Há cem anos, Carta de Bento XV contra o "massacre inútil”
Perugia – Itália – (Quinta-feira, 03-08-2017, Gaudium Press) O presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), Cardeal Gualtiero Bassetti, escreveu em um editorial do jornal vaticano “L’Osservatore Romano” de 31 de julho – 1º de agosto:
“Poucas afirmações extraídas de documentos pontifícios tiveram tão grande influência histórica como a que foi escrita por Bento XV em 1º de agosto de 1917, quando, passados três anos da deflagração da I Guerra Mundial, lançou um apelo aos ‘chefes dos povos beligerantes’ a dar fim a um conflito cruento que todos os dias se mostrava cada vez mais ‘como um massacre inútil'”.
Advertência de grande importância moral e política
“Ainda hoje, à distância de cem anos, aquelas palavras ressoam, não somente no discurso público, mas na consciência profunda de toda pessoa, como uma advertência de grande importância moral e política”, afirma o arcebispo de Perugia.
Naquela carta, continua analisando o Cardeal Gualtiero Bassetti, “o Papa pedia de modo contundente uma ‘paz justa e duradoura’ que pudesse sedimentar-se – graças aos mais importantes instrumentos da época: o pedido de um arbítrio internacional, a restituição recíproca de alguns territórios e a necessidade imperiosa de um desarmamento”.
Palavras Proféticas, apesar de tudo
Embora as palavras de Bento XV não tenham tido a força para mudar os rumos do conflito mundial, apesar disso, elas “revelaram-se proféticas”, sobretudo pelo seu “duríssimo juízo sobre a guerra”, acrescenta o Cardeal:
“A evocação de ‘um massacre inútil’ tornou-se a partir daquele momento uma espécie de grito de dor pela guerra moderna e todo tipo de atroz morte de massa provocada pela modernidade niilista. E não foi por casualidade que o Papa Francisco a evocou por ocasião do G20 para denunciar os massacres inúteis de migrantes no Mediterrâneo” – observa o Cardeal Bassetti.
Início da elaboração de uma nova teologia da paz
Com a denúncia da guerra qual “massacre inútil”, as palavras de Bento XV marcam “o início da elaboração de uma nova teologia da paz”, afirma o presidente da Conferência dos bispos italianos.
Ali surgia, de acordo com o Cardeal Bassetti, uma nova teologia da paz que não se fundamenta em vagos propósitos ideais, mas se baseia em indiscutíveis princípios evangélicos: a justiça, a caridade e a dignidade da pessoa humana.
Defesa da Teologia da Paz
Para o Presidente da CEI, hoje, como nunca essa teologia da paz “deve ser defendida daqueles que, de modo vil e mesquinho, perpetram brutais atos terroristas contra a humanidade inocente” e “de quem provoca as guerras por uma vontade de poder, de conquista e por interesses económicos”.
Força moral do direito e da Fé, na busca da paz
“Buscar a paz não é o produto de uma civilização decadente com uma identidade frágil é exatamente o contrário”, afirma Dom Gualtiero Bassetti, que continua argumentando:
“Buscar a paz é um exercício heroico, que requer um esforço enorme, incessante, diário, e que requer uma força diferente da força militar: é a força da fé; a força do diálogo; e, como escrevia Bento XV, a ‘força moral do direito’.”
“Portanto”, conclui o presidente da Conferência Episcopal Italiana, “este é o tempo de defender o compromisso em prol da paz com coragem, determinação e mansuetude. Buscando dar-lhe também novos significados e uma linguagem renovada. Com um único grande objetivo: superar todos massacres inúteis do mundo actual”, (JSG)
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