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A terra sem Domingo: uma reflexão sobre a sacralidade do Dia do Senhor

Oklahoma – Estados Unidos (Terça-feira, 30-08-2016, Gaudium Press) Em 1955, Maria Von Trapp, a mulher cuja história inspirou o famoso musical “A Noviça Rebelde”, escreveu um ensaio intitulado “A Terra sem Domingo”, sobre a eliminação do descanso dominical na União Soviética como um meio de erradicação da cultura cristã. No entanto, o texto, analisado recentemente pelo Professor auxiliar de Filosofia da St. Gregory’s University dos Estados Unidos Alexander Schimpf não fica aí: relata como a família Von Trapp ao chegar aos Estados Unidos vê a uma sociedade que perdeu a noção deste dia sagrado.

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As manobras denunciadas por Von Trapp para eliminar o Domingo incluíam o trabalho por turnos, a variação de dias de trabalho e a possibilidade de receber um dia de descanso aleatório durante a semana. Inclusive se alguém pudesse descansar no domingo, a sociedade ao seu redor não o fazia e ninguém se desentenderia. Mas a sociedade norte-americana dos anos 30 lhe recordou outra forma de desaparecimento do dia de descanso ordenado por Deus.

O típico domingo para muitas pessoas parecia consistir simplesmente em levantar-se tarde, ir ansioso à Igreja perto do meio-dia e voltar para fazer atividades tão monótonas como podar o jardim ou lavar o carro. Para Von Trapp, esta ideia de Domingo tem pouco a ver com o conceito judaico do Sábado ou a vivência cristã do Dia do Senhor.

O descanso para desenvolver o espírito

Schimpf aprofunda nesta ideia, apoiando-se em um texto do filósofo Josef Pieper, intitulado “Ócio: a base da cultura”. O pensador percorre a história da humanidade e reconhece que o tempo de descanso é de grande importância para o desenvolvimento da cultura, quando transcende seu sentido de ser simplesmente “tempo fora do trabalho” para converter-se em uma atitude de mente “receptiva, relaxada e celebrativa”, na qual a pessoa pode prestar atenção mais profunda à realidade.

Pieper encontra a origem deste tipo de descanso no Culto Divino, já que a religião é a razão primordial pela qual os seres humanos fazem uma pausa nas atividades. “Somente a adoração superou o trabalho. É o culto que tem dado origem ao tempo livre”, recorda Schimpf. Por este motivo, propõem que para recuperar o autêntico sentido do Domingo e do descanso, faz falta “recuperar a religiosidade do Domingo, orientar nossas famílias e culturas mais plenamente ao Culto Divino”.

“Podemos assistir a Missa, mas o que mais fazemos no Domingo que nos abra a Deus? Na realidade nos abstemos do trabalho e ofícios durante o dia?”, questionou Schimpf. “Oramos privadamente? Catequizamos às nossas crianças ou falamos sobre Deus com nossa família? Buscamos recreações com nossa família que possam ser referidas a Deus?”. Para o autor, as respostas afirmativas indicam que esse dia recuperou sua noção original e sua participação no descanso do Criador relatado no livro do Gêneses. (GPE/EPC)

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