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Missionárias da Caridade, fiéis alemães e a criação da Paróquia São Miguel Arcanjo, no Rio

Rio de Janeiro (Terça-feira, 12-09-2017, Gaudium Press) A longa história da então Capela dedicada a São Miguel Arcanjo, situada na comunidade Nelson Mandela, no Complexo de Manguinhos, resultou na criação da 268ª paróquia da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

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Após 21 anos de preparação, o sonho de centenas de fiéis locais concretizou-se quando o templo se tornou igreja durante cerimônia presidida pelo Cardeal Orani João Tempesta. No mesmo dia, o purpurado empossou o Padre Rogério Pereira da Silva como o primeiro pároco do espaço de oração e fé.

O dia festivo no local teve início logo na entrada da comunidade, quando o Arcebispo do Rio de Janeiro foi acolhido calorosamente tanto pelo clero quanto pelos fiéis, que junto à Imagem do Padroeiro, São Miguel Arcanjo, seguiram em procissão com destino a igreja.

No começo da cerimônia, houve a leitura do decreto de criação da paróquia e a provisão de nomeação do pároco, seguida da profissão de fé e do juramento de fidelidade.

“Que o nascimento da nova paróquia possa aumentar, ainda mais, o trabalho de evangelização que já vem sendo realizado. Que todas as pessoas sejam acolhidas, tenham a oportunidade de participar da catequese e possam receber os sacramentos da Iniciação Cristã. Que o templo seja uma referência, um local do encontro das famílias com Deus. A igreja não são somente paredes, mas é formada por pessoas que têm fé. Onde houver um missionário, a Igreja estará presente”, afirmou Dom Orani.

A antiga Capela São Miguel Arcanjo pertencia ao território da Paróquia Nossa Senhora do Bonsucesso de Inhaúma, em Bonsucesso, e por muito tempo, ficou sob os cuidados do Padre Jorge Luiz de Assis Costa, falecido em janeiro de 2015.

Conforme o pároco anterior, Padre Thiago Azevedo, as demandas populacional e demográfica eram tamanhas, o que necessitava a presença constante de um presbítero na região. E foi nesta época que o próprio sacerdote desembarcou na comunidade, ainda como diácono.

“Hoje, vejo, com emoção, a Palavra de Deus se refletir nesta história: ‘uma planta, outro colhe, mas é Deus quem faz crescer’ (ICor 3,6). Além de mim, tantos outros passaram pela região, anunciando a Boa Nova. Essa pregação foi a semente plantada na terra e gerou frutos. Tudo isso é fruto do trabalho de muitos padres e das Irmãs de Calcutá”, disse o Padre Thiago.

Já o Padre Rogério, nomeado primeiro pároco, destacou na cerimônia a confiança dos fiéis em Deus mesmo diante de um cenário de violência. “Enfrentamos esse momento de dificuldade com esperança, colocando nossa confiança em Cristo. Esperamos e confiamos no Senhor”.

Ainda segundo o pároco, novos projetos já estão sendo pensados para a nova comunidade paroquial. “Apesar de todos os acontecimentos em nosso estado, nos reunimos para rezar e celebrar a Eucaristia. Um de meus objetivos, pensando no bem do povo, é fazer com que a Clínica da Família possa atender à nossa região. Além disso, no dia 25 de setembro, faremos atendimento aos moradores com cortes de cabelo e demais atividades”, explicou.

Já a influência das Missionárias da Caridade e dos católicos alemães na criação do templo – conforme o título desta matéria revela – pode ser explicada por Avani Barbosa da Silva. Filha de uma das benfeitoras da comunidade, hoje é ministra da Sagrada Comunhão e agente da Pastoral do Batismo e, ao recordar o início dos trabalhos de evangelização no local, não se conteve de emoção:

“Tudo começou com a visita das Irmãs Missionárias da Caridade na comunidade que ainda estava se formando. Elas começaram a visitar as famílias, e perceberam que muitas não tinham uma direção espiritual”, contou.

De acordo com Avani, como não havia igrejas católicas na região, os fiéis deslocavam-se para bairros vizinhos para participar de missas.

No início do processo de evangelização das famílias, as Irmãs de Calcutá contaram com o apoio daqueles que já tinham a chamada “semente da fé”.

“Como não tínhamos espaço paroquial, as catequeses, a Oração do Terço de Nossa Senhora e as celebrações eram realizadas nas casas do bairro. As religiosas eram a presença da Igreja Católica na comunidade, e buscaram auxílio junto aos padres para construir, inicialmente, um galpão onde pudéssemos nos reunir”, lembrou.

Sobre a construção da estrutura do templo, a comunidade contou com uma doação vinda dos católicos alemães, enquanto os demais serviços foram realizados através dos esforços e dedicação dos fiéis que sonhavam com um espaço para as celebrações.

Avani acrescentou ainda que a comunidade é como uma filha que ela viu nascer. “Minha mãe esteve sempre presente, desde o início, junto a muitos outros benfeitores. É emocionante recordar o trabalho dela e dos demais. A comunidade é como se fosse uma filha que vi nascer e crescer, e, agora, vejo se tornar uma grande paróquia”.

Durante muito tempo, a Capela São Miguel Arcanjo foi atendida por diversos sacerdotes dedicados que Se doaram ao máximo para servir bem o povo de Deus. Além do auxílio das religiosas da Congregação das Missionárias da Caridade que passaram pelo local, houve a presença de diversos seminaristas, sendo Brendo Pais da Silva um deles. Atualmente o religioso trabalha na comunidade há quase um ano e comentou sua estada no espaço:

“Desde minha chegada, tornou-se perceptível o quanto é importante a presença da Igreja nesta terra, que hoje também é meu lar. Trata-se de uma comunidade muito assolada por situações difíceis, porém vive sedenta por Deus. O fato se expressa por situações cotidianas: no olhar das crianças que, ao verem o padre ou o seminarista, correm – e chegam a pular os muros – para pedir a bênção ou simplesmente consultarem o horário da missa. É uma grande graça me dedicar a essa comunidade e aprender que os sonhos de Deus nascem do primeiro ‘sim’ confiante e feliz à Sua vontade”, sublinhou.

Acerca da criação da agora Paróquia São Miguel Arcanjo, Brendo declarou que roga “para que essa missão evangelizadora do povo acolhedor, sedento e aberto às inspirações do Espírito Santo, continue a crescer e a alcançar os corações de todos aqueles que Deus confiou às nossas mãos. Que São Miguel, defensor da comunidade do Mandela, caminhe sempre à nossa frente”. (LMI)

Da redação Gaudium Press, com informações Arquidiocese do Rio de Janeiro

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