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O Império romano no tempo de Augusto

Redação – (Sexta-feira, 20-10-2017, Gaudium Press) – O quarto império previsto pelo Profeta Daniel, caracterizado pelo ferro e pelo barro (cf. Dn 2, 31-33), havia se instaurado; as 70 semanas de anos, profetizadas por ele (cf. Dn 9, 24), estavam para se completar. Esses eram, entre outros, os sinais de que se aproximava a vinda do Messias.

Faremos uma resenha a respeito desse quarto império, ou seja, o romano, na época do Imperador Otávio Augusto, durante a qual nasceu Jesus.

O latim, o Direito, as estradas, as pontes, o arco romano

O latim era a língua falada pelos romanos. “Se um idioma expressa a alma de um povo, isso certamente se pode dizer do latim”. Ressoam nele a força e a dignidade, a gravidade e o caráter varonil, a simplicidade e a tendência à magnificência, a música, a lógica; o latim se acomoda à abstração. Entretanto, ele só adquiriu essa plenitude por obra de Cícero, que o modelou segundo os critérios gregos. O latim se tornou o idioma da Igreja, e com isto teve uma importância como nenhum outro da Antiguidade.
Outro campo em que Roma se destacou foi o Direito.

O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira afirmou que Deus outorgou aos judeus a Revelação, aos gregos a Filosofia e aos romanos o Direito. “O Direito elaborado pelos romanos é o fundamento do Direito das nações católicas.” E Professores da Universidade Pontifícia de Salamanca declaram: “A formação do Direito canônico está marcada pelo influxo do Direito romano.”
Pelas vastidões do Império, foram construídas estradas e pontes. Muitas dessas pontes ainda existem. Por exemplo, em Zaragoza, Espanha, sobre o Rio Ebro há duas pontes: a moderna, metálica, e a romana feita de pedras. Na estrada que a elas conduz, vê-se nas proximidades este aviso: “Veículos pesados devem trafegar pela ponte romana!”

Tem sua beleza o arco romano, composto por “duas colunas que sustentam aquele semicírculo perfeito e harmônico. Está ali a lógica da civilização clássica, sem a presença imediata do sobrenatural, a pura lógica natural e terrena, retamente desenvolvida, na força e na coerência de sua trajetória, em que o ponto de partida é afim com o ponto de chegada e estaqueia num só triunfo”.

Esses valores favoreceram a difusão da Santa Igreja, como o atesta o Missal Romano de 1943, em cuja oração após a Comunhão lê-se: “Ó Deus, que preparastes o Império Romano para a pregação do Evangelho do Reino eterno…”

Luxúria, gula e circos

Mas nesse vasto Império havia também grande degenerescência moral. Citemos alguns exemplos.
O poeta Ovídio escreveu, entre outros, três livros luxuriosos nos quais “a obscenidade chega frequentemente ao repugnante”.. O próprio Imperador Augusto, desgostoso com seus poemas lúbricos, desterrou-o em 9 d. C.

A família entrou em profunda decadência. Na Grécia, o marido tinha sobre a mulher direito de vida e morte. Em Roma, ao contrário, emanciparam a mulher, “deixando a economia doméstica e os filhos aos cuidados dos escravos […] A prostituição [e outros vícios nefandos] cresceram em medida espantosa”. Multiplicaram-se os adultérios e os divórcios, com a consequente queda da natalidade. Em Roma chegou-se até a propor recompensas para as famílias que tivessem pelo menos três filhos. 

E junto com a luxúria desbragada vinha o vício da gula. Realizavam-se banquetes, onde se provocava vômitos para que os convivas pudessem participar de um segundo e, às vezes, terceiro repasto no mesmo dia.

Para essas almas embotadas, desejosas de sensações brutais, existiam os jogos de gladiadores e as lutas de feras, realizados em gigantescos circos. No tempo de Augusto, houve um combate entre 420 panteras. Nas batalhas entre gladiadores, damas delicadas davam o sinal com a mão para que um lutador, ferido de morte, recebesse o golpe fatal ou fosse poupado. E os espectadores, cuja maioria era composta de escravos, assistiam a tudo isso ébrios de sangue.

Em Roma, na época de Augusto, mais de um terço da população era escrava. Em Alexandria, talvez dois terços.

Iniquidades dos ídolos

O Império romano estava infestado de ídolos, importados em grande parte da Grécia. Tais ídolos exprimiam os mais hediondos vícios e crimes, entre os quais o adultério, a mentira, o roubo, o assassinato, o egoísmo, a traição, a desonra, o incesto, a fornicação, a pedofilia.

Afirma Monsenhor João Clá: “A religião pagã exercia […] um maléfico domínio sobre a sociedade, propondo, como exemplos a serem imitados, as iniquidades dos deuses. De outro lado, a sociedade influenciava a religião, de modo que os mitos refletiam os costumes então em voga.”

No meio de todos esses horrores que se difundiam por todo o Império, inclusive em Israel governado pelo ímpio Herodes o Idumeu, havia pessoas inconformes que brilharam por sua santidade. Em primeiro lugar a Virgem Maria e depois o castíssimo São José.

Aqui terminamos essa série sobre o Antigo Testamento; nas matérias subsequentes, estudaremos o Novo.

Peçamos a Nossa Senhora a graça de entendermos e amarmos Nosso Senhor Jesus Cristo. E, como consequência dessa intelecção e desse amor, lutarmos por Ele e pela sua Igreja, hoje tão vilipendiada e traída.

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 126)

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1 – WEISS, Johann Baptist. Historia Universal. Barcelona: La Educación. 1927. v. III, p. 457.
2 – Cf. Idem, ibidem. v. III, p. 457-458.
3 – CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. A Igreja do Império romano. O elogio da Europa. In Revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano III, n. 33 (dezembro 2000), p. 22.
4 – AA. VV. Derecho canónico. El derecho del Pueblo de Dios. Madri: BAC, 2006, v. 32, p. 8.
5 – CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio, loc. cit., p. 23.
6 – WEISS, op. cit., v. III, p. 641.
7 – Idem, ibidem, v. III, p. 653-654.
8 – Cf. Idem, ibidem. v. III, p. 657.
9 – Cf. Idem, ibidem. v. III, p. 657-658.
10 – Cf. DANIEL ROPS, Henri. L’Église des Apôtres et des martyrs. Paris: Fayard, 1957, v. I, p. 149.
11 – CLÁ DIAS, João Scognamiglio, EP. A Igreja é imaculada e indefectível. São Paulo, 19 abr.2010.

 

 

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