

Em suas conversas com Nossa Senhora, São João teve esclarecimentos magníficos sobre as palavras e ações do Redentor. E recebeu a graça insigne de assistir à Assunção gloriosa de Maria Santíssima.
São João era considerado uma das “colunas da Igreja” (Gl 2, 9), conforme declara São Paulo. E após o ano 67 – quando São Pedro e São Paulo foram martirizados -, o discípulo amado passou a residir em Éfeso, na atual Turquia, considerada, então, a cidade mais importante do Império, depois de Roma.

Duas razões levaram-no a mudar-se para Éfeso: a vitalidade da Igreja dessa cidade, fundada por São Paulo, e as perigosas heresias que começavam nela germinar.

Combateu a gnose

Na época do Imperador Domiciano (81-96), São João foi conduzido para Roma onde foi lançado num tanque cheio de azeite fervente, mas miraculosamente saiu ileso e rejuvenescido. Indignado, Domiciano exilou-o para a ilha de Patmos, no Mar Egeu, onde São João escreveu o Apocalipse.

Nerva (96-98), sucessor de Domiciano, concedeu-lhe liberdade e ele voltou para Éfeso, onde redigiu o Evangelho e três epístolas. Seu Evangelho possui também um objetivo polêmico: combater os hereges gnósticos.

Segundo a gnose, “o homem é uma partícula que se desprendeu de uma divindade, mas não deveria ter-se desprendido. Isso foi um desastre nesse deus e, uma vez que nasci desse desastre, o que devo querer agora é manter-me em uma espécie de nirvana ou de nada, até o momento feliz em que eu possa me reincorporar na divindade”.
Sob o império de Trajano (98-117), ele morreu em Éfeso, tendo perto de cem anos de idade. Sua festa é comemorada em 27 de dezembro.

São João Evangelista é simbolizado pela águia, que voa nas alturas, porque desde as primeiras palavras de seu Evangelho se eleva à mais sublime contemplação: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1, 1).

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 129)

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1 – SÃO JOÃO BOSCO. História Sagrada. 10 ed. São Paulo: Salesiana, 1949, p. 204.
2 – Cf. FILLION, Louis Claude. La sainte bible avec commentaires – Évangile selon S. Luc. Paris: Lethielleux. 1889, p. 4.
3 – FILLION, Louis-Claude. Sainte Bible avec commentaires. Évangile selon S. Jean. Paris: Lethielleux. 1887, p. 10-11.
4 – Idem, ibidem, p. LX.

5 – Cf. Idem, ibidem, p. VI-VII.

6 – Idem, ibidem, p. V e LXII.

7 CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. O maior prazer da vida. In Revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano XX, n. 233, agosto 2017, p. 31.

 

 

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