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Sobre a renúncia de Bento XVI, cinco anos depois

Cidade do Vaticano (Sexta-feira, 09-02-2018, Gaudium Press) Já se passaram cinco anos desde que em 11 de fevereiro de 2013, o Papa Bento XVI anunciou a um mundo surpreso sua decisão de renunciar ao Sólio Pontifício.

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Cinco anos depois e ainda existem perguntas sobre a decisão do Papa Emérito e todos querem saber como se encontra ele.

Ainda recentemente Bento XVI escreveu uma carta ao Jornal italiano “Il Corriere della Sera” onde afirmou: que lhe comovia “que tantos leitores de seu periódico desejem saber como estou transcorrendo este último período de minha vida. Só posso dizer a este respeito que, na lenta diminuição de minhas forças físicas, interiormente estou em peregrinação rumo à Casa”.

“Estou em peregrinação rumo à Casa”

Foi para conhecer memórias destes cinco anos que Alessandro Gisotti, do Vatican News, entrevistou Dom Alfred Xuereb, que foi o vice-secretário de Bento XVI de 2007 até o fim do Pontificado e que hoje é o Secretário-geral da Secretaria para a Economia da Santa Sé.

Diz inicialmente Dom Alfred Xuereb:
“Tenho muitas recordações do Papa Bento XVI e não quero esquecê-los, para manter aqueles anos vivos em minha memória. Obviamente, os momentos mais fortes foram ligados à sua renúncia.

Lembro-me muito bem quando em 5 de fevereiro de 2013, ele me chamou em sua sala e me anunciou a decisão de renunciar.
Naquela hora, pensei em lhe pedir para pensar um pouco mais… mas não o fiz. Eu sabia que ele havia rezado para tomar essa decisão”…

E o mundo foi informado

“Naturalmente outro momento forte foi o anúncio público, no Consistório de 11 de fevereiro: Eu chorei o tempo todo e inclusive no almoço.
Ele entendeu que eu estava emocionado; eu lhe disse: ‘Santo Padre, mas o sr. está tranquilo?’.
E ele respondeu com firmeza: ‘Sim’, porque seu trabalho já estava feito e ele estava sereno, estava em paz”, disse o outrora vice-secretário de Bento XVI a seu entrevistador.

Outra incumbência na despedida

Dom Alfred Xuereb relembra: “Outro momento importante para mim foi a despedida, porque ele me disse: ‘Você fica com o novo Papa’. E assim, quando foi eleito o Papa Francisco, ele lhe escreveu uma carta reiterando que me deixaria livre, caso precisasse de mim.
E quando chegou o dia de deixar Castel Gandolfo, a Secretaria de Estado me avisou: ‘Corre, faz a mala porque o Papa Francisco está abrindo as cartas sozinho!’.
Entrei no escritório de Bento e lhe pedi, chorando, a sua bênção.
Ele levantou, eu fiquei de joelhos e com tranquilidade, me deu a bênção e me deixou ir”.

A atual condição de Bento XVI

“Fui convidado por ele no dia de meu aniversário, 14 de outubro passado, para celebrar a missa e tomar café da manhã.
Eu o vi bastante lúcido, me perguntou várias coisas.
E os olhares que me dirigiu significavam que ele estava contente em me rever. Recordava bem alguns detalhes sobre minha família, minha mãe e até seus gatos!. Obviamente está muito frágil fisicamente. Tem quase 91 anos…”.

As pessoas entenderam o gesto de Bento XVI?

“Algumas pessoas sim, mas penso que outras ainda devem compreendê-lo”, disse o Prelado que ainda prosseguiu com a resposta:
“Bento XVI entendeu especialmente durante o voo ao México que não poderia mais fazer viagens longas. Em breve chegaria a Jornada Mundial da Juventude no Brasil e ele percebeu que não conseguiria mais viajar e fazer esforços como aquele…
Não se incomodou com o que pessoas ou realidades poderiam pensar sobre ele… que não tinha coragem para prosseguir”…

Bento XVI: memória viva

” Temos, portanto, uma memória histórica viva à qual podemos recorrer”, disse Dom Xuereb, “O Papa Francisco deu-lhe a definição certa: ‘Temos o privilégio de ter um ‘vovô’ em casa’.

E estou certo de que o Papa Francisco faz isso. Naturalmente, os gestos também falam. Ainda antes de se apresentar ao mundo, na sacada da Basílica de São Pedro, ele tentou ligar para o Papa Bento… Este é o motivo porque o Papa Francisco chegou atrasado na sacada. Mais tarde, nos ligaram novamente, durante o jantar, e disseram que Francisco chamaria depois. Quando chegou o telefonema, passei para o Papa Bento e o ouvi dizer: ‘Santidade, prometo desde já minha obediência e orações’. Não posso me esquecer daqueles momentos”.

E sua recente afirmação de que “Estou em peregrinação rumo à Casa” , confirma o que Dom Alfred Xuereb afirma já no final de sua entrevista que Bento XVI quis optar por uma vida retirada para justamente se preparar para o encontro final com o Senhor. (JSG)

 

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