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Católicos indianos recordam dez anos dos massacres de Orissa

Cidade do Vaticano (Quinta-feira, 09-08-2018, Gaudium Press) Completam- se dez anos que uma onda de atentados e massacres anticristãos foram perpetrados em Orissa, em 2008.

Esta onda continua sendo considerada como os piores ataques contra uma comunidade religiosa da história da Índia.

Ainda hoje a população do distrito de Kandhamal, no Estado indiano de Orissa, onde se deram os crimes, tem necessidade de assistência e clama por justiça.

A maior perseguição religiosa

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O National Solidarity Forum, que congrega cerca de 70 organizações indianas, que incluem ativistas, sacerdotes, religiosos, advogados e fiéis relatou recentemente:

“Esperamos que se recordem da tragédia ocorrida em Orissa em 2008.
Apenas oito dias após os festejos do Dia da Independência, a Índia foi testemunha do maior ataque contra uma comunidade religiosa em toda sua história.
Desde 2009, as pessoas de Kandhamal recordam-se do 25 de agosto como Dia da Memória pelas vítimas.
Este ano será o décimo aniversário das violências”.

393 igrejas. 6.500 casas de Cristãos

Segundo os números revelados pelo National Solidarity Forum, durante a onda de violência foram queimadas 393 igrejas e locais de culto pertencentes aos cristãos adivasis (tribais) e dalit, cerca de 6.500 casas ficaram completamente destruídas, mais de cem pessoas foram mortas, mais de 40 mulheres foram vítimas de estupros, moléstias e humilhações e diversas instituições educativas, sociais e de saúde foram saqueadas, fazendo com que mais de 12. 000 crianças perdessem a oportunidade de ter uma instrução.

Mais de 56.000 pessoas foram obrigadas a fugir de Kandhamal e buscarem refúgios nas florestas.

Violência contra as consciências: Conversões forçadas ao hinduísmo

Durante aquelas perseguições foram registrados diversos casos de conversão forçada ao hinduísmo exigidas pelo grupo extremista hindu “Sangh Parivar”.

Os deslocados de Kandhamal estão ainda hoje espalhados por diversas partes do país. Muitos deles não podem retornar para seus povoados de origem, sendo obrigados a recomeçar a vida, buscando casa e trabalho distante de seu distrito de origem.

Os Processos e seus andamentos

Depois de dez anos de violências e abusos, “os sobreviventes de Kandhamal ainda lutam pela paz, a justiça e a harmonia”, diz o National Solidarity Forum.

A Igreja Católica em Orissa também denuncia que os ressarcimentos do governo aos sobreviventes foram inadequados.
Foram feitas 3.300 denúncias, das quais apenas 820 foram analisadas pelos tribunais.

Destas, 518 foram reconhecidas como “admissíveis” pela Corte, porém, mais tarde, 247 dessas denúncias foram arquivadas, sem terem sido reconhecidos os culpados por alegação como falta de provas ou de testemunhas.

O restante dos casos ainda tramita nos tribunais de primeira instância, enquanto muitos casos foram resolvidos com uma absolvição…

Levando em consideração o número de denúncias apresentadas, apenas 1% dos casos chegou a alguma conclusão processual.

Em 2 de agosto de 2016, foi reconhecido pelo Supremo Tribunal que os ressarcimentos para as vítimas de Kandhamal não era suficientes.
“Portanto, defende o Forum, aqueles que foram excluídos das listas dos destinatários de compensações devem ser imediatamente incluídos. E isto inclui o ressarcimento às famílias daqueles que foram mortos, um ressarcimento pela destruição de casas e propriedades, um ressarcimento pelas moradias e igrejas, pelas instituições e ONGs”.

Processos não passam por reexame, ninguém foi preso

A Alta Corte considerou “inquietante” o fato de que 315 casos de violência comunitária tenham sido arquivados e pediu ao governo estatal para reexaminar estes casos, mas os processos ainda não foram reabertos.

Para assegurar a justiça aos sobreviventes da tragédia de Kandhamal, o National Solidarity Forum pelas vítimas de Orissa pede hoje: uma task force para monitorar os casos e os processos; a proteção das testemunhas contra as intimidações; uma investigação livre e imparcial para reabrir os casos arquivados.

“Hoje, nenhum dos criminosos responsáveis pelas violências está na prisão.
Os assassinos, os estupradores, os saqueadores estão livres, enquanto sete cristãos inocentes ainda estão presos injustamente”.

Celebrações e Apelo

É neste contexto que o National Solidarity Forum e a Associação dos sobreviventes de Kandhamal lançam um apelo para que “seja observado o 25 de agosto de 2018 em memória às vítimas de Kandhamal, ou em dias próximos a esta data.
O Dia será observado em 28 de agosto em Kandhamal e o 29 de agosto em Bhubaneshwar”.

Pedido veemente de Justiça

Durante as várias celebrações a serem realizadas neste 29 de agosto, será pedido apoio à atuação da justiça em favor das vítimas. Será pedida a identificação dos culpados e a reconstrução das casas e igrejas destruídas.

Ainda será pedido que seja instalada uma “Comissão para as minorias de Orissa”, para “esconjurar decisões tendenciosas no futuro e para tutelar processos de decisão harmoniosos e participativos, para todos os cidadãos”.

Recorda-se que todos estes pedidos já apresentados ao Presidente da Índia há três anos…
Porém, apesar das promessas recebidas, nenhuma ação específica foi tomada”. (JSG)

 

(Da Redação Gaudium Press com Informações Agência Fides)

 

 

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