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500 anos das Romarias de São Miguel, nos Açores

Ilha de São Miguel – Açores (Quarta-feira, 08-03-2017, Gaudium Press) Elas estão prestes a completar 500 anos de existência. São as concorridas Romarias Quaresmais de São Miguel, nos Açores. Neste ano, divididos e cerca de 52 “ranchos”, 2500 homens percorreram os caminhos dos Açores cantando músicas e rezando orações que seus avós já repetiam de seus antepassados.

Pedindo proteção divina e remissão dos pecados

O Padre Luís Leal concedeu entrevista à Agencia Ecclesia e destacou aspectos dessa “experiência forte”, com “grande caráter penitencial” e de “conversão”, que nasceu a partir de um acontecimento que marcou a Ilha de São Miguel no século XVI, uma erupção vulcânica que trouxe grande destruição ao território:

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“Foi aí que os homens e mulheres começaram a percorrer as igrejas dedicadas a Nossa Senhora, pedindo a proteção divina e a remissão dos seus pecados”, conta o sacerdote, que integra o Rancho de São José, em Ponta Delgada.

Peregrinação de Penitentes

Nesse sentido, uma Romaria é sobretudo “uma peregrinação de penitentes” que passa por todas as paróquias, “todas as suas ermidas e capelas”, onde os participantes procuram “rezar por aquelas comunidades, por aquelas pessoas”.

Uma caminhada que termina depois com uma sensação de “redenção”, em que “a chegada à Igreja é sempre um momento de libertação, como que o espelho de uma vida, da caminhada quaresmal para chegar à ressurreição”, interpreta Padre Luís Leal.

Redescoberta da oração e do silêncio

Sendo proveniente do Patriarcado de Lisboa, o padre Luís Leal explica o gosto pessoal pela romaria com a busca de uma paz interior, difícil de encontrar no meio de uma grande diocese, ou de uma grande cidade.

“Os Açores, em geral, e São Miguel, em particular, têm esta capacidade de nos limpar até fisicamente das toxinas ganhas na grande cidade. Mas mais do que isto foi pela redescoberta da oração e do silêncio que tanto nos faz falta. Ali temos toda a nossa vida, que vem ao de cima”, salienta.

300 quilómetros por semana

Segundo o portal ‘Igreja Açores’, nesta última semana já “saíram 11 ranchos” que até dia 13 de abril, data de Quinta-feira Santa, vão “percorrer a ilha de São Miguel, de manhã à noite”.

Munidos de “um xaile” e de “um saco para alimentos”, além do indispensável “bordão” e de um “terço”, os romeiros percorrem até “300 quilómetros por semana” a pé, “entoando cânticos e rezando”.

Se por um lado, a “indumentária caracteriza o romeiro”, por outro “também o despoja de tudo o que é o exterior do dia-a-dia”, “faça sol ou faça chuva, é para caminhar, é para andar”, frisa o padre Luís Leal.

Intenções das orações

Nas suas orações, os romeiros pedem pela paz no mundo, pela Igreja, pelas pessoas com quem vão contatando durante a caminhada.

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“Uma das caraterísticas da romaria é não apenas rezarmos pelas nossas intenções ou pelas dos nossos irmãos, mas acolhermos também muitas orações vindas do exterior. Mas quem pede também tem de rezar, sabe que se nós somos 50 irmãos, vai ter que rezar 50 pais-nossos, 50 terços. Isto mostra também o grau de aflição ou de gratidão das pessoas”, sublinha o padre Luís Leal.

Uma intenção especial está reservada para o pontificado do Papa Francisco, que vai visitar o Santuário de Fátima, por ocasião do Centenário das Aparições, nos dias 12 e 13 de maio.

O portal ‘Igreja Açores’ informa que entre os ranchos integrados na Romaria Quaresmal 2017, estão “dois provenientes da diáspora”, ou seja, compostos por emigrantes açorianos que regressam por estes dias à sua terra natal, como o rancho de Santa Maria, de Toronto. (JSG)

(Da Redação Gaudium Press, com informações Ecclsia e Igreja Açores)

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