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O episódio mais excelso de todos os tempos

Redação (Segunda-feira, 11-12-2017, Gaudium Press) Nossa Senhora e São José tinham seus corações continuamente voltados para o Messias e sentiam que sua vinda estava próxima, devido à terrível decadência moral e religiosa na qual se encontrava o mundo, em especial o povo eleito.

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Maria perturbou-Se com o elogio que o Anjo Lhe fazia

Em sua casa de Nazaré, eles mantinham frequentes conversas sobre esse tema e desejavam ardentemente, assim que soubessem do nascimento do Salvador, ir até o local “para prestar-Lhe homenagens e se colocarem perpetuamente a seu serviço, como verdadeiros escravos”.

Certo dia, estando sozinha em seus aposentos, Nossa Senhora meditava sobre a profecia de Isaias: “Eis que uma Virgem conceberá e dará à luz um Filho” (Is 7, 14), isto é, o Messias. Ela procurava “imaginar como seria o Messias, de cuja mãe desejava ser a mais dedicada das servas. Pode-se conjecturar que, ao completar Ela no seu espírito a composição da figura do Salvador, apareceu-Lhe o Anjo dirigindo-Lhe as célebres palavras:
‘Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo’ (Lc 1, 28)”.

Essas palavras de São Gabriel, acrescidas das pronunciadas depois por Santa Isabel – “bendita és Tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” (Lc 1, 42) – foram completadas pela Igreja de forma a compor a “Ave Maria”, rezada há séculos pelos católicos e musicada de um modo excelente por compositores célebres, entre os quais Mozart, Victoria, Schubert.

Maria Santíssima “perturbou-Se com estas palavras e pôs-Se a pensar no que significaria semelhante saudação” (Lc 1, 29). Não foi a aparição angélica que A espantou, mas o elogio que o Anjo Lhe fazia.

“Conceberás e darás à luz um Filho”

E São Gabriel logo acrescentou: “Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus” (Lc 1, 30). Isso A tranquilizou, e o Anjo deu um novo passo na sua delicada embaixada: “Eis que conceberás e darás à luz um Filho, e Lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim” (Lc 1, 31-33).

Maria pedia para ser escrava da Mãe do Messias, e São Gabriel Lhe anuncia que Ela seria a própria Mãe d’Ele! A Santíssima Virgem perguntou: “Como se fará isso, pois não conheço homem? ” (Lc 1, 34). Ela demonstrava, assim, uma perfeita retidão de espírito, por não desejar infringir a inspiração que Deus Lhe havia posto na alma de Se manter perpetuamente virgem.

“O Espírito Santo descerá sobre Ti”

E logo pensou em seu esposo, a quem considerava, com toda a razão, à altura de tal missão. Ele merecia ser o pai dessa criança, pois era descendente direto de Davi e, sobretudo, de uma santidade fora do comum! Mas Ela não queria que São José cometesse um pecado, rompendo o voto de virgindade que também fizera. Admirável radicalidade, pois, se fosse negligente, não teria levantado esse problema. Disposta a seguir as determinações divinas, Ela exprimiu, entretanto, o absoluto desejo de cumprir seu voto até o fim.

“O que Deus faria para harmonizar a virgindade e a maternidade nenhuma mente humana seria capaz de conceber, se São Gabriel não o tivesse revelado: ‘O Espírito Santo descerá sobre Ti, e a força do Altíssimo
Te envolverá com a sua sombra. Por isso o Santo que nascer de Ti será chamado Filho de Deus’ (Lc 1, 35).

“Nossa Senhora sabia da existência de três Pessoas em Deus e, portanto, entendeu que se daria um milagre operado pela Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Aquele que seria seu Filho, era o verdadeiro Filho de Deus. Logo, enquanto Mãe do Filho de Deus, Ela Se tornaria, de fato, Mãe de Deus!”

O Anjo deu-Lhe uma prova, embora Ela não a tivesse pedido: “Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida por estéril, porque a Deus nenhuma coisa é impossível” (Lc 1, 36-37). Sendo sua prima muito idosa, era um autêntico milagre o que ele Lhe dizia. E Maria aceitou imediatamente, sem duvidar.

A conversa estendeu-se por mais de nove horas

A conversa de São Gabriel com a Santíssima Virgem não foi curta, pois ele também “revelou a Nossa Senhora toda a vida de seu Divino Filho, as razões mais profundas de seu advento, a sua atuação pública, sua Paixão e Morte na Cruz, bem como a expansão da Igreja pelo mundo, os varões e damas providenciais que sustentariam a fidelidade dos justos, a terrível trama dos infernos contra a Esposa de Cristo, a qual culminaria, após grandes batalhas, numa era em que Ela seria a Soberana: o Reino de Maria”.

A duração dessa sublime conversa “estendeu-se por mais de nove horas consecutivas. Todo o Céu contemplava a cena à espera da resposta da Virgem Puríssima à embaixada do Anjo!”

Então, a Santíssima Virgem pronunciou as palavras que abalaram todos os demônios e precitos, mas causou grandíssima alegria em todos os Anjos e justos: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em Mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38). A palavra “serva” tem aqui o significado de escrava.

Naquele momento em que Maria pronunciou o fiat – faça-se – ocorreu o “episódio mais excelso de todos os séculos, que a Escritura, porém, com majestade e singeleza, com grandeza e simplicidade, unindo, portanto, num ponto auge extremos quase intocáveis, descreve em uma curta frase: ‘Et Verbum caro factum est et habitavit in nobis – E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós’ (Jo 1, 14).”

Assim se cumpriu a maldição lançada por Deus contra a serpente, no Paraíso terrestre, logo após o pecado original (cf. Gn 3, 15). Pronunciando o fiat, Maria esmagou a cabeça do demônio.

A casa em que se deu esse fato sublime foi conduzida, em 1294, pelos Anjos à cidade italiana de Loreto, onde foi edificada uma igreja para abrigá-la.

 

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada -132)

 

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1- CLÁ DIAS, João Scognamiglio, EP. São José: quem o conhece?… São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae. Arautos do Evangelho. 2017, p. 103-104.
2 – CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Na Anunciação, grandeza e humildade de Maria. In Revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano III, n. 24 (março 2000), p. 19.
3 – Cf. FILLION, Louis-Claude. La sainte bible avec commentaires – Évangile selon S. Luc. Paris: Lethielleux. 1889, p. 41.
4 – CLÁ DIAS. op. cit., p. 112-113.
5 – Idem, ibidem, p. 113.
6 – Idem, ibidem, p. 116.

 

 

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