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Papa Francisco: Crucifica-O! É o grito que pretende cancelar a compaixão

Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 26-03-2018, Gaudium Press) No domingo, 25/03, Domingo de Ramos, o Papa presidiu a Missa de Ramos e da Paixão de Cristo na Praça São Pedro com a presença de dezenas de milhares de pessoas, apesar do forte frio.

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O Papa usava paramentos ofertados por refugiados do Paquistão.

Antes da Santa Missa, no centro da Praça São Pedro, junto ao obelisco, o Papa Francisco abençoou os ramos de oliveiras e foi realizada a leitura do Evangelho de Marcos da narração da Paixão de Cristo.

Presença de Jovens

Uma grande parte dos fiéis era formada por jovens romanos que aderiram à celebração diocesana da XXXIII Jornada Mundial da Juventude que teve o tema:
“Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto a Deus” (Lc 1,30).

Após a celebração da Eucaristia, antes da Benção Apostólica, foram entregues ao Papa as conclusões da Reunião pré-Sinodal realizada nesta semana no Vaticano em preparação ao Sínodo dos Bispos de outubro próximo sobre a Juventude.

Alegria e sofrimento, erros e sucessos

Uma reflexão evocando os sentimentos contrastantes de discípulos e fariseus quando Jesus entra em Jerusalém, foi do que tratou Francisco em sua homilia:

“Nesta celebração, parecem cruzar-se histórias de alegria e sofrimento, de erros e sucessos que fazem parte da nossa vida diária como discípulos, porque consegue revelar sentimentos e contradições que hoje em dia, com frequência, aparecem também em nós, homens e mulheres deste tempo: capazes de amar muito… mas também de odiar (e muito!); capazes de sacrifícios heroicos mas também de saber ‘lavar-se as mãos’ no momento oportuno; capazes de fidelidade, mas também de grandes abandonos e traições”.

Alegria, incômodo, irritação

Na narração evangélica fica evidente que a alegria suscitada em alguns por Jesus é motivo de incômodo e irritação para outros.
A alegria é a de tantos pecadores perdoados que reencontraram ousadia e esperança; e o desconforto é o daqueles que que se consideram justos e ‘fiéis’ à lei e aos preceitos rituais:

” Como é difícil, para quem procura justificar-se e salvar-se a si mesmo, compreender a alegria e a festa da misericórdia de Deus! Como é difícil, para quantos confiam apenas nas suas próprias forças e se sentem superiores aos outros, poder compartilhar esta alegria! “

Crucifica-O! grito que pretende cancelar a compaixão

O Papa lembrou o grito ‘Crucifica-O!’ saído do meio do povo e que era a voz de quem manipula a realidade criando uma versão favorável a si próprio e não tem problemas em ‘tramar’ com outros para ele mesmo se ver livre.

Era o “grito de quem não tem escrúpulos em procurar os meios para reforçar a sua posição e silenciar as vozes dissonantes”.

É o grito de quem deseja defender a sua posição, desacreditando especialmente quem não se pode defender.

É o grito produzido pelas ‘intrigas’ da autossuficiência, do orgulho e da soberba, que proclama sem problemas: “crucifica-O, crucifica-O!”.

” É o grito que pretende cancelar a compaixão “

Mas, ressaltou o Pontífice, perante todas estas vozes que gritam, o melhor antídoto é olhar a cruz de Cristo e deixar-se interpelar pelo seu último grito.

Cristo morreu, proclamando seu amor por cada um de nós: por jovens e idosos, santos e pecadores, amor pelos do seu tempo e pelos do nosso tempo.

Dia Mundial da Juventude: jovens não se calem!

O domingo era o dia em que a Igreja, em cada diocese no mundo, celebrava sua Jornada da Juventude e o Papa, então, dirigiu-se aos jovens:

“Queridos jovens, a alegria que Jesus suscita em vós é, para alguns, motivo de irritação, porque um jovem alegre é difícil de manipular”.

” Calar os jovens é uma tentação que sempre existiu “

“Há muitas maneiras de tornar os jovens silenciosos e invisíveis; muitas maneiras de os anestesiar e adormecer para que não façam ‘barulho’, para que não se interroguem nem ponham em discussão. Há muitas maneiras de os fazer estar tranquilos, para que não se envolvam, e os seus sonhos percam altura tornando-se fantastiquices rasteiras, mesquinhas, tristes.

Neste Domingo de Ramos, em que celebramos o Dia Mundial da Juventude, faz-nos bem ouvir a resposta de Jesus aos fariseus de ontem e de todos os tempos: ‘Se eles se calarem, gritarão as pedras’ (Lc 19, 40).

“Cabe a vós não ficar calados. Se os outros calam, se nós, idosos e responsáveis – muitas vezes corruptos – silenciamos, se o mundo se cala e perde a alegria, pergunto-vos: vós gritareis? Por favor, decidi-vos antes que gritem as pedras…”. (JSG)

(Da Redação Gaudium Press, com informações Vatican News)

 

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