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Jejum e oração para vencer o inimigo

Redação (Segunda-feira, 06-03-2017, Gaudium Press) Mardoqueu, que prestara um grande serviço ao Rei Assuero, denunciando os conspiradores que queriam matar o monarca, continuava despretensiosamente exercendo suas funções junto à porta do palácio real.

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Amã ordena a matança dos judeus

Em determinada ocasião, Assuero promoveu um indivíduo ímpio chamado Amã para o mais alto dos cargos, e todos os servos que se encontrassem na porta do palácio, por ordem do Rei, se ajoelhavam e se inclinavam quando Amã passava.
Somente Mardoqueu não dobrava os joelhos nem se curvava diante dele.

Tendo Amã sabido desse comportamento de Mardoqueu e que ele era judeu, decidiu exterminar todos os hebreus que se encontrassem no reino de Assuero. Foi ele falar com o Rei, o qual lhe deu autorização para fazer o que achasse melhor.

Amã enviou cartas, marcadas com o sinete do Rei, aos governadores das províncias e chefes dos diversos povos, dizendo que os judeus não seguiam os costumes de todas as nações, desprezavam as ordens do Rei etc. E acrescentava que, em determinado dia por ele marcado, todos os israelitas deveriam ser trucidados, desde as crianças até os anciãos, e seus bens confiscados para incrementar o tesouro real.

Ao tomar conhecimento desse nefando objetivo de Amã, Mardoqueu cobriu-se com panos de saco, espalhou cinza na cabeça e, caminhando da praça central da cidade até a entrada do palácio real, clamava em alta voz contra aquela decisão criminosa.

Informada por suas escravas a respeito do procedimento de Mardoqueu, Ester mandou que o procurassem e lhe perguntassem o motivo pelo qual ele assim fazia.

Através de intermediários, Mardoqueu informou a Ester o que estava acontecendo, e pediu-lhe que interviesse junto ao Rei em favor de seu povo.

Ora, existia uma lei segundo a qual toda pessoa que entrasse no átrio do rei sem ter sido chamada seria condenada à morte. E Mardoqueu recomendou a Ester que enfrentasse esse terrível risco. Ela obedeceu, pedindo ao seu pai adotivo que reunisse todos os judeus de Susa e fizessem um jejum total -sem nada comer nem beber- durante três dias e três noites; Ester e suas escravas também jejuariam da mesma forma. E acrescentou:

“Depois me apresentarei ao Rei, mesmo contrariando o preceito. Se for preciso morrer, morrerei” (Est 4, 16).

“Abomino os costumes perversos”

Então, todos os israelitas do reino se puseram a rezar a Deus. E a Rainha Ester, trajando vestes de luto e prosternada com suas escravas, fez uma oração que mostra a grandeza de sua alma. Eis uma síntese dessa belíssima prece:

-Socorrei-me, Senhor, pois não tenho outro defensor senão Vós. Narram os livros de meus antepassados que Vós salvastes Noé, no dilúvio; que entregastes nove reis a Abraão, quando este dispunha de apenas 318 homens; que livrastes Jonas do ventre da baleia, e Ananias, Azarias e Misael da fornalha; que retirastes Daniel da cova dos leões; que tivestes compaixão do Rei Ezequiel, quando estava às portas da morte, e lhe concedestes mais 15 anos de vida; que doastes um filho a Ana, atendendo à oração feita por ela; que libertais todos os que Vos agradam.

Vós sabeis que abomino os costumes perversos e não tenho tido alegria senão em Vós, Senhor. Inspirai-me as palavras adequadas diante do leão (1), e mudai o seu coração para que odeie quem nos ataca, Amã, para a perdição desse homem e dos seus partidários. E livrai-nos das mãos dos nossos inimigos, e aos que se levantam contra vossa herança dai-lhes um castigo exemplar. Manifestai-Vos, Senhor! (cf. Est 4, 17n-17kk) (2).

Um banquete e uma forca

Após os três dias e três noites de oração e jejum, Ester revestiu-se dos trajes de rainha e dirigiu-se ao átrio do Rei, o qual estava sentado em seu trono. Quando viu Ester, ele alegrou-se e estendeu-lhe o cetro de ouro que tinha em suas mãos, dizendo:

“Qual é o teu pedido? Ainda que pedisses a metade do meu reino, ela ter seria concedida” (Est 5, 3).

Ester solicitou ao Rei que comparecesse junto com Amã ao banquete por ela preparado. Assuero assentiu e imediatamente mandou chamar Amã. Durante o banquete, o Rei disse a Ester que fizesse seu pedido, e ela rogou que Assuero viesse para outro banquete no dia seguinte, acompanhado apenas de Amã, e nessa ocasião exprimiria seu desejo.

Terminado o repasto, Amã saiu contente, mas ao passar pela porta do palácio ficou furioso porque Mardoqueu, que ali se encontrava, não se levantara e nem sequer se movera de sua posição.

Amã mandou chamar seus amigos e sua mulher, e mostrou-lhes suas riquezas, jactando-se de que o Rei o cumulara de glórias acima de todos os outros príncipes. E acrescentou:

“A própria Rainha Ester não chamou a mais ninguém para o banquete com o Rei, senão a mim. E com ela novamente amanhã devo tomar a refeição, junto com o Rei! Entretanto, mesmo tendo tudo isso, é como se não tivesse nada, enquanto continuar a ver Mardoqueu, o judeu, sentado à porta do Rei” (Est 5, 12, 13).

A mulher de Amã aconselhou-o preparar uma forca para matar Mardoqueu, e ele a fez no quintal de sua casa…

* * * * *

Peçamos a Nossa Senhora que, a exemplo de Ester, tenhamos o espírito de oração e de penitência, como Ela pediu em Fátima. E que seja gravada em nossa alma a verdade ensinada pelo Redentor:

“Esta espécie [de demônios] não pode ser expulsa a não ser pela oração e o jejum” (Mt 17, 21).


Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” -105)


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1 – Leão: o Rei Xerxes.

2 – Citação conforme a BIBLIA SAGRADA – Tradução da CNBB. 8.ed. Brasília: Edições CNBB; São Paulo: Canção Nova. 2008.

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