Cristo Pantocrator

Redação (Quarta-feira, 05-09-2018, Gaudium Press) De todos os ensinamentos do Divino Mestre, no Sermão da Montanha, o mais sublime foi o Pai-nosso, chamado oração dominical, ou seja, do Senhor.

Uma oração simples e sublime

É uma oração simples e sublime ao mesmo tempo. Ela exprime todas as necessidades, as do tempo e do mundo visível, bem como as do mundo invisível e da eternidade. Eis o seu texto:

“Pai nosso que estais nos Céus, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso reino; seja feita a vossa vontade, assim na Terra como no Céu.

“O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.”

Cingir-nos-emos a comentar alguns trechos dessa oração.

“Pai nosso”:

Deus é nosso Criador. E “como a função de pai, na natureza, não é senão a de coadjuvar Deus na obra da Criação, se alguém merece na realidade o nome de Pai é Deus. E nosso pai segundo a natureza outra coisa não é senão o depositário de uma parcela da paternidade que Deus tem sobre nós”.

Rei por direito de nascimento…

“Venha a nós o vosso reino”.

O reino de Deus Pai é o mesmo que o do Filho e o do Espírito Santo, pois as três Pessoas da Santíssima Trindade “são iguais entre Si porque têm a mesma magnitude e essência”.

Consideraremos o reino de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Interrogado por Pilatos se era rei, Jesus disse: “Sim, Eu sou Rei” (Jo 18, 37). Nosso Senhor é Rei não só como Deus, mas também enquanto Homem.

Explica Plinio Corrêa de Oliveira:

“Encontramos manifestações várias e títulos diversos de Cristo como Rei, já na Igreja primitiva. Temos até a figura do Cristo Pantocrator, ou seja, Cristo Rei, porque Pantocrator quer dizer Senhor de todas as coisas. Ele está sentado sobre um trono que é o arco-íris, o sinal da aliança de Deus com os homens. E do alto desse trono Ele governa todas as coisas: a Igreja gloriosa, a Igreja padecente e a Igreja militante, como o Rei esperado por todos os séculos, Nosso Senhor Jesus Cristo dominando tudo e Senhor de tudo […]

“Há um princípio que estabelece o seguinte: na hierarquia dos seres, quando um deles é imensamente superior ao outro, adquire uma autoridade sobre esse outro. E com fundamento nisto Ele, que é Homem verdadeiro, ligado por união hipostática à Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, tem uma superioridade infinita sobre todos os seres do universo.

“E não só como Deus, mas na sua humanidade Jesus é Rei de todos os homens porque é a cabeça do gênero humano, a mais alta criatura existente no gênero humano. Nosso Senhor é Rei do gênero humano pela união hipostática e na sua humanidade santíssima.

…e direito de conquista

“Ele é Rei também como Redentor, porque conquistou o gênero humano, sacrificou-Se, Se imolou na Cruz, e essa imolação salvou a humanidade do Inferno, abriu as portas do Céu para os homens. Com seu Sangue, Jesus conquistou a humanidade, adquiriu sobre ela um direito régio.

“De maneira que a realeza de Cristo tanto pode ser contemplada meditando-se Nosso Senhor sobre um trono, quanto no alto da Cruz. Porque do alto da Cruz, por direito de conquista, Ele se tornou Rei de todo o gênero humano.”

O Reino de Cristo deve se estabelecer em cada pessoa, nas famílias, na sociedade e no Estado. Para que ele se efetive torna-se necessário que obedeçamos com amor ao Rei, isto é, façamos a vontade de Nosso Senhor, expressa nos Mandamentos. Quem os cumpre é um súdito fiel; quem os rejeita consciente e voluntariamente é um revoltado, que passa a servir ao “príncipe deste mundo”, ou seja, satanás.

Rei da Igreja e do Estado

“O gênero humano pode ser considerado como pertencendo a duas espécies de sociedades: a espiritual e a temporal. Nosso Senhor Jesus Cristo é Rei da sociedade espiritual, a Igreja Católica. Se o Papa reina na Igreja, é como Vigário de Cristo, quer dizer, como representante de Cristo. Porque o verdadeiro Rei da Igreja Católica […] é Nosso Senhor Jesus Cristo. […]

“O Estado, enquanto Estado, tem Nosso Senhor Jesus Cristo como Rei. E o efeito concreto disto é a obrigação que tem o Estado de aplicar as leis de Nosso Senhor Jesus Cristo; e se não as aplica se coloca em estado de revolta contra o seu verdadeiro Rei.”

O Reino de Cristo “será realizado, do modo mais autêntico, mais elevado, mais sublime, […] por meio da Realeza de Maria Santíssima”, conforme a promessa anunciada em Fátima: “Por fim o meu Imaculado Coração triunfará.”

Perigos da internet

“Não nos deixeis cair em tentação”.

Para não cair em tentação é necessário rezar e evitar as ocasiões próximas de pecado. Sobretudo, devemos ter especial cuidado com a internet, que frequentemente apresenta cenas e comentários que induzem a pecados graves.

De modo especial, sejamos vigilantes a respeito das crianças e dos adolescentes, nos quais “o senso moral está em formação, quando se desenvolvem as noções e os sentimentos de justiça e de retidão, dos deveres e das obrigações, do ideal da vida”.

Mas também os adultos são bombardeados pela propaganda da infidelidade conjugal, dos atos contra a castidade, do divórcio, da contracepção, do aborto, etc. “Essas visões, promovendo as causas contrárias ao matrimônio e à família, são prejudiciais para o bem comum da sociedade.”

Peçamos a Nossa Senhora a graça de sermos súditos fidelíssimos de Cristo Rei, seguindo de modo exímio seus divinos ensinamentos.

 

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” -162)

 

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1 – Cf. FILLION, Louis-Claude. La sainte bible avec commentaires – Évangile selon S. Matthieu. Paris: Lethielleux. 1895, p. 129.
2 – Cf. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, n. 2759.
3 – CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Obediência a Cristo Rei. In revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano V, n. 46 (janeiro 2002), p. 16.
4 – SÃO TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica I, q. 42, a. 1, ad 4.
5 – CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Cristo Rei. In revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano XV, n. 176 (novembro 2012), p. 7.9.
6 – PIO XI, Encíclica Vigilanti cura, n. 25.
7 – JOÃO PAULO II. Mensagem para o 38º Dia Mundial das Comunicações Sociais, n. 2-3.