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“Pai, Pão, Perdão”, três palavras que levam ao coração da Fé…

Cidade do Vaticano (Sexta-feira, 22-06-2018, Gaudium Press) Em sua visita de algumas horas à Suíça, pela tarde, o Papa Francisco celebrou uma missa no Palexpo de Genebra.

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Durante a homilia, Francisco fez uma reflexão onde quis destacar três palavras: “Pai, pão e perdão.”

“Três palavras que encontramos no Evangelho de hoje; são três palavras, que nos levam ao coração da fé”, disse o Pontífice.

Pai…

Para Francisco, a palavra ‘Pai’ é a chave de acesso ao coração de Deus:
“Pai: começa assim a oração. Pode-se continuar com palavras diferentes, mas não é possível esquecer a primeira, porque a palavra ‘Pai’ é a chave de acesso ao coração de Deus.”

E ainda continuou o Papa: “Com efeito, só dizendo Pai é que rezamos em língua cristã, é que rezamos ‘cristão’: não um Deus genérico, mas Deus que é, antes de tudo, Pai.

De fato, Jesus pediu-nos para dizer ‘Pai-nosso que estais nos céus’; não foi ‘Deus dos céus, que sois Pai’. Primeiramente, antes de ser infinito e eterno, Deus é Pai.”

“D’Ele provém toda a paternidade e maternidade. N’Ele está a origem de todo o bem e da nossa própria vida.

“Pai Nosso”: identidade, orfandade, solidão

“Então, ‘Pai-nosso’ é a fórmula da vida, aquela que revela a nossa identidade: somos filhos amados. “

Para o Santo Padre, é a fórmula que resolve o teorema da solidão e o problema da orfandade. É a equação que indica o que se deve fazer: amar a Deus, nosso Pai, e aos outros, nossos irmãos:

“É a oração do nós, da Igreja; uma oração sem o eu nem o meu, mas toda voltada para o Vós de Deus (o vosso nome, o vosso reino, a vossa vontade) e que se conjuga apenas na primeira pessoa do plural. ‘Pai-nosso’: duas palavras que nos oferecem o sinal da vida espiritual”, acentuou o Papa.

“Sempre que fazemos o sinal da cruz no princípio do dia e antes de cada atividade importante, sempre que dizemos ‘Pai-nosso’, apropriamo-nos novamente das raízes que nos servem de fundamento, disse, continuando suas afirmações.

Não cansar de dizer Pai Nosso

Francisco continuou expressando suas reflexões:
Precisamos fazer isso em nossas sociedades frequentemente desarraigadas. O ‘Pai-nosso’ revigora as nossas raízes.

Quando está o Pai, ninguém fica excluído; o medo e a incerteza não levam a melhor. Prevalece a memória do bem, porque, no coração do Pai, não somos personagens virtuais, mas filhos amados. Ele não nos une em grupos de partilha, mas nos gera juntos como família.

Não nos cansemos de dizer ‘Pai-nosso’: irá nos lembrar que não existe filho algum sem Pai e, por conseguinte, nenhum de nós está sozinho neste mundo; mas irá nos lembrar também que não há Pai sem filhos: nenhum de nós é filho único, cada um deve cuidar dos irmãos na única família humana.”

“Ao dizer Pai-nosso, afirmamos que cada ser humano é parte nossa e, diante de inúmeros malefícios que ofendem o rosto do Pai, nós, seus filhos, somos chamados a reagir como irmãos, como bons guardiões da nossa família e a trabalhar para que não haja indiferença perante o irmão, cada irmão: tanto do bebê que ainda não nasceu como do idoso que já não fala, tanto de um nosso conhecido a quem não conseguimos perdoar como do pobre descartado. Isto é o que o Pai nos pede, nos manda: amar-nos com coração de filhos, que são irmãos entre si”, precisou Francisco.

