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Um dia de júbilo indescritível

Redação (Quarta-feira, 19-07-2017, Gaudium Press) Três anos depois que Antíoco Eupátor recuperou Antioquia, o herdeiro legítimo do reino sírio, filho de Seleuco IV, que se encontrava em Roma como refém desde a morte de seu pai, conseguiu escapar e proclamou-se rei, com o título de Demétrio I.

Alcimo trucidou 60 escribas não vigilantes

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Em seguida, ele dirigiu-se a Antioquia, onde obteve o apoio do exército, eliminou Antíoco Eupátor bem como seu ministro Lísias, e ocupou o trono real.

Vieram, então, falar com o novo rei “alguns israelitas ímpios e iníquos, chefiados por Alcimo, que cobiçava o cargo de sumo sacerdote” (I Mac 7, 5), o qual pediu a Demétrio I que enviasse tropas contra a Judeia. Alcimo tinha sido nomeado sumo sacerdote, após a morte do ímpio Menelau, mas os judeus fiéis não permitiram que ele tomasse posse, pois se contaminara com o helenismo (cf. II Mac 14, 3).

Diante do Conselho real, esse traidor declarou que a grave situação existente em Israel era devida a Judas Macabeu e seus soldados, “que fomentam a guerra e provocam sedições”. E concluía: “A paz será impossível enquanto Judas viver!” (II Mac 14, 6. 10).

Demétrio enviou Báquides com um grande exército, junto com Alcimo, a quem conferiu o cargo por este desejado. E ao se aproximarem da Judeia, mandaram mensageiros a Judas Macabeu, com falsas propostas de paz.

Porém alguns escribas judeus acreditaram em tais ofertas e foram ao encontro de Alcimo para entabular negociações. “Mas Alcimo mandou prender 60 dentre eles e os trucidou no mesmo dia” (I Mac 7, 16).

E Báquides ordenou matar muitos israelitas que tinham passado para seu lado. Entregou o governo da Judeia para Alcimo, deixando-lhe um exército para sustentá-lo. E depois voltou para junto de Demétrio, em Antioquia.

Alcimo “foi senão o chefe, pelo menos o centro, de um bando de apóstatas audaciosas que promoveram enormes perturbações no país, do qual eles se tornaram momentaneamente os donos”.

“Judas viu que a maldade praticada contra os israelitas por Alcimo e pelos que estavam com ele era pior ainda que a dos gentios, e saiu por todo o território da Judeia, dando o merecido castigo aos desertores” (I Mac 7, 23-24).

Macabeu: varão com grandeza de alma e muita vigilância

Ao comprovar que não poderia vencer Judas, o ímpio Alcimo voltou para Antioquia a fim de pedir novos auxílios a Demétrio. Então o rei escolheu Nicanor, uns de seus generais mais ilustres que havia sido o chefe da divisão dos elefantes e demonstrava ódio contra Israel. Nomeou-o governador da Judeia e para lá o enviou, com a missão de eliminar Judas Macabeu e exterminar o povo israelita (cf. I Mac 7, 26; II Mac 14, 12).

Aliás, Nicanor já havia sido enviado por Antíoco Epífanes para dominar a Judeia, mas Judas Macabeu o enfrentou ousadamente e ele fora obrigado a fugir com o resto de suas tropas (cf. II Mac 8, 9-24).

Ao chegar próximo a Jerusalém com seu imenso exército, Nicanor ficou receoso de enfrentar o Macabeu, “pois ouvira falar da valentia que tinham os homens de Judas e da sua grandeza de alma nos combates” (II Mac 14, 18).

Por isso, tentou negociar a paz e convidou Judas para conversações. Varão vigilante, Macabeu, percebendo que o general sírio viera com a intenção de sequestrá-lo, não foi falar com ele, mas retirou-se. O iníquo Nicanor mandou tropas a seu encalço, mas Judas com seus guerreiros conseguiu eliminar 500 homens do seu exército.

Então, Nicanor subiu o Monte Sião, em cujo cimo ficava a Templo. Alguns sacerdotes vieram saudá-lo, mas Nicanor os ridicularizou e chegou até a cuspir neles. E jurou que venceria Judas e incendiaria a Casa de Deus. Os sacerdotes rezaram ao Senhor, dizendo: “Executa a vingança contra este homem e seu exército, e caiam sob a espada! Lembra-Te de suas blasfêmias e não lhes conceda trégua!” (I Mac 7, 38).

Cabeça e mão direita de Nicanor

Novas tropas vieram da Síria e se incorporaram ao já imenso exército de Nicanor. Judas Macabeu, que estava com apenas 3 mil guerreiros, mas era um varão de fé ardente e contava sobretudo com o auxílio divino, fez a Deus esta oração:

“Senhor, quando os mensageiros do Rei da Assíria blasfemaram, teu Anjo interveio e feriu 185.000 dentre eles – foi um dos maiores prodígios que Deus operou em favor de Israel (cf. II Re 19, 35). Da mesma forma, hoje esmaga este exército diante de nós, para que saibam todos que Nicanor blasfemou contra o teu lugar santo! Julga-o segundo a sua maldade!” (I Mac 7, 41-42).

Os exércitos se enfrentaram e Nicanor foi o primeiro a cair. “Quando o seu exército viu que ele tinha morrido, largaram as armas e puseram-se a fugir. Os judeus os perseguiram durante um dia […] tocando as trombetas atrás deles para todos saberem. De todas as aldeias da Judeia ao redor saíram grupos para cercá-los e fazê-los voltar atrás. E todos pereceram ao fio da espada, não escapando um só […]. Cortaram a cabeça de Nicanor e sua mão direita, que ele tinha erguido com tanta insolência […] e as penduraram à vista de todos em Jerusalém. O povo sentiu uma grande alegria, e passaram aquele dia num júbilo indescritível” (I Mac 7, 44-48).

Que Nossa Senhora nos obtenha as graças da perfeita vigilância e do elevado espírito de oração, lembrando-nos sempre do que afirmou o Redentor: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação” (Mc 14, 38).

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 119)

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1 – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée – Le premier Livre des Machabées. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné.1923, p. 705.

2 – Idem, ibidem, p. 708.

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