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O mais belo nascimento da História

Redação (Sexta-feira, 12-01-2018, Gaudium Press) Miqueias profetizara que o Messias nasceria em Belém (cf. 5, 1-3). Com o edito de recenseamento de toda a população do Império Romano, incluindo, portanto, Israel, aproximava-se o momento em que tal profecia se cumpriria.

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A escura gruta onde animais comiam feno…

Então São José “subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à Cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, para se alistar com a sua Esposa Maria, que estava grávida” (Lc 2, 4-5|).

Nazaré distava de Belém cerca de 150 quilômetros. Ao chegar nesta cidade, o Santo Casal alistou-se e depois hospedou-se na casa de um primo de São José, que “os acolheu de má vontade, apenas por uma noite”.

No dia seguinte procuraram hospedagem, mas “não havia lugar para eles” (Lc 2, 7). Naquela época, as pousadas eram na maioria das vezes coletivas e estavam cheias devido ao recenseamento. Portanto, não serviam para Nossa Senhora e São José, virgens. O santo varão procurou outros parentes, os quais lhe negaram hospedagem.

São José lembrou-se, então, de uma gruta na qual se refugiava, quando menino, para proteger sua ilibada pureza contra certos primos mais velhos que, “instigados pelo demônio, procuravam tratar de temas indecentes diante dele”. Nessa mesma gruta Eva dera à luz seu terceiro descendente Set e, posteriormente, Abraão e o patriarca Jacó nela se refugiaram.

Para lá o Santo Casal se dirigiu. São José adentrou na gruta e ali encontrou uma manjedoura, onde os animais comiam feno. Ele “forrou-a cuidadosamente com palhas, ervas aromáticas e algumas flores que, apesar do inverno, ainda cresciam na pradaria vizinha”.

…se converteu numa imagem do Céu

“Quando Nossa Senhora entrou, esse recinto tão pobre transformou-se no mais belo palácio da toda a História! Os Anjos acompanhavam sua Rainha numa feeria verdadeiramente extraordinária, que convertia a escura gruta numa imagem do Céu!

“Uma luz suave, desconhecida até então, irradiou-se em torno de Nossa Senhora. A alma de São José, antes aflita, tomou-se de extraordinária alegria sobrenatural!” Ouviu-se o toque de muitos sinos, o teto da gruta se abriu e os Anjos subiam e desciam cantando músicas maravilhosas.

São José era tão humilde que se retirou discretamente do compartimento da gruta onde Maria Santíssima Se encontrava ajoelhada.

Mas Ela, considerando “na devida conta o papel de seu esposo naquele mistério, mesmo estando em altíssima contemplação, chamou-o para que ficasse junto a Si”.

Ele pôs-se também de joelhos e notou que do interior de Maria saía uma Luz como a do sol ao meio-dia. “Entende-se assim a necessidade da gruta… era indispensável para conter um pouco aquele fulgor e não intimidar toda a face da Terra.”

“Eu sou o vosso Criador e o vosso Filho!”

Em certo momento, “apareceu sobre Maria Santíssima o Divino Espírito Santo em forma de pomba […] Milagre dos milagres!

Transpondo o virginal e sagrado corpo e as vestes de sua Mãe, Jesus saiu do claustro materno como o sol atravessa um belíssimo vitral, sem romper em nada sua virgindade […]

“O Menino Deus, envolto numa nuvem luminosa, surgiu diante de Nossa Senhora. Ela, elevando um pouco os braços, tomou seu Filho e O abraçou. O parto, portanto, não teve nada de humano, nem supôs qualquer esforço de sua parte.”

Afirma Hugo de São Vitor (1096-1141) que em vários momentos de sua vida, Jesus tomou as qualidades do corpo glorioso; em seu nascimento Ele assumiu a sutileza, para deixar o claustro materno.

O primeiro gesto do Divino Infante “foi colocar as duas mãozinhas no rosto de Nossa Senhora e acariciá-La, como a Lhe dizer: ‘Eu sou o vosso Criador e o vosso Filho!’ Nossa Senhora ficou encantada e entrou em êxtase, levitando com o Menino Jesus nos braços”.

Tendo o Menino e sua Mãe voltado ao solo, Maria Santíssima pediu a São José que viesse adorá-Lo. Ela colocou-O nos braços dele, e “o Menino Jesus Se debruçou no ombro esquerdo do varão que havia escolhido para protegê-Lo nesta terra; um homem doce, meigo e afável, viril, de personalidade e pulso, no qual podia confiar inteiramente”.

Os Anjos adoravam o Menino Deus. Ali se encontravam os “espíritos celestes que, em função do mistério da Encarnação, haviam bradado nos Céus ao comando de São Miguel ‘Quis ut Deus? Serviam!’ [Quem como Deus? Servirei!] E tinham lutado contra Lúcifer e seus sequazes.”

Todos os esplendores da Santa Igreja e da Civilização Cristã

Avisados por Anjos, os pastores das redondezas, que guardavam seus rebanhos, se dirigiram para a gruta “com grande pressa” (Lc 2, 16).

Lá chegando, eles se aproximavam e faziam vênia ao Divino Infante, que sorria e lhes dava “uma bênção em forma de cruz, de modo delicado e suave […]

“As circunstâncias que cercaram esse nascimento, se vistas meramente com olhos humanos, cumulam-no de transtornos e deficiências, contradizendo os critérios mundanos segundo os quais os reis são recebidos com toda a pompa e luxo. Mas para quem tem olhos de fé trata-se da vinda ao mundo do mais glorioso dos guerreiros, que não desejou um berço para repousar, pois não veio em busca do descanso, mas da luta; que não Se importou com o frio, pois um combatente está disposto a tudo enfrentar para cumprir sua missão; que não temeu a pobreza, dando o exemplo de que um cavaleiro só deve confiar no Céu para obter a vitória; que, ainda antes de falar ou caminhar, já sabia esquivar-Se de seus inimigos e, com astúcia divina, lograr um Herodes […]

“Na fria Gruta de Belém despontavam todos os esplendores da Santa Igreja e da Civilização Cristã. Havia cinco milênios que a humanidade esperava a união dos Céus à terra. Na noite em que Deus feito Homem nasceu, esse plano realizou-se em Maria Santíssima e no coração do servo a quem Deus tanto amava, São José. Só eles, entretanto, viam toda a grandeza do que se
passava: de forma simples e escondida, a vitória sobre os maus e a derrota do demônio estavam decididas para sempre.”


Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 136)


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1 – Cf. SÃO VITOR, Hugo de. Apud SÃO TOMÁS DE AQUINO. Suma teológica. São Paulo: Loyola. 2006, v. 9, p. 403.
2 – CLÁ DIAS, João Scognamiglio, EP. São José: quem o conhece?… São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae. Arautos do Evangelho. 2017, p. 63.212.235 passim.


 

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