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Tobias captura um grande peixe

Redação – (Terça-feira, 26/07/2016, Gaudium Press) – Entre os habitantes do reino de Israel que foram deportados para a cidade de Nínive, quando Samaria foi tomada pelos assírios, em 721 a. C, encontrava-se um varão justo chamado Tobit.

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Tobit torna-se cego

Enquanto residia ele na terra de Israel, seus parentes e todos os seus irmãos caíram na idolatria oferecendo sacrifícios ao bezerro de ouro, que o péssimo Rei Jeroboão fizera em Dã, Tobit ia a Jerusalém nos dias festivos a fim de cultuar o verdadeiro Deus, no Templo. Tobit casou-se com Ana, e dela teve um filho que recebeu o nome de Tobias.

Em Nínive, Tobit continuou inteiramente fiel a Deus e chegou a ganhar o favor de Salmanasar, rei dos assírios. Mas o sucessor deste, Senaquerib – querendo se vingar da grande derrota que o Altíssimo lhe infringira, quando um Anjo exterminou 185.000 assírios -, matou muitos israelitas, cujos cadáveres eram jogados para fora das muralhas.

Tobit recolhia os corpos às escondidas e os sepultava, mas foi denunciado a Senaquerib, que procurava matá-lo. Ele então fugiu, deixando em Nínive sua esposa e seu filho.

Logo depois, o ímpio Senaquerib foi assassinado por dois de seus filhos, um dos quais se tornou rei. O novo monarca nomeou um irmão de Tobit encarregado das finanças, o que possibilitou o regresso de Tobit.

Certo dia, Tobias informou a seu pai que um judeu havia sido assassinado e seu cadáver fora lançado na praça pública. Imediatamente, Tobit removeu o corpo para um esconderijo e, ao cair da noite, ele o sepultou.

Após ter-se banhado, Tobit foi ao pátio de sua casa, deitou-se junto a uma parede onde havia um ninho de pardais, e um acidente fez com que seus olhos ficassem cobertos por manchas brancas.

Ele consultou médicos, mas quanto mais pomadas aplicavam tanto mais os olhos pioravam; e Tobit ficou completamente cego. Além dessa provação, Tobit foi tratado com aspereza por sua esposa; tal foi seu sofrimento que ele pediu a Deus: “Manda, Senhor, que eu seja libertado desta angústia e deixa-me partir para a morada eterna” (Tb 3, 6). Todos esses sofrimentos indicam como o justo Tobit foi semelhante a Jó.

Sofrimento de Sara

Enquanto isso acontecia em Nínive, na longínqua Média – atual Irã – ocorriam fatos dignos de nota.

Uma jovem israelita inocente chamada Sara fora dada em casamento a sete homens, sucessivamente, e na noite das núpcias cada um dos maridos foi morto pelo demônio Asmodeu (cf. Tb 3, 8).

A criada de Sara começou a censurá-la atrozmente, acusando-a de ter matado os sete maridos. Tudo isso causou tanto sofrimento em Sara que ela pensou em se enforcar, mas começou a rezar e assim resistiu à tentação. Em sua oração, ela disse a Deus que nunca manchara sua virgindade, e pedia-Lhe que tirasse sua vida.

“Na mesma hora foi ouvida a oração de ambos, na presença da glória de Deus” (Tb 3, 16). E o Criador enviou o Anjo Rafael a Tobit a fim de curar sua cegueira, e a Sara para dá-la como esposa a Tobias, e “prender Asmodeu” (Tb 3, 17).

Tobit, que se tornara pobre, recordou-se que havia 20 anos depositara 350 quilos de prata nas mãos de Gabael, residente em Rages, cidade da Média, próxima àquela em que morava Sara. E mandou que Tobias fosse retirar aquele valor. Antes, porém, deu-lhe diversos conselhos que mostram como Tobit era um varão de grande virtude.

Recomendou a seu filho que sempre guardasse a castidade, evitasse toda frivolidade, fizesse obras de misericórdia aos necessitados, e se casasse não com uma mulher pagã, mas judia. E concluiu: “Terás muitos bens, se fores temente a Deus e se te mantiveres afastado de todo pecado, agindo sempre bem na presença do Senhor teu Deus” (Tb 4, 21). E entregou-lhe um documento comprobatório do depósito do dinheiro.

O Anjo Rafael acompanha e orienta Tobias

Embora a missão fosse árdua, Tobias declarou a seu pai que a cumpriria, bem como seguiria todos seus conselhos. E Tobit recomendou-lhe que procurasse alguém de confiança para acompanhá-lo na viagem, pois o percurso seria bastante longo.

Ao sair de sua casa, Tobias encontrou o Anjo Rafael, o qual tomara a forma de um judeu chamado Azarias, parente de Tobit. Mas Tobias ignorava que ele fosse um Anjo. Houve então um diálogo entre os dois:

– Perguntou-lhe Tobias: Quem sois?

– Sou israelita e vim aqui para trabalhar.

– Conheces a estrada que conduz à Média?

– Sim, pois estive lá algumas vezes e me hospedei em casa de Gabael, que mora em Rages, cidade situada a dois dias de caminhada da capital da Média.

– Espera um pouco, enquanto falarei com meu pai. Preciso que vás comigo numa viagem e pagar-te-ei o salário.

Após ouvir a narração do ocorrido, Tobit pediu que o Anjo Rafael – sempre com aspecto humano – entrasse em sua casa, saudou-o e lhe disse que não enxergava. O Anjo declarou-lhe: “Coragem! Em breve serás curado por Deus, coragem!” (Tb 5, 10).

Tobit perguntou a Rafael se poderia acompanhar seu filho, mediante o pagamento de um salário. O Anjo respondeu: “Posso, pois conheço todos os caminhos.” Ao partirem, o velho Tobit disse: “Que Deus vos proteja e o seu Anjo vos acompanhe” (cf. Tb 5, 10.17). Eles então iniciaram a viagem, seguidos pelo cão de Tobias.

Caminharam durante todo o dia e, ao cair da noite, Tobias foi até às margens do Rio Tigre, a fim de lavar os pés. De repente, um enorme peixe salta da água para devorar um dos pés do jovem; obedecendo à ordem do Anjo, Tobias segura o peixe e o arrasta para a terra.

Então Rafael mandou-lhe que o abrisse e separasse o coração, o fígado e o fel, que serviriam como remédio. Tobias assim o fez, em seguida assou e comeu parte da carne do peixe, e depois continuaram a viagem.

Peçamos a Nossa Senhora que nos conceda uma grande e crescente devoção aos Anjos. Que em nossa caminhada terrena eles nos protejam contra as ciladas do demônio!

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 78)

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