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Motivar a adoração

Redação (Terça-feira, 18-07-2017, Gaudium Press) O dever de adorar o Santíssimo Sacramento o cumprem os fiéis quando comungam com devoção, quer seja sacramental ou espiritualmente; quando participam de uma Hora Santa de adoração, também visitando o “Deus escondido” que permanece reservado em um sacrário; ao participar de uma procissão de Corpus Christi, etc.

Igualmente, até podem adorar o Senhor em casa ou no trabalho!

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De que modo? Aproximando-se em espírito do sacrário de sua paróquia ou de algum outro templo, em um ato de fé e amor.
A bem dizer, pode-se adorar a Jesus Sacramentado em todo o tempo e lugar. Que graça e que facilidade!

Imaginemos uma circunstância hipotética bastante suis generis: que se soubesse que Nosso Senhor Jesus Cristo estaria em pessoa em uma praça pública ou em um lugar descampado, em uma hora certa.

Com toda a certeza, se ajuntaria ali milhares e milhares de devotos e curiosos.

Mas não é menos certo que em milhares e milhares de sacrários de nossas Igrejas e capelas urbanas e rurais, o Senhor está presente, sempre a nossa espera, reunindo pouquíssimos… ou ninguém, e sem sequer que se pense nele.

Falta de fé? Falta de amor? Sim, e também falta de consequência, pois o que professamos com os lábios não aplicamos a nossa vida concreta.

Aa razão iluminada pela fé nos diz que Jesus está aí. Mas acontece que a sensibilidade não se acende diante desta verdade incontestável e, por isso, não chega a mover a vontade para que se resolva a ir adorar ao Senhor.

Essa insensibilidade é irracional e, por isso, evidentemente pecaminosa. Enquanto ela não for combatida e corrigida, ela deixará suas sequelas inevitáveis: uma vontade desfibrada, incapaz de mover-se.

Até animais que agem por instintos, são infalíveis no exercício de cumprir com sua finalidade. O Homem, ao contrário, chega racionalmente a renunciar ao dever, o que acarreta consequências fatais e eternas. Assim somos nós…

Das potências da alma -inteligência, vontade, sensibilidade- a terceira é a mais frágil e, a esse título, é a que se tem que cuidar e motivar com especial esmero. Sem um incentivo que potencie a vontade, a virtude se faz impraticável, ou quase tanto.

Por isso, em relação ao culto devido à Eucaristia, é necessário que haja ambientes apropriados que estejam à altura do mistério e que estimulem aos fiéis a fazer atos de adoração.

Poder-se-ia objetar que a ambientação não é mais que um marco acessório, que o que importa é a substância mesma: apenas a presença da Eucaristia, nada mais. Mas quem simplifique assim as coisas, claudica de sua condição humana, pois que não somos puros espíritos como os anjos.

Como amar e servir a Deus e ao próximo sem atitudes, gestos, sinais? O amor e o serviço se formam em coisas palpáveis, não ficam em teorias ideais. Cristalizam-se também em princípios razoáveis e realizáveis hic et nunc, aqui e agora, quer dizer, que tomem corpo na terra… e não no mundo da lua.

Aplicando esta reflexão à adoração ao Santíssimo Sacramento, temos que saber que quando se trata de honrar ao Rei dos Reis, tudo é pouco; e neste empenho sempre seremos pequenos.

Para seu devido culto, a presença real de Jesus pede “opção preferencial” pelo melhor, pelo mais excelente, possível.

Vamos a alguns exemplos: para honrar à Eucaristia, o que escolheríamos se tivéssemos que escolher? Um cálice de barro ou de prata? Para a toalha do altar: uma toalha de acrílico ou de linho? Para o sacrário: uma madeira rústica ou de categoria, ou um metal de valor? Para as velas: cera ou parafina?

Para o vinho a ser consagrado: um de qualidade ou o mais ordinário possível? Para os jarros: flores de plástico ou naturais? etc.

Outras perguntas: diante do Santíssimo: devo estar vestido de qualquer forma ou apresentar-me dignamente? Devo saudar Lhe ao entrar com uma genuflexão ou diretamente chegar e sentar-me sem maior respeito? Procurar estar à vontade, ou “penar” em bancos incómodos, mas próprios de um faquir que de um adorador? Preferir as harmonias de uma música que me distende ou as estridências de um ritmo mundano que dispersa minha atenção?

Si não se dispõe de um quadro apropriado para a adoração, a sensibilidade não se deleita, a vontade não se move e a inteligência não se satisfaz. A não ser que nos creiamos ser “super homens”. Ou seria outra exceção que não desmentiria a regra- que estamos chamados a ser singulares anacoretas que transitam por vias anormais…

Cuidemos o essencial e também os detalhes, porque o amor verdadeiro está cheio de uma multidão de detalhes, inclusive aparentemente supérfluos.

Assim, motivaremos a adoração; do contrário -já que nada de grande se faz de repente- irá tomando corpo a desordem que nos poderá conduzir paulatinamente muito longe no caminho do mal, do erro e da feiura.

Que contraste desolador!: enquanto os católicos tantas vezes descuidamos do culto Eucarístico, profanadores de igrejas utilizam as Hóstias roubadas dos sacrários, para ultrajar o sacramento fazendo “missas negras”. É o que denunciou não faz muito tempo o arcebispo de Toledo, Espanha (ACI, 19 Oct. 16).

Como conclusão, digamos que não só tem se que cuidar de detalhes. Outra maneira excelente de motivar a adoração é indignar-se com os sacrilégios perpetrados e ir aos pés de Jesus Hóstia para reparar tanta maldade que fica impune.

Por acaso não se deve amar a Deus com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças? (Dt, 6, 5).

A adoração reparadora é uma pujante demonstração de amor.

Por Padre Rafael Ibarguren, EP
(Conselheiro de Hora da FMOEI)

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