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Arcebispo de Cingapura afirma que a Europa deve se inspirar mais na religião

Itália – Roma (Segunda-feira, 19-02-2018, Gaudium Press) O Arcebispo de Cingapura, Dom William Goh foi ao Vaticano em sua visita Ad Limina junto dos Bispos da Malásia e Brunei (Dom Goh é o único prelado da cidade – estado de Singapura) e compartilhou com a agência AsiaNews sua perspectiva sobre a necessidade de que a Europa recupere suas raízes cristãs. Falando sobre as tendências seculares em crescimento na Europa Ocidental, o Arcebispo indicou que “mais que rejeitá-las, os países europeus deveriam se inspirar pela religião no governo das pessoas, tornando melhor suas vidas, dando a elas um significado e um cumprimento pleno”.

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“A debilidade Europeia está representada pelo fato de que muitos governos são hostis à Fé. Como pode um governo secular ajudar as pessoas a encontrar uma realização, se não contempla a Deus e negligencia o sentimento religioso?”, questionou Dom Goh, que esclareceu que em Cingapura o caráter secular das autoridades não é confundido com o secularismo ou aversão à religião. “No Ocidente está se perdendo uma dimensão importante da vida das pessoas. Em uma tentativa de secularizar cada vez mais a Fé ao plano do privado, do marginal. Desta forma, os homens nunca encontrarão a felicidade nas coisas que possuem”.

O prelado acrescentou que Cingapura valoriza “um forte sentimento religioso” de seus cidadãos e se reconhece culturalmente que a religião oferece respostas de grande importância para a busca do sentido da vida. Além disso, mesmo em meio da prosperidade econômica que caracteriza a sociedade empresarial local, tem aumentado o reconhecimento da inutilidade de acumular mais dinheiro do que pode ser gasto em toda vida e, portanto, tem crescido a atividade caritativa e de beneficência. “As paróquias estão cumuladas e a Igreja está ativa, cheia de vida”, descreveu. “Por isso, quando viajamos para a Europa, nos sentimos tristes ao ver as igrejas vazias. Às nossas vai muita gente, e em todas se celebram oito missas diárias nos dias festivos”.

Como fontes da crise religiosa do Ocidente, Dom Goh identificou o “domínio do racionalismo e da revolução industrial”, uma posição que gradualmente minou os valores próprios da cultura europeia. “Assim é como a Europa tornou-se racionalista, materialista e individualista. A religião ainda não pode ser explicada, é algo que vem do coração, é um encontro. Fé e razão não se contradizem, mas a Fé é maior do que a razão”, recordou. O racionalismo europeu contrasta com a identidade asiática, caráter sentimental e espiritual e com um sentido de “respeito pelo sagrado” que tem sido muito útil na evangelização. “Essa é a razão pela qual as religiões na Ásia são florescentes, o que nos leva a redescobrir nosso encontro com Cristo”, comentou. “No entanto, dado que Cingapura está submetida a uma forte influência ocidental, meu medo é que os nossos cidadãos tendam a ser demasiado ‘cerebrais'”.

Mons. Goh concluiu descrevendo a importância que para sua Arquidiocese tem a promoção dos retiros espirituais e as experiências de conversão. “Este é o fundamento da nossa Fé. Sem este encontro, se pode estudar toda a teologia que quiser, mas no coração das pessoas, não haverá mudança. A teologia é a Fé em busca de conhecimento, não é uma explicação da Fé”, afirmou. “É aí onde reside o fracasso da Europa, a qual contribuem também os escândalos e maus exemplos dos líderes religiosos. Tal como afirma o Papa Francisco, a renovação da Igreja passa através da renovação de seus pastores. Os fiéis querem esta mudança, em Cingapura tem ‘fome’ da Palavra de Deus. Precisamos de uma conversão dos corações que comece pela cúpula e chegue até a base”. (EPC)

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