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Sal da terra e luz do mundo

Redação (Quarta-feira, 01-08-2018, Gaudium Press) Logo depois de proclamar solenemente as oito Bem-aventuranças, Jesus Se dirige sobretudo aos Apóstolos e discípulos, indicando-lhes as qualidades necessárias ao cumprimento de sua missão. Os conselhos do Divino Mestre se aplicam também a todos os católicos.

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Capacidade salífera

Disse Jesus: “Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens” (Mt 5, 13).

Os discípulos deveriam agir contra os erros doutrinários e maus costumes daquela época. Diz o Padre Fillion (1843-1927) que “a terra habitada era então, como nos ensina a História desses tempos, uma massa em putrefação”.

O que podemos afirmar a respeito do mundo atual?

Escreve Mons. João Clá: “Satanás age de maneira a apagar a chama da fé nas almas, obtendo como resultado um mundo paganizado, uma sociedade imersa no caos, a caminho da anarquia, onde a virtude se torna cada vez mais rara e reina o pecado.”

As pessoas desorientadas precisam de um apoio moral que as ajudem a seguir o bom caminho. Cada um de nós, católicos, pela graça divina recebe “uma como que capacidade salífera para dar um novo sabor à existência e fazer bem aos outros”.

Mas “se sou orgulhoso, egoísta ou vaidoso, se somente me preocupo em chamar a atenção sobre mim, significa que me converti num sal insosso que já não salga mais, e privo os outros de meu amparo”.

E quem perde a vida da graça e renuncia a ser o “sal da terra”, só servirá “para ser jogado fora e ser pisado pelos homens”.

“Seremos luz na medida em que nos santificarmos”

O Divino Mestre acrescentou: “Vós sois a luz do mundo […] Não se acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma vasilha, mas sim no candeeiro, onde ela brilha para todos os que estão na casa. Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos Céus” (Mt 5, 14-16).

Quando o Menino Jesus foi apresentado no Templo, o Profeta Simeão profetizou que Ele seria “luz para iluminar as nações” (Lc 2, 32). De fato, o Redentor iluminou o mundo e dividiu a História em duas partes: antes de Cristo (a.C) e depois de Cristo (d.C). Ele não é apenas “o centro, mas o ápice da História”.

O verdadeiro católico deve ser um imitador de Cristo. Neste mundo onde reina o pecado e o senso moral agoniza, “os discípulos de Jesus devem, com o auxílio da graça e o bom exemplo, iluminar e orientar as pessoas, ajudando-as a reavivar a distinção entre o bem e o mal, a verdade e o erro, o belo e o feio, apontando o fim último da humanidade: a glória de Deus e a salvação das almas, que acarretará o gozo da visão beatífica.

“Para que isso se concretize, a condição é sermos desprendidos e admirativos de tudo o que no universo é reflexo das perfeições divinas, de modo a sempre procurarmos ver o Criador nas criaturas. Assim, nossas cogitações e nossas vias terão um brilho proveniente da graça. […]

“E seremos luz na medida em que nos santificarmos, pois ensina a Escritura: “O olho é a luz do corpo. Se teu olho é são, todo o teu corpo será iluminado” (Mt 6, 22).

Devemos ser íntegros, rejeitando o relativismo

“Deste modo, nossa diligência, aplicação e zelo no cumprimento dos Mandamentos servirá ao próximo de referência, de orientação pelo exemplo, fazendo com que ele se beneficie das graças que recebemos. Assim, seremos acolhidos por Nosso Senhor, no dia do Juízo, com estas consoladoras palavras:

“Em verdade Eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a Mim mesmo que o fizestes!” (Mt 25, 40).

Entretanto, se vivo em pecado, “significa que apaguei a luz de Deus em minha alma e já não proporciono a iluminação que muitas pessoas necessitam para ver com clareza o caminho a seguir. E devo me preparar para ouvir a terrível condenação de Jesus: “Em verdade Eu vos declaro: todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a Mim que o deixastes de fazer” (Mt 25, 45).

“Em última análise, tanto o sal que não salga quanto a luz que não ilumina são o fruto da falta de integridade. O discípulo, para ser sal e para ser luz, deve ser um reflexo fiel do Absoluto, que é Deus, e, portanto, nunca ceder ao relativismo, vivendo na incoerência de ser chamado a representar a verdade e fazê-lo de forma ambígua e vacilante.

“Procedendo desta maneira, nosso testemunho de nada vale e nos tornamos sal que só serve “para ser jogado fora e ser pisado pelos homens”. Quem convence é o discípulo íntegro que reflete em sua vida a luz trazida pelo Salvador dos homens.”

Peçamos a Nossa Senhora que surjam e se multipliquem os apóstolos que vão por toda parte, “ardendo como fogos, e iluminando como sóis as trevas deste mundo”.

 

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 158)

 

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1 – FILLION, Louis-Claude. La sainte bible avec commentaires – Évangile selon S. Matthieu. Paris: Lethielleux. 1895, p. 107.
2 – CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, v. VII, 400.
3 – CLÁ DIAS, op. cit., 2013, v. II, p. 62.
4 – Idem, ibidem, p. 69.
5 – CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. A História: um imenso drama. In revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano II, n. 11 (fevereiro 1999), p. 27.

6 – CLÁ DIAS, op. cit. 2013, v. II, p. 63. 68-69.
7 – SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. Petrópolis: Vozes. 1974, p. 305.

 

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