‘Pão’ e ‘Pedir Pão’

Sobre a segunda palavra, pão, o Pontífice sublinhou:

“Jesus diz para pedir a cada dia, ao Pai, o pão. Não é preciso pedir mais: só o pão, isto é, o essencial para viver.

O pão é, primeiramente, o alimento suficiente para hoje, para a saúde, para o trabalho de hoje; aquele alimento que, infelizmente, falta a muitos de nossos irmãos e irmãs. Por isso digo: ai daqueles que especulam sobre o pão!

O alimento básico para a vida cotidiana dos povos deve ser acessível a todos.”

Segundo o Papa, “pedir o pão de cada dia é dizer também:

‘Pai, ajuda-me a ter uma vida mais simples. A vida tornou-se tão complicada; apetece-me dizer que hoje, para muitos, a vida de certo modo está ‘drogada’: corre-se de manhã à noite, por entre mil telefonemas e mensagens, incapazes de parar, fixando os rostos, mergulhados numa complexidade que fragiliza e numa velocidade que fomenta a ansiedade”.

Encher a Vida, esvaziar o Coração

Para o Papa Francisco, “Impõe-se uma opção de vida sóbria, livre de pesos supérfluos. Uma opção contracorrente, como outrora fez São Luís Gonzaga que hoje recordamos.

A opção de renunciar a muitas coisas que enchem a vida, mas esvaziam o coração. Optemos pela simplicidade do pão, para voltar a encontrar a coragem do silêncio e da oração, fermento duma vida verdadeiramente humana” .

Jesus é o Pão de cada dia

“Não esqueçamos também que ‘o Pão de cada dia’ é Jesus. Sem Ele, nada podemos fazer. Ele é o alimento básico para viver bem.

Às vezes, porém, reduzimos Jesus a um tempero; mas, se não for o nosso alimento vital, o centro dos nossos dias, o respiro da vida cotidiana, tudo é vão. Ao suplicar o pão, pedimos ao Pai e dizemos para nós mesmos todos os dias: simplicidade de vida, cuidar daquilo que nos rodeia, Jesus em tudo e antes de tudo. “

Perdão: cláusula vinculante do Pai-nosso

Sobre o perdão, o Papa ressaltou que “é difícil perdoar”, pois “dentro trazemos sempre um pouco de queixa, de ressentimento e, quando somos provocados por quem já tínhamos perdoado, o rancor volta e com juros.

Mas, como dom, o Senhor pretende o nosso perdão. Impressiona o fato de o único comentário original ao Pai-nosso, o de Jesus, se concentrar numa única frase: ‘Porque, se perdoardes aos outros as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós.

Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai vos não perdoará as vossas’.

O perdão é a cláusula vinculante do Pai-nosso. Deus nos liberta o coração de todo o pecado, perdoa tudo, tudo; mas pede uma coisa: que, por nossa vez, não nos cansemos de perdoar. De cada um pretende uma anistia geral das culpas alheias”.

“Seria preciso fazer uma boa radiografia do coração, para ver se, dentro de nós, há bloqueios, obstáculos ao perdão, pedras a remover”, aconselhou o Papa.

“É bom dizer ao Pai, recomendou Francisco: ‘Vede este penedo! Confio-o a vós e peço-vos por esta pessoa, por esta situação; embora sinta dificuldade em perdoar, peço-vos a força de o fazer’.”

Ainda comenta o Santo Padre sobre o perdão: “o perdão renova, faz milagres. Pedro experimentou o perdão de Jesus e tornou-se pastor do seu rebanho; Saulo tornou-se Paulo depois do perdão que recebeu de Estêvão; cada um de nós renasce como nova criatura quando, perdoado pelo Pai, ama os irmãos”.

Com o perdão, ensina o Papa para encerrar, “introduzimos uma novidade verdadeira no mundo, porque não há novidade maior do que o perdão, que muda o mal em bem. (JSG)

(Da Redação Gaudium Press, com Informações Vatican News)

 

 

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