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Bispo da Inglaterra: Necessitamos manter uma forte tradição de guerra justa

Londres – Inglaterra (Terça-feira, 09-08-2016, Gaudium Press) “A partir de uma perspectiva católica, a tradição da Guerra Justa é mais importante que nunca”, afirmou o Bispo de Clifton, Inglaterra, Dom Declan Lang, em um artigo escrito por ocasião do voto parlamentar sobre a renovação do programa nuclear Trident. O prelado indicou que esta doutrina oferece luz sobre graves questões como quais são os motivos que poderiam justificar um conflito armado com outro país, qual é o equilíbrio entre o dever de proteger as vidas e o de manter a paz e qual é o tipo de força que é legítimo usar em um caso específico. “Estas são todas as perguntas que nosso governo e nosso parlamento enfrentam em um mundo cada vez mais volátil”, advertiu.

O prelado, cujo escrito foi reproduzido pela Conferência de Bispos da Inglaterra e Gales, recordou que a Igreja restringe a legitimidade da guerra às condições em que “um agressor está infringindo um grave e duradouro dano que não pode ser resolvido praticamente por outro meio”. Além desta motivação, os atacantes devem ter prospectos sérios de vitória e empregar a força da forma que não resolva em um mal maior que o que pretendia ser eliminado.

Dom Lang assinalou que uma análise moral da guerra exige ter em conta a proporção da força empregada. “Isto é particularmente relevante no contexto de hoje: as cabeças nucleares não podem ser usadas sem matar civis com conhecimento; no entanto outra nova tecnologia como o equipamento de reconhecimento avançado pode reduzir com efetividade o dano indiscriminado mas também cria outras questões éticas”. Os católicos devem trabalhar para promover as soluções pacíficas e “somente ver o uso da força como o último recurso”.

Apesar desta advertência, o Bispo reconheceu que a falta de resposta diante dos horrores como os vividos em Srebrenica e Ruanda pode permitir o pior dos males. Os atos de genocídio fazem legítimo para os estados atuar militarmente de forma limitada como parte de um esforço maior em termos diplomáticos e humanitários para proteger aos civis. O conceito de Guerra Justa engloba outros aspectos como o trato devido aos prisioneiros, a proteção dos civis e o cuidado dos feridos e tem inspirado acordos internacionais como os que atualmente buscam mitigar a desumanidade em meio aos conflitos.

“Todos queremos ver um mundo sem guerra”, concluiu o Bispo. “No entanto, enquanto a gente recorre à violência sempre haverá uma necessidade intrínseca de uma forte tradição de Guerra Justa”, a qual não contradiz os esforços em favor da paz, garantindo que quando não se possa evitar o conflito “os objetivos fundamentais da justiça e a humanidade não se percam”. (GPE/EPC)

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