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Lições das aves do céu

Redação (Segunda-feira, 22-05-2017, Gaudium Press) Desafios, riscos e esforços estão constantemente presentes na vida desta Terra. E não só para os homens, como também para os animais. Para fazer face a tais obstáculos, a Divina Providência os beneficiou com admiráveis instintos, que podem trazer valiosas lições para nós. Por isso, já dizia o santo Jó: “Pergunta, pois, aos animais, e eles te ensinarão; às aves do céu, e elas te instruirão” (12, 7).

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É o que acontece ao contemplarmos os majestosos “Vs” que, com a proximidade do inverno, cortam o azul do céu com seu vigoroso avanço. Eles são desenhados por bandos de aves migratórias, buscando um clima mais propício nas regiões setentrionais do globo. Durante a longa viagem elas mantêm esta característica disposição, na qual um dos pássaros vai à frente dos demais, bem no vértice da farpa.

Além de ser bela, esta disciplinada formação obedece a um princípio de sabedoria do Criador: cada bater de asas do líder do bando cria um vácuo que é aproveitado pelos que vêm logo atrás, fazendo-lhes economizar uma boa dose de esforço. O mesmo acontece, sucessivamente, com todos os outros integrantes. Deste modo, o empenho de quem está à frente serve de benefício para os que lhe seguem. A fim de melhor enfrentar os ventos, as correntes de ar e as agruras do deslocamento, numerosas aves se revezam nesta tarefa. Assim, depois de certo tempo mantendo tão fundamental posição, quem liderou o bando refaz suas forças ocupando um lugar diferente em que o esforço é bem menor.

Não é difícil compreender a lição que estas aves do céu nos têm a dar, sobretudo se recordamos que estamos em constante “migração” por este vale de lágrimas, que é a Terra.

Se de fato amamos a Deus, para Ele rumaremos com confiança e alegria, sem nos deixar abater pelas vicissitudes do caminho, e desejaremos igual felicidade para nossos semelhantes. Isto significa, com frequência, tomar a iniciativa de encorajá-los, conforme o ensinamento do Apóstolo: “Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não relaxarmos. Por isso, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos os homens, mas particularmente aos irmãos na Fé” (Gal 6, 9-10).

Sem dúvida, quando as tempestades da tribulação desabam sobre alguém, uma palavra ou gesto de conforto pode aliviar o peso de seu infortúnio. Mais importante, porém, é estarmos preparados para enfrentar os escolhos e perigos da longa viagem e, quando necessário, nos adiantarmos com galhardia para abrir caminho, permitindo que os outros avancem mais decididamente rumo à Pátria Eterna.

Se formos generosos nesta tarefa, não temendo as dificuldades e os sofrimentos de quem é chamado a liderar, o nosso “bando” avançará sem experimentar as amarguras do egoísmo, a exemplo de Maria Santíssima que até nas terríveis horas da Paixão foi guia e sustentáculo da Igreja nascente.

Com o auxílio desta Mãe, que é a Fortaleza dos fracos, estaremos sempre animados e animando, e, quando atingirmos nosso destino final, receberemos a recompensa daqueles que, tendo “introduzido muitos nos caminhos da justiça, luzirão como as estrelas, com um perpétuo resplendor” (Dn 12, 3).

Por Ir Maria Beatriz Ribeiro Matos, EP
(in “Revista Arautos do Evangelho”)

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