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Síria: Antes de edificar a parte material, reconstruir os corações, comenta Núncio

Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 15-01-2018, Gaudium Press) Falando recentemente ao Corpo Diplomático credenciado no Vaticano, o Papa Francisco disse a propósito da paz na Síria e da reconstrução do país:

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“De igual modo, é importante que possam continuar, num clima propugnador de maior confiança entre as partes, as várias iniciativas de paz em curso a favor da Síria, para que se consiga finalmente encerrar o longo conflito que envolveu o país e provocou imensos sofrimentos.

Os votos de todos nós são que, depois de tanta destruição, tenha chegado o tempo de reconstruir.
Mas, ainda mais que a construção de edifícios, é necessário reconstruir os corações, voltar a tecer a tapeçaria da mútua confiança, premissa imprescindível para o florescimento de qualquer sociedade.

Por isso, é preciso trabalhar para promover as condições jurídicas, políticas e de segurança, em ordem a uma retomada da vida social, onde cada cidadão, independentemente da sua pertença étnica e religiosa, possa participar no desenvolvimento do país.
Neste sentido, é vital tutelar as minorias religiosas, entre as quais se contam os cristãos, que há séculos contribuem ativamente para a história da Síria”.

Dom Mário Zenari

A propósito destas palavras do Papa, o Núncio Apostólico na Síria, Dom Mario Zenari, procurou ressaltar a necessidade do diálogo, da confiança entre as partes, da construção dos corações, da acolhida.

O Núncio sublinhou que “Este é o esforço que o Papa pediu para alcançar a paz nas áreas mais conturbadas do planeta, a começar pela península coreana e pela Síria”:
“O Papa tocou no centro do problema na Síria hoje”, ainda comentou, comovido, o cardeal.

Antes de edificar a parte material, reconstruir os corações

Dom Mario Zenari ressaltou que “É fácil deixar-se impressionar pelos escombros evidentes em tantas cidades como Alepo, Homs, Raqqa, Deir Ezzor, escombros resultado de sete anos de guerra”, mas “não é esta a verdadeira destruição” ali acontecida.
Para o Núncio foi realizada uma ruptura profunda nos corações e no tecido social que o Papa pede para ser reestabelecida e curada.

As feridas na alma das crianças

Dom Mário faz uma denúncia: as bombas não param, especialmente com os bombardeios na Província noroeste de Idlib e quem paga as consequência disto, são sobretudo:

Elas “foram testemunhas das piores violências. Muitas ficaram órfãos e viram seus pais serem mortos, muitos foram explorados sexualmente ou recrutados. Portanto, recordemo-nos de começar a reparar as feridas profundas que existem em suas almas”.

Abrir uma janela

E como fica o retorno dos cristãos refugiados nos Estados vizinhos, que o Papa tanto recomenda?

Para Dom Zenari, este é um ponto doloroso.

“Eles, que têm um papel fundamental na reconstrução, justamente pelo espírito que os distingue, retornam, por assim dizer, a conta-gotas. Pela mentalidade que têm, os cristãos representam na Síria uma janela aberta ao mundo, que a guerra fechou.

Espero que esta janela possa abrir-se”, “devem ser os arquitetos, os engenheiros desta restauração dos ódios e das sedes de vingança: é um dever que se impõe!”, concluiu o núncio. (JSG)

 

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