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Sacerdote chinês faz balanço de 10 anos da Carta à Igreja na China de Bento XVI

Beijing – China (Quarta-feira, 31-05-2017, Gaudium Press) Após dez anos da elaboração da Carta à Igreja na China do Papa Bento XVI, o sacerdote chinês Padre Peter, colaborador da Agência AsiaNews, realizou um balanço do cumprimento das indicações do Pontífice e seu desejo pela recuperação da liberdade religiosa no país que conduzira à restauração das relações oficiais com o estado.

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“A Carta indica não apenas a direção para a Igreja na China, mas descreve a partir de uma perspectiva teológica a natureza especial da Igreja Católica e, ao mesmo tempo, expressa a preocupação da Suprema Autoridade pela Igreja chinesa”, expôs o sacerdote. O presbítero recordou que por causa das circunstâncias históricas do país “nossa Igreja na China vive sob influência política e manter a comunhão com a Igreja universal se faz problemático”.

Diante desta realidade, produto da perseguição aberta e depois da tentativa de controle por parte do regime comunista, Bento XVI recordou em sua Carta que “a Igreja, por causa do seu papel e sua competência, não se identifica com comunidade política alguma nem está atada a um sistema político”, acrescentando que a Igreja “é, por sua vez, um sinal e a salvaguarda da dimensão transcendente da pessoa humana”. No entanto, na China tanto a chamada Associação Patriótica Católica como a Conferência Episcopal “são sustentadas e controladas pelo governo e jogam um papel vergonhoso”. O ministério dos prelados que aceitam as ordens do regime se converte na “verdadeira tragédia da Igreja na China” na opinião do sacerdote.

No documento pontifício, Bento XVI explicou a doutrina católica sobre o Bispo, que é “a fonte visível e o fundamento da unidade na Igreja particular confiado ao seu ministério pastoral”. Mas para que cada Igreja particular seja plenamente Igreja “deve estar presente a suprema autoridade da Igreja, isto é, o Colégio Episcopal junto à sua Cabeça, o Romano Pontífice, e nunca aparte dele”. Esta doutrina é a que é atacada pelo regime comunista que busca uma igreja chinesa autônoma e independente e pressiona os prelados a atuar em consequência, tendo êxito em um setor da Igreja. Por este motivo o Padre Peter reconhece “um vazio entre o espírito da Carta de Bento XVI e sua implementação prática”.

Apesar desta realidade, existem Bispos e sacerdotes que defendem esta doutrina da Igreja. “Ainda que corram o risco de serem postos em prisão ou desaparecer ou ser sujeitos de doutrinação, eles são os heróis da Igreja, que merecem admiração e respeito”, indicou o sacerdote. Seu balanço menciona a vários Bispos perseguidos por causa de sua fidelidade à Igreja apesar de ter respeitado as leis locais. Estes prelados são assinalados localmente como convictos, ainda que a Carta à Igreja na China os reconheça como “testemunhas da Fé”, que “sofreram e perdoaram, oferecendo suas vidas pelo futuro da Igreja Católica na China”

O documento reconhece “uma graça particular do Espírito Santo” que permitiu que apesar da perseguição e limitação da liberdade religiosa ainda existia uma sucessão apostólica legítima na pessoa de numerosos Bispos legitimamente ordenados e em comunhão com o Papa. O Padre Peter conclui sua análise observando como a criação da Jornada de Oração pela Igreja na China expressa a responsabilidade dos fiéis de trabalhar espiritualmente pelo futuro da Igreja Católica nesse país. (EPC)

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