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No céu, esquadrões de cavalaria em formação cerrada

Redação (Terça-feira, 30-05-2017, Gaudium Press) O ímpio Antíoco Epífanes, Rei da Síria, invadiu o Egito “com um exército imponente, com carros e elefantes, cavalaria e muitos navios” (I Mc 1, 17). E o soberano dessa nação, Ptolomeu VI, fugiu. Era o ano 170 a. C.

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Cavaleiros com trajes dourados

Nessa época, Jasão, irmão do verdadeiro sumo sacerdote Onias e que comprara esse título de Antíoco Epífanes, enviou um tal Menelau para levar o dinheiro ao rei; mas, oferecendo ao monarca uma quantia maior, Menelau conseguiu para si o sumo sacerdócio.

Munido desse cargo, o simoníaco Menelau tornou-se um tirano cruel com “o furor de um animal selvagem” (II Mc 4, 25), expulsou Jasão do país e roubou tesouros do Templo para pagar o que prometera a Antíoco.

Onias encontrava-se nessa ocasião em Antioquia, capital do reino sírio, e sabendo desses fatos, censurou duramente Menelau. Este, enviou um emissário para Antioquia, o qual assassinou o valoroso Onias.

E Menelau “permaneceu no poder, crescendo em maldade e tornando-se o pior adversário dos seus concidadãos” (II Mc 4, 50).

Aconteceram, então, fatos extraordinários em Jerusalém, que mostram, sobretudo, a união entre o Céu e a Terra.
“Durante quase 40 dias, apareceram, correndo pelo ar, cavaleiros com vestes douradas, armados de lanças, organizados em pelotões e empunhando espadas. Viam-se esquadrões de cavalaria em formação cerrada, ataques e contra-ataques de um e de outro lado, movimentos de escudos e multidão de lanças, arremessos de dardos e cintilações dos ornamentos de ouro, enfim, couraças de todo tipo. Por isso, todos suplicavam que essa aparição fosse de bom agouro” (II Mc 5, 2-4).

Note-se que essas miraculosas aparições foram vistas por toda a população da cidade santa, e durante quase 40 dias. Eram Anjos que prefiguravam as grandes batalhas que em breve eclodiriam em Israel.

Antíoco invade o Templo

Tendo corrido o boato de que Antíoco Epífanes havia morrido, Jasão, seguido por um milhar de homens, invadiu Jerusalém, promovendo uma matança de judeus. Mas, não conseguindo firmar-se no poder, “teve de fugir, de cidade em cidade, expulso por todos, detestado como apóstata das leis e execrado como algoz de sua pátria e de seus concidadãos, e afinal enxotado para o Egito” (II Mc 5, 8).

Sabendo desses fatos, Antíoco Epífanes, que estava voltando do Egito, atacou Jerusalém promovendo uma carnificina: em três dias, 40 mil judeus foram mortos, e outro tanto, vendidos como escravos.

Depois penetrou no Templo, tendo por guia Menelau, “traidor das leis e da pátria”, e roubou seus tesouros “com suas mãos sacrílegas” (II Mc 5, 15-16). Isso aconteceu devido aos pecados dos habitantes da cidade, sobretudo sua indiferença para com o lugar santo. “De fato, se eles não se tivessem envolvido em tantos pecados, também esse homem — Antíoco –, ao dar o primeiro passo, teria sido imediatamente barrado de sua audácia a chicotadas, como acontecera com Heliodoro” (II Mc 5, 18).

Devido a esse atentado sacrílego, “a terra tremeu […] e toda a casa de Jacó se cobriu de vergonha” (I Mc 1, 28).

Antíoco, carregando os tesouros, partiu para Antioquia deixando como superintendentes em Jerusalém Felipe, o frígio, Andrônico e Menelau; este último “oprimia seus próprios concidadãos ainda mais duramente que os outros” (II Mc 5, 23).

Dois anos depois, Antíoco enviou a Jerusalém Apolônio, que a incendiou e destruiu casas e muralhas; construiu uma cidadela onde foram instalados homens iníquos. A cidade santa “tornou-se estranha à sua própria gente […] seu Santuário ficou desolado como um deserto […] Como fora grande a sua glória, multiplicou-se a sua ignomínia, e a sua exaltação se converteu em luto” (I Mc 1, 38-40).

Abominação da desolação

E Antíoco proibiu holocaustos e sacrifícios no Templo, a circuncisão e abrigou os judeus a levantarem altares e templos aos ídolos. E instalou no Templo a “abominação da desolação” (cf. I Mc 1, 54), ou seja, a estátua de Zeus – o Júpiter dos romanos (cf. II Mc 6, 2). E “o Templo ficou repleto da devassidão e das orgias dos pagãos, que aí se divertiam com prostitutas e, nos pórticos sagrados, mantinham relações com as mulheres” (II Mc 6, 4).

Os israelitas estavam obrigados a participar das festas de Dionísio, o deus do vinho e da ebriedade – o Baco dos romanos –, acompanhando a procissão em honra dele, com ramos de hera na cabeça (cf. II Mc 6, 7). “As dionisíacas […] eram famosas por seu caráter ruidoso e imoral.”

Quem fosse encontrado com algum livro da Lei era morto e os textos queimados. As mães que permitissem a circuncisão de seus filhos seriam punidas de morte, “seus filhinhos estrangulados, as casas destruídas, e mortos os que haviam praticado a circuncisão” (I Mc 1, 61). “Todo aquele que não agisse de acordo com a palavra do rei seria morto” (I Mc 1, 50).

O escritor sagrado faz uma sapiencial advertência:

“Aos que lerem este livro exorto a que não se desconcertem com tais calamidades, mas pensem que esses castigos aconteceram não para ruína, mas para correção da nossa gente.

“De fato, não deixar impunes por longo tempo os que agem impiamente, mas logo atingi-los com castigos, é sinal de grande benevolência. Pois não é como com as outras nações, que o Senhor espera com paciência para puni-las, quando elas cheguem ao cúmulo dos seus pecados.

“Assim, conosco, Ele decidiu castigar-nos, sem esperar que nossos pecados chegassem ao extremo. Por isso jamais retirou de nós a sua misericórdia: ainda quando corrija com desventuras, Ele não abandona seu povo” (II Mc 6, 12-16).

Por Paulo Francisco Martos
( in “Noções de História Sagrada” – 112)

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1 – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée – Le second Livre des Machabées. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné.1923, p. 830.

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