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O homem e o leão

Redação (Segunda-feira, 30-10-2017, Gaudium Press) Pedimos ao Divino Espírito Santo que, por intercessão de Maria Santíssima, nos ilumine para tomarmos com veneração o Evangelho.

O “Messias”, de Händel

“Quando se lê uma frase do Evangelho, às vezes se pergunta por que o mundo inteiro não para e fica comentando aquele pensamento por toda a eternidade!”

A palavra “evangelho” provém do grego e significa “boa-nova”. Os escritores do Novo Testamento a empregam no sentido da “boa-nova por excelência, isto é, da salvação trazida por Nosso Senhor Jesus Cristo e, consequentemente, da doutrina cristã”.
Posteriormente, o termo “evangelho” serviu para designar os quatro Livros nos quais a boa-nova da salvação tinha sido consignada. Seus autores, chamados evangelistas, os escreveram inspirados por Deus: Mateus, Marcos, Lucas e João.
Inúmeros são os escritores que comentaram o Evangelho. E também diversos músicos, pela harmonia dos sons. O “Messias”, de Händel, é um comentário esplêndido do Evangelho.
Os Evangelhos de São Mateus, São Marcos e São Lucas denominam-se sinópticos “porque permitem uma visão de conjunto, dada a semelhança de suas versões”.
Apresentaremos uma síntese sobre cada um dos quatro evangelistas.

São Mateus ofereceu a Jesus um suntuoso banquete

Levi era publicano, ou seja, cobrador de impostos. Essa profissão era considerada pelos judeus como um monstruoso pecado, que merecia a excomunhão. Tendo Jesus o chamado para segui-Lo, ele correspondeu à graça imediatamente e se tornou depois São Mateus. Era abastado como o demonstra o suntuoso banquete que ele ofereceu a Nosso Senhor, para homenageá-Lo e agradecer-Lhe sua conversão.

Redigiu seu Evangelho em aramaico – logo depois traduzido para o grego -, tendo em vista sobretudo os cristãos judeus da Palestina. Por isso se estende, mais do que os outros evangelistas, sobre os anátemas lançados pelo Divino Mestre contra os erros e os vícios dos escribas e fariseus.

São Mateus cita, por exemplo, as increpações de Nosso Senhor contra os escribas e fariseus, nas quais Ele os chama de: hipócritas, cegos, insensatos, sepulcros caiados, víboras etc. (cf. Mt 23, 13-33).

Menciona também vários fatos e palavras do Divino Mestre condenando a doutrina rabínica, segundo a qual o Messias salvaria somente os judeus, com exclusão dos pagãos (cf. Mt 8, 11).

Alguns anos depois de Pentecostes, ele se dirigiu à Macedônia, Pérsia e Etiópia a fim de fazer apostolado. Morreu martirizado e sua festa se comemora em 21 de setembro.

Vários autores – o primeiro deles foi Santo Irineu (130-202) – fazem o relacionamento simbólico dos quatro evangelistas, na ordem em que estão na Sagrada Escritura: ao homem, ao leão, ao touro e à águia.

São Mateus é simbolizado pelo homem porque inicia seu Evangelho com a genealogia humana de Nosso Senhor Jesus Cristo.

São Marcos acompanhou São Paulo nas viagens apostólicas…

São Marcos, autor do segundo Evangelho, é mencionado pelos nomes de João Marcos (cf. At 13, 5,13) e Marcos (cf. At 15, 39). Era primo do Apóstolo São Barnabé (cf. Cl 4, 10).

Sua mãe chamava-se Maria, que era muito fervorosa; em sua casa os Apóstolos celebravam a Missa. Foi lá que São Pedro, libertado da prisão por um Anjo, foi buscar refúgio (cf. At 12, 12-17). Em sua primeira epístola, São Pedro o chama de filho (cf. I Pd, 5, 13), provavelmente por ter sido seu padrinho de Batismo. Crê-se que São Marcos tenha sido um dos 72 discípulos de Nosso Senhor.

Segundo muitos comentaristas, o jovem que largou o lençol com o qual estava coberto e fugiu, quando Jesus foi preso, era o próprio São Marcos (cf. Mc 14, 51-52).

Posteriormente ele acompanhou São Paulo nas viagens apostólicas. Mas, em face dos perigos que os ameaçavam na Ásia Menor – atual Turquia –, São Marcos o abandonou e voltou para Jerusalém (cf. At 13, 13).

…e se tornou secretário de São Pedro

Na Cidade Santa ele se tornou o companheiro habitual de São Pedro (cf. I Pd 5, 13). Com admiração e enlevo ele ouvia as narrativas do Príncipe dos Apóstolos, com base nas quais, inspirado por Deus, escreveu seu Evangelho.

Mas São Marcos reencontrou São Paulo em Roma, durante seu primeiro cativeiro (cf. Cl 4, 10), no ano 63. E quando foi preso pela segunda vez, em 66, o Apóstolo recomendou instantemente a Timóteo que trouxesse Marcos, “porque é prestativo para ajudar-me” (II Tm 4, 11). Vê-se, portanto, que a discrepância havida anteriormente entre São Paulo e São Marcos foi superficial.

Afirma São João Bosco que São Marcos escreveu seu Evangelho em grego, quando estava em Roma como secretário de São Pedro.
Fundou a Igreja de Alexandria, no Egito, da qual foi o primeiro bispo. Nessa cidade, foi martirizado e sua festa é celebrada em 25 de abril. É o patrono de Veneza.

Na iconografia, São Marcos é simbolizado pelo leão porque começa seu evangelho falando de São João Batista, cuja voz “clama no deserto” (Mc 1, 3). Naquela época, os leões habitavam os desertos e seus rugidos eram ouvidos a grande distância.

 

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 128)

 

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