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À imagem de Deus

Redação (Quarta-feira, 15-03-2017, Gaudium Press) Consta no próprio Gênesis que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança (cf. Gn 1, 26-27).

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Porém, como nos explica ROYO MARÍN: “o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. No entanto, esta imagem divina não é unívoca e perfeita, mas analógica e imperfeita”.

São Tomás: Imagem e semelhança

De fato, encontramos em São Tomás: “Como diz Santo Agostinho, ‘onde existe imagem, há certamente semelhança, mas onde há semelhança, não existe com certeza imagem’. Por onde se vê que a semelhança pertence à razão de imagem, e que imagem acrescenta alguma coisa à razão de semelhança, a saber, que é reproduzida de outro: com efeito, chamamos imagem pelo fato de se fazer à imitação de outra coisa; por isso, um ovo, por mais semelhante e igual que possa ser com relação a outro ovo, não é chamado sua imagem, porque não é reproduzido por dele. […]

Ora é manifesto que se encontra no homem certa semelhança de Deus, semelhança que deriva de Deus como de seu modelo. No entanto, não é uma semelhança de igualdade, pois o modelo ultrapassa infinitamente o modelado.

Assim se diz que há no homem imagem de Deus, não perfeita, mas imperfeita. É o que exprime a escritura quando diz que o homem foi feito à imagem de Deus; a preposição a, com efeito, traduz certa aproximação, o que cabe a uma coisa distante”. (Summa Theologica, I, q. 93, a. 1)

Só o Verbo é Imagem perfeita de Deus

Como vimos então, o homem é sim uma imagem de Deus, entretanto ele o é do modo analógico e imperfeito, como foi dito acima, pois somente o Verbo é a Imagem perfeita e unívoca do Pai.

Mas o homem é a imagem e semelhança de Deus, pois ele possui o intelecto, que o aproxima de Deus, o faz poder imitar seu Criador, podendo assim louvá-lo.

Comenta o Doutor Angélico: “Visto que é em virtude de sua natureza intelectual que se diz ser o homem à imagem de Deus, ele o é sobretudo na medida em que a natureza intelectual pode imitá-lo ao máximo. Ora a natureza intelectual imita a Deus ao máximo, naquilo em que Deus se conhece e se ama”. (Idem.)

Enfoque teológico

Não resisto em dar a este breve pensamento um enfoque mais teológico, afirmando com MONDIN:

“Os ensinamentos de São Tomás sobre a graça, a fé, a esperança e a caridade são todos atuais, mas de modo particular a doutrina sobre a graça santificante que transforma o próprio ser do homem e o eleva à condição de filho de Deus”.

Podemos concluir que de fato o homem, sobretudo por sua natureza intelectual, é a imagem de Deus, entretanto é pela a graça que ele é elevado à condição de filho de Deus, atingindo assim a maior semelhança que com Deus se pode ter.

Por Pe. Michel Six, EP

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