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Manifestação do poder de Deus

Redação (Segunda-feira, 03-07-2017, Gaudium Press) Numa das batalhas de Judas Macabeu contra os povos vizinhos, os pagãos estavam junto a uma torrente. E Judas com seus homens, que se encontravam a uma certa distância do outro lado, partiram a fim de atacá-los.

Atravessou a torrente na frente de todos, e os inimigos foram esmagados

O general inimigo disse aos seus soldados que se Judas atravessasse na frente de todos o curso de água, eles, pagãos, estariam vencidos. Se hesitasse e ficasse acampado às margens da torrente, os pagãos os liquidariam. Assim que chegou à torrente, Judas a “atravessou por primeiro, ao encontro dos inimigos, e todo o povo o seguiu. Todos os gentios foram esmagados […] Os judeus tomaram a cidade e puseram fogo ao templo, com todos os que estavam dentro” (I Mac 5, 43-44).

Continuando sua caminhada, Judas encontrou uma cidade a qual fechou suas portas, impedindo que os judeus a atravessassem.

Judas pediu que as abrissem, pois se comprometia a não prejudicar seus habitantes. Eles se recusaram. Então, sob as ordens do Macabeu, “os soldados tomaram posição e ele começou o assalto à cidade, todo aquele dia e toda a noite, até que ela caiu em suas mãos. Ele fez passar ao fio da espada toda a população masculina, arrasou as casas, tomou os despojos, e atravessou a cidade pisando sobre os corpos dos mortos” (I Mac 5, 50-51). 

Purgatório e orações pelos mortos

Em determinada ocasião, Judas Macabeu mandou recolher os corpos dos que tinham morrido numa batalha, a fim de que fossem sepultados nos túmulos de seus antepassados.

Ao se executar esse piedoso trabalho, foram encontrados sob as roupas dos que haviam sucumbido objetos consagrados aos ídolos. “Então ficou claro, para todos, que foi por isso que eles morreram. Mas todos louvaram a maneira de agir do Senhor, justo Juiz, que torna manifestas as coisas escondidas. E puseram-se em oração, pedindo que o pecado cometido fosse completamente cancelado” (II Mac 12, 40-42).

Tratavam-se de amuletos. “Vê-se por esse fato que a raiz inteira da idolatria não tinha desaparecido do seio do judaísmo, e que vários daqueles que defendiam a religião de seus pais – a única verdadeira –, com o risco de suas vidas, estavam ainda impregnados do espírito pagão.”

Judas Macabeu, então, “mandou fazer o sacrifício expiatório pelos falecidos, a fim de que fossem absolvidos do seu pecado” (II Mac 12, 45).

“A Igreja sempre viu retamente nessa passagem a prova da existência do Purgatório e da utilidade das orações pelos mortos. Estes dois dogmas conexos não poderiam estar nesse trecho mais claramente afirmados.”

Antíoco Epífanes: todos os seus membros foram fraturados

Enquanto isso acontecia, Antíoco Epífanes fez uma incursão na Pérsia, mas teve estrondoso fracasso. Sabendo das derrotas que seus generais haviam sofrido na Judeia, ficou ébrio de ódio e “ordenou ao cocheiro que tocasse o carro sem parar, enquanto já o acompanhava o julgamento do Céu.

“De fato, ele assim falara, na sua arrogância: ‘Vou fazer de Jerusalém um cemitério de judeus, apenas chegue lá!'” Pior. Ele julgava que os judeus eram “indignos até de sepultura e merecedores, ao contrário, de serem expostos às aves de rapina e atirados, com seus filhinhos, aos animais carnívoros”.

“Mas Aquele que tudo vê, o Senhor, Deus de Israel, feriou-o com uma chaga incurável e invisível: mal Antíoco terminara a sua imprecação, acometeu-o uma dor insuportável nas entranhas e tormentos atrozes no ventre.

“Isto era plenamente justo, pois ele havia atormentado as entranhas dos outros com numerosas e rebuscadas torturas. Mesmo assim, não desistia em nada da sua arrogância. Antes, cheio de soberba e no seu íntimo vomitando fogo contra os judeus, mandou ainda acelerar a marcha.

“De repente, caiu da carruagem que corria precipitadamente, tombando com violência no chão, e sofrendo fraturas em todos os seus membros. E ele que, pouco antes, na sua arrogância de super-homem, achava que podia dar ordens às ondas do mar e seria capaz de pesar na balança as altas montanhas, jazia por terra e teve de ser transportado numa padiola. Assim dava mostras evidentes, a todos, do poder de Deus” (II Mac 9, 4-8). Ou seja, ele se considerava um deus, e até mesmo tomou esse título nas moedas que mandou cunhar.

De seus olhos saíam vermes

“Mais ainda: dos olhos desse ímpio saíam vermes, e suas carnes se decompunham entre espasmos lancinantes, estando ele ainda vivo. E todo o exército, por causa do mau cheiro, mal suportava essa podridão” (II Mac 9, 9). Fora ele alvejado pelo “justo juízo de Deus”. Essa mesma doença atingiu o hediondo Herodes Agripa, que havia mandado matar o Apóstolo São Tiago Maior; ele “expirou carcomido pelos vermes” (At 12, 23).

No meio desses tormentos, Antíoco chegou a fazer promessas de que restituiria os bens roubados do Templo, abraçaria o judaísmo etc., se fosse curado. Mas o Senhor não o atendeu porque “seu arrependimento era superficial e sem sinceridade”.

“Este assassino e blasfemo, sofrendo dores atrozes, morreu nas montanhas em terra estrangeira. Seu fim foi miserável, correspondendo ao modo como tratara os outros” (II Mac 9, 28). O castigo desse ímpio havia sido previsto pelos irmãos macabeus, que foram martirizados por ordem dele (cf. II Mac 7, 14-41).

Peçamos a Nossa Senhora que nos obtenha a graça de nos compenetrarmos de que Deus premeia os bons e castiga os ímpios, não só após a morte, mas muitas vezes nesta vida terrena.

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 117)

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1 – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée – Le second Livre des Machabées. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné.1923, p. 874.
2 – Idem, ibidem, p 875.
3 – Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée – Le second Livre des Machabées. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné.1923, p. 850.
4 – Idem, ibidem, p. 851.

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