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Um perfume de Natal no ar…

Redação (19-12-2017, Gaudium Press) Perdeu-se o sentido verdadeiro do Natal? O consumismo, o desejo do gozo da vida e a preocupação apenas com o que é terreno terão conseguido apagar inteiramente nas almas o espírito natalino?

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Aproximando-se as festas de fim de ano, as casas já começam a ser adornadas com arvorezinhas, quase todas artificiais, cheias de bolas e enfeites coloridos, as lojas se preparam para vender mais, os funcionários fazem horas extras, contrata-se alguém para vestir-se de Papai Noel, e todo mundo fica à espera do décimo terceiro para a ceia e para os presentes, ou para as viagens.

Todos se preparam para viver esses dias de feriado, de festas e de gozo. Mas foi sempre assim, tão reduzida aos seus aspectos materialistas, a época do Natal? Lembram-se hoje as pessoas d’Aquele de quem celebramos o nascimento?

Tempo houve em que os dias que antecediam o esperado 25 de dezembro traziam um perfume sobrenatural no ar. Bem antes, a alegria dominava os corações. A cidade se enfeitava mais, armavam-se árvores e compravam- se os ingredientes para as deliciosas ceias.

Os adultos saíam misteriosamente à rua, voltavam carregados de pacotes e os pequenos não se davam conta de nada… ou pelo menos sentiam gosto em parecer que nada percebiam! Nem sempre os presentes eram caros, mas dados com todo o afeto! Dominava a tudo a figura do Menino Jesus.

O presépio

Ao lado dos pinheirinhos, às vezes tão altos que chegavam ao teto da casa, o presépio nunca podia faltar.

Buscava-se musgo nos campos ou nos mercados, plantava-se arroz em pequenos vasinhos no dia 8 de dezembro, festa da Imaculada, para que no dia 24 estivesse bem crescidinho, tudo feito para dar o ar mais real possível à gruta de Belém, onde ia nascer o Salvador. A manjedoura vazia só ia ser ocupada na madrugada do dia 25, quando nascesse o nosso Redentor.

Os Magos, ao longo dos dias, iam percorrendo o caminho, seguindo a estrela que os guiava, e só chegavam na santa gruta no dia 6 de janeiro, como narram as mais antigas tradições.

O dia 24 de dezembro já amanhecia completamente diferente. A par do agradável cheiro de pão-de-mel, de chocolate e do peru, que era assado devagar, um ambiente de santa alegria pairava sobre toda a cidade.

As roupas novas eram cuidadosamente preparadas. Por volta das cinco ou seis horas da tarde, o movimento das ruas começava a cair. Nas casas todas as lâmpadas eram acesas, as árvores de Natal coruscavam com suas luzinhas coloridas. A noite ia chegando e as pessoas preparavam-se para a Missa. Às dez horas as igrejas começavam a abrir-se e muita gente ia chegando. As senhoras rezavam ou às vezes cochichavam entre si, os homens bocejavam, e as crianças esperavam ansiosas a entrada do Menino Jesus, que seria levado pelo sacerdote para completar o belo presépio, com a manjedoura ainda vazia.

A bela imagem do Menino Jesus

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Ouvia-se um bimbalhar de sinos, os cânticos enchiam a igreja dos sons daquela noite feliz. Nasceu o Menino Jesus! O Padre entrava com uma encantadora imagenzinha de nosso Deus feito menino e a depositava no presépio. Vários fiéis acorriam ali para venerá-la.

Começava a Missa, e o Natal chegava a seu auge na hora da Consagração e da Comunhão.

Terminada a Eucaristia, muitas famílias compartilhavam uma deliciosa ceia noite afora, celebrando tão excelso aniversário. Outras preferiam comemorá-lo com um suculento almoço no dia seguinte. Mas o que era comum em todas as casas era ver as crianças, já no dia 25, brincando e desfrutando de seus novos presentes, contentes por ver que o Menino Jesus trouxe a alegria da salvação e os premiou por seu bom comportamento.

Muitas famílias visitavam-se para pessoalmente cumprimentar seus amigos e parentes, desejando-lhes os melhores votos de um Santo Natal, repleto das bênçãos de Deus. Era de fato um tempo de paz em que a fé estava presente e reinava a harmonia entre as pessoas.

Perdeu-se este sentido verdadeiro do Natal?

Perdeu-se este sentido verdadeiro do Natal?O consumismo, o desejo do gozo da vida e a preocupação apenas com o que é terreno terão conseguido apagar inteiramente nas almas o espírito natalino? Continuará o Natal a ser celebrado sem ter em conta que esta é a festa do nascimento do Menino Jesus, que se encarnou e nasceu de Maria Virgem para nos abrir as portas do céu? Não mais retornarão as inocentes alegrias das festas natalinas de outrora?

Difícil é responder positivamente a essas questões. Mas lembrando-nos do poder da Graça divina, resta-nos a esperança da restauração dessa alegria sobrenatural.

Quiçá, nosso leitor se sinta inspirado a orar para que volte essa atmosfera de inocência e que esse perfume de espírito cristão impregne novamente os lares. Não apenas o perfume de tempos passados, mas o de uma nova era que se aproxima, era do triunfo do Imaculado Coração de Maria, que fará desta festa uma verdadeira “Noite Feliz”…

Por Irmã Juliane Campos, EP
(in “Revista Arautos do Evangelho”, Dez/2002, p. 38-39)

 

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