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O helenismo invade a Palestina

Redação (Quinta-feira, 04-05-2017, Gaudium Press) Alexandre Magno aspirava “difundir o helenismo e criar um grande império com base na cultura helênica”.

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O helenismo é “o conjunto dos costumes e das ideias da Grécia antiga”. Tal palavra provém de helenos; “os gregos adquiriram o hábito de se chamarem todos por um mesmo nome, os ‘helenos’ (o nome de gregos foi-lhes dado pelos latinos), e de chamarem os outros povos – mesmo civilizados – de ‘bárbaros'”. 

A arte grega

Na Grécia antiga havia coisas boas, por exemplo, no campo da arte.

“Dotados de bom gosto extraordinário, os gregos tinham o talento de fazer coisas lindíssimas, até imortais […] Com um muito bom golpe de vista, eles entendiam o que precisa ter uma coluna para ser maravilhosa […] Há colunas que ficam imortais. Às vezes, com o passar dos séculos, o templo inteiro cai, e uma coluna que reste é um monumento histórico […]

“Mesmo as praças de aldeolas eram de uma beleza, de uma harmonia célebre até o fim do mundo. Os gregos viviam ladeados, inundados pela harmonia, mas uma harmonia inteligente que exigia trabalho para perceber, e era filha do desejo de perfeição.”

Os “monumentos gregos tinham isto de interessante: exprimiam o desejo de fazer um Olimpo na Terra. As construções dos gregos são mais feitas para serem habitadas por semideuses do que por homens. Havia uma certa ideia de fazer um mundo de maravilha”.

Os gregos brilharam também no campo da Filosofia, que eles chamavam sabedoria. Afirma São Paulo: “Os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria” (I Cor 1, 22). Nessa ‘sabedoria’ destacou-se, sobretudo, Aristóteles, o qual é chamado por São Tomás de Aquino de “o Filósofo”.

Em matéria de oratória, houve um grego que se tornou famoso: Demóstenes, considerado um dos maiores oradores de todos os tempos. A língua grega era falada por inúmeros povos, inclusive na cidade de Marselha, atual França. 

Aspectos execráveis do helenismo

Mas havia também coisas nefandas. Os gregos cultuavam vários deuses. Escreve Monsenhor João Clá:

“Formavam eles um temível bando de depravados, opressores, assassinos, parricidas, matricidas, fraticidas, cruéis, egoístas, traidores, preguiçosos, falsos, desonrados, incestuosos, fornicadores, perversos e pedófilos. Zeus – o Júpiter dos romanos -, a divindade máxima desse covil, era não só um brutamontes, que praticara canibalismo devorando uma de suas filhas e assassinara outros parentes próximos, mas também um adúltero incontrolável, que fizera muitas vítimas entre ‘deusas’ casadas e solteiras, violentara suas irmãs e noras, estuprara sua própria filha e até sua mãe e que, além disso, mantinha como amante um menino que raptara.

Em Esparta, o Estado declarara que os pais deveriam matar os filhos nascidos disformes. “Até Aristóteles e Platão incluíram, em suas propostas de legislação, essa prática. “

Gregos famosos, como Sólon, Sófocles, Xenofonte, praticaram e louvaram a pederastia. “Mesmo Sócrates, Platão e Aristóteles não ficaram isentos desse mal.”

As festas por excelência promovidas pelos gregos eram as esportivas, ou Grandes Jogos, que se celebravam periodicamente em honra de certos deuses; os Jogos Olímpicos, em honra de Zeus, se realizavam em Olímpia, cidade da Grécia. Havia estádios com arquibancadas para 40.000 espectadores.

Eis outras características desse mundo helenístico: “a baixa natalidade e a propaganda anticoncepcional, o papel excessivo concedido à mulher que […] assume tarefas viris”.

Homens iníquos pregam a aliança entre a Revelação divina e o helenismo

Em Alexandria, com um milhão de habitantes, havia uma colônia judaica muito numerosa; um grupo de hebreus constituiu nessa cidade um execrável movimento que visava “conciliar a Revelação divina com a filosofia grega”. Na realidade eles queriam que a verdadeira religião se adaptasse à idolatria e aos péssimos costumes dos gregos.

Doravante, quando utilizarmos a palavra helenismo – ou cultura grega –, queremos nos referir aos seus aspectos maus; esse é exatamente o sentido que lhe dão os Livros dos Macabeus.

Então, certos hebreus começaram a percorrer Israel pregando a adaptação ao helenismo. Esses “homens iníquos”, diziam que era preciso fazer tal aliança “porque, desde que nos isolamos, muitos males nos aconteceram” (I Mc 1, 11).

Comenta o grande exegeta Padre Fillion: “Esses judeus eram verdadeiros apóstatas, que visavam nada menos que a destruição moral do judaísmo.”

“‘Desde que nos isolamos, muitos males nos aconteceram’. Há, nessa afirmação cínica, uma inversão completa dos ensinamentos dos profetas, segundo os quais, pelo contrário, as calamidades nacionais eram devidas à falta de fidelidade para com Jeová.”

“Sobretudo entre as classes altas, houve pessoas que se deixaram seduzir, não pelo que havia de grande e elevado na civilização grega, mas pelo que ela possuía de mau e favorável às paixões [desordenadas].”

Mas existiram também homens que não pactuaram com essas abominações, e lutaram destemidamente para manter Israel na fidelidade a Deus. E dessas batalhas, como veremos, os Anjos participaram ativamente, de modo esplendoroso. O Céu e a Terra se uniram para combater o mal e glorificar o Criador.

Por Paulo Francisco Martos
(Noções de História Sagrada – 110)

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1 – FUSTER, Eloíno Nácar e COLUNGA, Alberto OP. Sagrada Biblia – versión directa de las lenguas originales. 11.ed. Madri: BAC. 1961, p. 528.
2 – Dicionário Aurélio da língua portuguesa.
3 – DEZ, G. e WEILER, A. – Curso de História Jules Isaac – Oriente e Grécia. São Paulo: Mestre Jou, 1964, p. 143.
4 – CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Harmonia na arte, harmonia na vida. In Revista Dr. Plinio, São Paulo, n. 227, fevereiro 2017, p. 34-35.
5 – CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Um seminário do Céu. In Revista Dr. Plinio, São Paulo, n. 228, março 2017, p. 33.
6 – Cf. DANIEL-ROPS, Henri. Histoire Sainte – Le peuple de Dieu. Paris: Arthème Fayard. 1942, p. 350.
7 – CLÁ DIAS, João Scognamiglio, EP. A Igreja é imaculada e indefectível. São Paulo, 19-4-2010.
8 – Cf. DEZ, G. e WEILER, A. op. cit. p. 151.
9 – DANIEL-ROPS, Henri. Op. cit. p. 351.
10- Idem, ibidem, p. 350.
11- FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée – Les Livres des Machabées. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné.1923, p. 628.

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