Papa vai a São João de Latrão para Encontro de Quaresma com o clero de Roma
Roma – Itália (Quinta-feira, 02-03-2017, Gaudium Press) Tradicionalmente, após a Quarta-feira de Cinzas o Santo Padre deixa o Vaticano e vai até a Basílica de São João de Latrão paara encontrar-se com os párocos da Diocese de Roma, a Diocese da qual o Papa é o Bispo.
A finalidade da visita é ajudar o presbitério romano a percorrer de maneira frutífera o itinerário espiritual e pastoral da Quaresma.
Esse Retiro aconteceu hoje e iniciou-se com o canto da Hora Média, seguida da liturgia penitencial que foi guiada pelo Bispo Auxiliar Dom Angelo De Donatis. O Papa Francisco atendeu em confissões alguns sacerdotes e, logo em seguida, proferiu uma meditação para todos que ali se encontravam.
O Papa propôs ao clero o tema do progresso da fé na vida do sacerdote, partindo da exortação dos discípulos contida no Evangelho de Lucas:
“Senhor, aumenta-nos a fé!”.
A longa meditação do Pontífice teve como fio condutor a experiência de Simão Pedro, dividida em três momentos: a memória, a esperança e o discernimento.
a, para assinalar o início da Quaresma, e confessou 15 sacerdotes antes de apresentar uma reflexão sobre o crescimento na fé.
Francisco esteve durante mais de duas horas na basílica papal de São João de Latrão, a ‘catedral’ do Bispo de Roma, e quis falar aos párocos da sua diocese sobre a importância do “discernimento”, evitando o “impulso” de resolver algo imediatamente.
O Papa mostrou que é necessário ter uma “lúcida memória do passado” para poder abrir-se ao futuro e “ver a estrada realmente nova”, distinguindo-a dos caminhos que “não levaram a nenhum lado”.
Pontos tratados pelo Santo Padre
O Papa alertou os bispos e padres que não se sintam “pecadores”, uma vez que esta falta de consciência leva as pessoas a “fechar-se” em si mesmas, enquanto que uma fé madura é capaz de gerar “fé nos outros”.
Francisco falou da importância da família e do testemunho de pessoas “simples” no percurso de fé de cada um, desafiando os presentes a “procurar as raízes da fé”.
O Pontífice sustentou que “O crente é fundamentalmente alguém que faz memória” e que a história da família “nunca passa de moda”.
“O afeto e a audácia dos nossos pais, que se gastaram para que nós pudéssemos estar aqui e ter o que temos, são uma chama acesa em qualquer coração nobre”, declarou.
A memória, a esperança e o discernimento
Na meditação, o Pontífice teve como fio condutor a experiência de Simão Pedro, dividida em três momentos: a memória, a esperança e o discernimento.
Memória
Para Francisco, é sempre importante recordar a promessa do Senhor. A cruz é um ponto firme, como o lema de São Bruno: “A Cruz está fixa enquanto o mundo gira”. Fazer memória das graças recebidas confere à fé a solidez da encarnação.
Esperança
A esperança é o que abre a fé às surpresas de Deus, disse Francisco.
O nosso Deus é sempre maior do que tudo aquilo que podemos pensar e imaginar sobre Ele. A abertura da esperança confere à nossa fé frescor e horizonte.
Não se trata de abrir a uma imaginação para projetar fantasias e desejos próprios, mas a abertura que provoca contemplar a espoliação de Jesus.
Discernimento
Para o Papa, o discernimento é o que concretiza a fé, e que a torna “operosa por meio da caridade”, aquilo que permite dar um testemunho crível.
“O discernimento do momento oportuno (kairos) é fundamentalmente rico de memória e de esperança: recordando com amor, fixa o olhar com lucidez àquilo que melhor guia rumo à Promessa.”
Neste caminho da progressão da fé, o mal está sempre à espreita, através das tentações e das provações, relembrou o Papa Francisco que ainda afirmou que ele tem sua origem num ato de orgulho espiritual e nasce da soberba de uma criatura perfeita.
Lembrar São Pedro
Em sua trajetória, Simão Pedro experimenta inúmeros momentos em sua vida, porém com uma única lição: aquela do Senhor que confirma a sua fé para que ele confirme a fé do seu povo.
“O peso dos nossos pecados, tantas vezes, afasta-nos do Senhor, lamentou Francisco. Para ele é preciso recordar que Jesus escolheu como primeiro Papa alguém que o “renegou”.
Mas o Papa ainda recomendou: ” Peçamos também nós a Pedro de nos confirmar na fé, para que nós possamos confirmar a fé de nossos irmãos.”
Por fim o Francisco ofereceu aos sacerdotes presentes um livro que contém uma entrevista de um “grande confessor”, um religioso capuchinho de 90 anos que o Papa conheceu em Buenos Aires.
O título do livro: ‘Não ter medo de perdoar’. (JSG)
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